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Michell Foitte

michell_foittehotmail.com

Psicólogo Clínico Gestalt-terapeuta

CRP 12/07911


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Braguilha

Quarta, 16 de dezembro de 2015

Tudo faz sentido nos momentos de grandes apertos. Quando se está diante de um grande apuro, de uma catástrofe... É quando tudo faz sentido. É nessas ocasiões que se consegue refletir e não refletir ao mesmo tempo, deliberação e instinto em frações de segundos. Ações e lembranças.

“Como eu consegui – nosso personagem está recordando – um dia subir naquele muro... Naquele muro alto que separou a minha vida dos dentes do pastor alemão Milie? Afinal, quem colocaria o nome de Milie em um pastor alemão? Deixa para lá, pois, também, eu sempre achei que a Lassie era fêmea...”

“Começo a pensar em ferramentas... – nosso personagem está num daqueles momentos onde tudo faz sentido – Chaves de fenda, mandril, morsa, chave inglesa, grosa, pinadeiras, alicates, serra-fita, parafusos, porcas... – E nada dele conseguir abrir aquela maldita braguilha –... Quanto tempo faz... Lembro daquele carrinho de rolamento com assento roubado de uma das cadeiras da sala de jantar lá de casa, que carrinho, que aerodinâmica.”

“Quantas idas à farmácia para a fabricação de pólvora caseira? Sorte ser católico, pois, se fôssemos muçulmanos estaríamos detidos naquela época. Uma luta feroz com a braguilha continuava, como uma luta entre um pescador e o seu peixe, um gingado de mãos como um lutador de Box. “Lembro do vulcão de barro feito artesanalmente para a feira de ciências do ano 1992, que explodiu no rosto de um dos alunos, deixando ele com apenas uma das sobrancelhas, como era mesmo o nome dele?... “Mas que droga essa braguilhaa que não abre.”

Começava a suar frio. “Quem sabe a urina também não saia pelos poros junto com o suor?”

Tudo fazia sentido. A vida é um grande apuro. Uma incerteza constante. Portas que se abrem... Braguilhas que se fecham.

“Lembro do MacGyver desmontando bombas. Da música do ursinho pimpão “vem meu ursinho querido, meu companheirinho ursinho pimpão, pimpão... Olho para os lados com ar de desespero e nada serve para abrir a calça.” Tudo fazia sentido. “Lembro da primeira vez que tentei abrir um sutiã, da sensação que seria necessário ter mais de duas mãos para aquilo se soltar. Passou pela cabeça uma espécie de ratoeira, uma armadilha para pegar ursos, ou de que do nada aquilo fosse se romper e uma das alças acertarem o meu olho, quem sabe até arrancar uma das minhas sobrancelhas... Caramba... Lembrei o nome do menino do vulcão em erupção, Fabrício, o monocelha. Ah, se o MacGyver lá estivesse... Aposto que ele desarmaria aquele sutiã e ainda transformaria em uma espécie de catapulta.”

“Vai braguilha, vai braguilha... Invejo a Sharon Stone naquela cruzada de pernas em Instinto Selvagem, quanto desprendimento.”

“Abridor de latas, saca rolha, desentupidor de pias, óleo lubrificante, WD-40, espada de sabre de guerra nas estrelas, o chapéu do Indiana Jones, Senna correndo na chuva... Não, não, chuva não, também não posso pensar em água, líquidos... A bexiga vai explodir.”

“A Sharon Stone sabia que o bom da vida é a simplicidade, nada de calça, braguilhas, calcinha.”

 “Tesouras, facões, foice, estilingue, espingarda de pressão, colete salva-vidas... Não pense em água... Se concentra em outra coisa!... Ah Júlia... Foi pela Júlia que bati o recorde de velocidade em se tirar uma calça... Também foi pelo pai de Júlia que bati o recorde de velocidade de se vestir uma calça antes de ele me bater. Júlia... Ah Júlia... Foi com ela a primeira mulher com que tomei banho de chuva, de mar, de piscina, de chuveiro, de mangueira... Foi com ela a primeira mulher com que tomei banho de banheira... E Fagner... Fagner? O que diabos você está fazendo em meus pensamentos? “... Quem dera ser um peixe, para em teu límpido aquário mergulhar, fazer borbulhas de amor pra te encantar, passar a noite em claro, dentro de ti...”.

Era preciso realmente pensar em outras coisas além da braguilha, tudo para desviar a atenção da bexiga impossibilitada de fazer o que veio ao mundo, mas precisava pensar em Fagner?

“Cavalos marinhos, estrelas do mar, ostras, siriguejo, bob esponja, tatuis, boto cor de rosa, elefantes marinhos, a pequena sereia, nemo, atlantis, tubarão, poseidon, free willy, flipper... Sim... Tudo faz sentido... Arrrr Braguilha que não se abre... Somo seres líquidos... O planeta terra tem trinta por cento de terra e os outros setenta são água. Quando nascemos somos setenta por cento líquido e apenas trinta por cento de partes sólidas. O ventre materno, aquela coisa que boiamos lá dentro. Evoluímos do mar, da coisa líquida, de lá viemos. Deve ser por isso que beber cerveja é tão prazeroso, é liquido, espumante, como as ondas dos oceanos. Deve ser por isso que fazer xixi no mar é tão bom, pois, estamos urinando naquilo que é nosso.”

“Peixe, água, banheira, braguilha... Tudo faz sentido quando se está em apuros. É matar ou morrer

“Urinar-se deve de ser terapêutico, é quase um retorno ao lar, um reencontro consigo. Poderia dizer que foi um acidente, braguilha... Que foi como o vulcão da feira de ciências, como o Dilúvio, as águas de março, Moby Dick, Tsunamis. Poderia processar a empresa que fabricou a braguilha e no fim descobriria que é a mesma que faz aqueles sutiãs intransponíveis. Penso se os homens bombas tivessem de detonar os explosivos apenas quando conseguissem abrir os feixes das calças... Ou se há época da frase “crescei e multiplicai-vos...” o homem e a mulher estivessem de calças com braguilhas emperradas. Agora já é tarde, pois, acabei de me urinar.”  



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