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Michell Foitte

michell_foittehotmail.com

Psicólogo Clínico Gestalt-terapeuta

CRP 12/07911


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As frestas do tempo

Quinta, 24 de setembro de 2015

 

Como medir a passagem do tempo?

Quem sabe pelo tic-tác tic-tác do relógio... Ou pelo dia que vem agraciando a noite e vice-versa. Da passagem crepuscular às primeiras estrelas... Além da escuridão do céu?

O tempo é como a separação silábica: tem-po, um hífen cravado no afastamento do tempo-espaço. Ou, talvez, hipotetizando de forma mais carinhosa e poética: Tem pó.

O tempo é mais ou menos isso, um pó. Grãos de areia que rolam pela orla de uma praia. Tempo é medição ondular das marés. A interferência da lua ao regurgitar das ondas do mar.

A tempestade destes grãos dentro de uma ampulheta, que em seus vértices fundidos deixam-se navegar os desertos e escorrer um fino fio de areia. E, quando o receptáculo inferior se encher... Inverte-se o frasco, e o tempo... Ah, o tempo... Começa outra vez. 

Sobre o tempo, dizem algumas pessoas: carrasco! Outros dizem: o melhor amigo.

Talvez não se chegue a um consenso... Bom que assim seja, pois, esta é uma das virtudes humanas... Não colocar um ponto final, mas, vírgulas (,,,) ou três pontos(...), simbolizando a atemporalidade das coisas, a continuidade...

Tempo é reinvenção.

É o verdejar das Cinamomas em cada primavera. O crescer dos seios no corpo das meninas. O desenrolar da voz agudo-grave para com os meninos. A espera de nove meses e mais uma criança nascerá.

Tempo é completar 18 anos para obter a licença para se dirigir. O tempo marcado na parede pelos prisioneiros que enfileiram risquinhos dia após dia à espera da liberdade. O tempo que risca a face em sulcos. 

Como medir um tempo que antes parecia ser mais extenso, caudaloso?

Da cauda do Halley que passará por nós só em 2061, isso se nada atrasá-lo. De nós que estamos fazendo as contas se estaremos ainda por aqui. De nós que estamos pensando: quanto tempo até lá?

Que tempo é esse que não encontramos mais tempo?

Será que se fosse aos dias atuais Noé esperaria até o último bicho entrar na arca ou fecharia as portas antes de baixar as primeiras mensagens no WhatsApp?

O que fizeram as pessoas quando as cortinas de ferro se instalaram por 28 anos e separaram em dois uma mesma cidade? Da espera interminável dos pais, dos filhos, esposas, esposos, irmãos, por aqueles que jamais regressariam do violento período do estado totalitário no Brasil?

Esse é o tempo que em que nada se apaga. A existência das cicatrizes psicológicas.

Três pontinhos... A continuidade. Um tempo sem ponto final.

Quanto tempo perdemos contemplando um muro, a sua altura, sua fortificação, sua ideia de separar algo? Quando o que realmente deveríamos fazer é questionarmos: Posso pulá-lo? Devo pulá-lo?... Ou simplesmente: Pulei! Fui Para que um tempo de desunião jamais se repita.

Viremos então à ampulheta do nosso tempo próprio, para que o fino fio de areia escorra em direção de uma nova história, de um novo tempo. Um novo tempo passando pelas frestas do nosso próprio tempo.



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