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Michell Foitte

michell_foittehotmail.com

Psicólogo Clínico Gestalt-terapeuta

CRP 12/07911


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Acampamento

Quinta, 25 de fevereiro de 2016

Eram amigos de longa data. Conheceram-se no colégio, outros eram amigos da mesma rua que foram agregando outros amigos. Outros nem eram tão amigos, mas como eram amigos dos amigos acabaram se tornando amigos também.

Eram quinze amigos, o que é bom, pois dava dois times de futebol de sete e ainda se tinha um árbitro.

Sempre acampavam duas vezes por ano. Uma vez no inverno e outro no verão. Há anos fazem a mesma coisa. No início era ir no sábado e voltar no domingo quando já tinham finalizados os dez engradados de cerveja e vinte quilos de carne e duzentos pães e mais não sabem dizer quantos vidros de pepinos em conserva, “é somente estatística” diziam. 

E cada ano ficava mais e mais animado os acampamentos. Não sabiam se era por conta do consumo de cerveja que aumentava, e justificavam que o calor provocado pelo El Niño e os efeitos do derretimento das calotas polares davam aquela sensação de verão no inverno e de inferno no verão e por isso era necessário se hidratar, uma questão de saúde. Ou ficava mais animado pelo simples fato de que as coisas secundárias como trabalho, ser pai, marido, amante, era apenas coisas secundárias mesmo.

Cinco anos atrás, Mauro que é um dos amigos falou: “Vou ficar mais um dia aqui.” Apenas pediu que deixassem uma caixa de fósforos e um engradado de cerveja. Acabou ficando uma semana.

Dois anos passados lá estavam os amigos novamente. Mauro que fora sempre um revolucionário declarou:

– Vou ficar aqui até o acampamento de verão!

Os amigos se olharam.

– Como assim até o acampamento de verão?

– Não vou mais embora, vou ficar aqui até o próximo acampamento.

– Mas como? Vai hibernar no inverno e acordar no verão? E se um novo plano econômico acontecer? Se uma nova moeda aparecer... Sei lá, tipo o “i-Real”, um cataclismo, vai que...

– Não vou mais sair daqui. Se vocês quiserem podem me trazer alguns mantimentos, caso não queiram estará tudo bem, mas eu fico!

De princípio os amigos não acharam uma ideia muito interessante, pois seriam explicações demais que teriam que dar para a família do Mauro, talvez até inventar uma viagem de negócios que surgiu justo quando eles acampavam ou que o amigo havia sido desintegrado pela passagem de um asteróide que liberou energia na atmosfera, efeito parecido ocorrido em Tunguska.

– Você não vai mesmo embora Mauro?

– Não.

Então o “Gaudo”, também conhecido como “fofinho”, disse:

– Já que é assim eu também ficarei!

Uma salva de palmas foi dada seguida por urros de ritual de combate... Não era bem isso mas, serve para explicar.

Os amigos fizeram um pacto de amizade. Jamais abandonariam outro amigo. Passariam o resto da vida acampados, como os nômades do Saara. Ficariam tomando cerveja e batendo papo que estava há cada acampamento melhor.

 

* * *

 Os amigos estão acampados até hoje. As mulheres, os filhos, parentes, até que tentaram persuadi-los dessa ideia de acampamento, porém, não alcançaram sucesso em dissuadi-los.

Esta cada vez mais difícil tirá-los de lá, do contato com a natureza, do acampamento, justo porque os amigos tornaram-se autossuficientes, já estão plantando e colhendo o próprio alimento e incrivelmente estão produzindo uma variedade considerável de cerveja. E o papo... Ah o papo... Está cada vez mais divertido!



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