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Michell Foitte

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Psicólogo Clínico Gestalt-terapeuta

CRP 12/07911


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Hoje ou amanhã?

Quinta, 03 de dezembro de 2015

Hoje ou amanhã?

Todo pai e mãe (imagino quase generalizando, pois, não sou pai ainda, mas, tenho o desejo de um dia ser, e, também porque convivo com várias pessoas que são) indubitavelmente farão essa pergunta ao seu filho:

– Filho (ou Filha)... O que você quer ser quando crescer?

Na antecipação da resposta como alívio aos pais, não pode caber nada menos que um título respeitável, que será emoldurado e dependurado por um parafuso rijo, tudo para não se desprender da parede.

Essa pergunta cabe quando as crianças são saudáveis e provem de certa condição que as favorece, por assim dizer. Nesse sentido, os pais vislumbram um horizonte de futuros alargado, extenso, possibilitam conjeturarem as pretensões de seus filhos se tornarem algo.

Contudo, não raramente, o destino torna-se invertido e as demais coisas encurtadas se, por ventura, nosso filho sofresse de alguma enfermidade, de alguma doença grave. Quando em várias ocasiões a ideia é de que a doença encurtará nossa vida ou de que ela acabará de fato com nossa vida.

Nesse contexto, bastaria pensarmos se existiria a mesma pergunta... “o que você vai ser quando crescer?”. Provavelmente a pergunta não existiria. E o futuro seria algo muito distante. A glorificação de um título rotular seria das importâncias a menor, a mais ínfima das preocupações, porque essa criança, de repente, não consiga chegar até o amanhã para se tornar alguma coisa.

E o que esse pai e essa mãe poderiam dizer? Quem sabe: “Meu filho talvez não se torne algo, mas, meu filho já é alguém.”   

E como seu futuro é apenas um presente, tanto no modo verbal quanto como uma dádiva, o máximo de alongamento, extensão, que esses pais poderiam chegar seria mais ou menos pensar ou dizer ao seu filho o seguinte: “Se nessa semana não tivermos nenhum contratempo, iremos todos pedalar e empinar pipa no final de semana.”

São dois olhares para como dirigimos nossa atenção para os nossos filhos, para as nossas crianças. A primeira como um questionamento que não nos questionamos a fundo o porquê do seu uso... “o que você que ser...” mais parece a colocação de algo no altar do sacrifício, quando o que impera na verdade é um desejo nosso, dos pais, dos adultos. E a segunda é um olhar do simplesmente hoje. Hoje meu filho já é alguém, pois, o amanhã eu não sei.

Faz-me lembrar um comentário de um famoso chef de cozinha ao dizer: “Um chef é reconhecido pela simplicidade da sua comida.” É nessa simplicidade que se descobre cada sabor colocado à refeição. O sabor colocado em cada tempero.

Coincidentemente, a etimologia da palavra sabor, no seu radical ou raiz ou origem, sabor e saber são usados no mesmo sentido. Saber é sentir o sabor. Quando eu como algo, estou levando à boca a refeição que será engolida. Quando eu sei algo importante eu estou importando, introjetando aquilo que eu farei daquele algo de um sabor, de um saber.

Voltando às formas de olhar as crianças, os filhos. Poderíamos pensar se tivéssemos a sensibilidade do sabor das coisas que, no primeiro olhar, tendo um horizonte de futuros longo, a pergunta seria: “Qual é mesmo o nome do produto de consumo em série que você gostaria de se tornar, meu filho?” E o segundo olhar, impossibilitado de fazer a pergunta, seria algo assim: “Meu filho, no final de semana, você, sua mãe e seu pai, sairemos para simplesmente brincar juntos.”

A felicidade de toda sorte é um saber. É preciso colocar nela sabores. Olhe para seu filho, saboreie a felicidade do hoje... Pois o amanhã... Eu não sei.



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