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Michell Foitte

michell_foittehotmail.com

Psicólogo Clínico Gestalt-terapeuta

CRP 12/07911


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Patrieida

Quinta, 05 de novembro de 2015

 

Fazia tempo que agonizava. Visível era a magreza em seu rosto.

Pobre velho – diziam alguns. Padeceria o jovem  rico? – questionavam outros.

Ninguém ao certo sabia a sua idade, suas riquezas, seu inventário, seu testamento. Sua biografia. No seu registro civil tinha 514 anos e talvez não alcançasse os 515.

Alguns chauffeurs já adiantavam as provisões, tudo para que a morte não os apanha-se de surpresa.

Rodeavam-lhe o leito seus inúmeros irmãos: Paraguai, Argentina, Uruguai, Chile...

Porém, ninguém falava. Era um silêncio de inquietação. Comichões rondavam os pensamentos dos consanguíneos:  E agora o que será de nós quando o nosso grande irmão se for?

A ventura é o termo de todos, consequência de toda uma vida. Cataclismas, as imigrações, o deslocamento da capital do litoral para a central, as inúmeras crenças, as glórias, as derrotas. Tudo eram agora um falso sorriso angustiado e pálido, com moribundas deturpações de ideias e sentimentos que estavam se desmoronando.

Penoso era aquele sofrimento. Talvez o seu futuro próximo fosse apenas um dissabor, um lamento por ter sido tão acolhedor com todos, e, por isso mesmo jamais pode cuidar si mesmo.

Alguém que lá estava se pronunciou a ver aquela agonia.

– Chamem o pai e mãe dele para que possam se despedir do seu filho.

Mas quem foram os seus pais?

Os portugueses? Os espanhóis? Os índios?

Ninguém soube precisar a resposta.

Então chamem os filhos! – exprimiu uma voz compadecida.

Mas todos os seus filhos, um a um, como um devaneio, um sonho esquecido, como as fantasias e paixões da tenra idade, um a um, foram abandonando o seu pai.

Nenhum dos seus filhos estava lá para jogar-lhe flores quando o féretro baixaria para a cova funda e negra. Nenhum dos seus filhos lá se encontrava para dar um último sorriso.

Seria uma despedida solitária, pois, os seus algozes, os seus assassinos são os sucessores que lhe tinham a mesma carne. Dizia assim o alvitre da morte.

Um último suspiro. E corajosamente foi para Deus... Quem sabe seu verdadeiro pai.

Sem verniz as faces plácidas. Sem verniz de vaidade em brados retumbantes.

O funeral prosseguiu carregando aquele gigante sobre um dia de sol da liberdade, em raios fulgidos. De amor e esperança à terra desce, do solo que és mãe e pai gentil estaria deitado eternamente em berço esplendido e quem sabe seria iluminado ao sol de um novo mundo. E do futuro que espelharia uma grandeza, seria apenas glória de um passado. Dos filhos que um dia pisaram neste solo, veria se estivesse vivo, que teus filhos fugiram da luta.




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