PRATA DA CASA - Mário César Pacheco (Continuação)

8. Primeiras atividades no Sesi
Seu grande desejo era trabalhar com o povo, mas o serviço que lhe deram não era bem esse. Mas César logo entendeu que na vida, para progredir e se conseguir o que se quer, é preciso unir-se ao irmão tempo, que, lentamente, tudo pode resolver - e à irmã paciência, que, enquanto espera, age. E foi o que ele fez, com todo afinco, cuidado e capricho.

O Sesi de Canelinha era composto de duas dependências distintas, a loja propriamente dita e o depósito, distantes, mais ou menos, cinquenta metros um do outro. O serviço do César era no depósito, onde havia pouco contato com pessoas. Trabalhava no recebimento de cargas, ou seja, descarregar caminhões. Eram sacos, quase todos, de 60 quilos. Era, ainda, tudo a granel. Outra atividade sua era abastecer a loja que vendia o produto aos fregueses e isso ele fazia carregando às costas os sacos do depósito até a loja, aproximadamente 50 metros.

Sempre procurou, e fez, tudo com muita responsabilidade. Cristo lhe diria: "Foste fiel no pouco, sobre muito serás colocado". Nunca parou de estudar e como trabalhava de dia, o fazia à noite. Esforçava-se para ser um exemplo de bom aluno e o conseguiu em todos os estágios de sua vida estudantil.

Após um ano de intensa atividade foi promovido. Passou a trabalhar na loja, atendendo diretamente os fregueses. É o que ele tanto queria, desde sempre. Sua alegria foi imensa. Valeu a pena esperar. Deus tarda, mas não falha. Contudo, um problema: seu pai ficou muito preocupado. Não é que ele duvidasse de seu filho, mas o achava muito novo para tamanha responsabilidade. O pai, então, passou a orientá-lo bem, como sempre o fazia com muito amor, carinho e grande responsabilidade.

9. César gerente do Sesi
Ficou na loja como balconista durante seis meses. A gerente do Sesi de Canelinhas casou e saiu do Sesi. Pediram para o Mário César Pacheco aceitar a gerência. César vibrou de alegria. Desde sempre aprendeu a exercer com toda dignidade suas funções e jamais correr de uma nova oportunidade. Mas é aí que o pai dele se apavorou duma vez. Só após muito e bem falar é que o filho conseguiu a aprovação do pai, que o achava muito novo para tão grande tarefa e passou a orientá-lo - e ajudá-lo mais ainda.

O já conhecido "Polaco", verdadeiro líder local, vendo o eficiente trabalho que o Sesi local desenvolvia, conseguiu que se construísse, em Canelinha, um grande supermercado do Sesi. Grande e moderno para aquela época. Eram trezentos metros quadrados com frigorífico e tudo mais o que de modernidade em loja se podia pensar naquele tempo.

Mário César Pacheco ali foi gerente por quatro anos. O seu pai, muito contente com o sucesso do filho, o ajudava em tudo que podia. Geralmente os caminhões, trazendo novas mercadorias, vinham à noite na hora de fechar o expediente. César, por vezes, chegava até mesmo a faltar às aulas, o que lhe era sumamente desagradável, mas seu pai, sempre presente, saía de seu serviço, no final da jornada, do DER, e vinha ajudar na descarga até altas horas da noite, sem nada receber em troca. Era o prazer de ajudar seu filho e ver que com ele tudo ia às mil maravilhas.

Mário César Pacheco estava muito feliz, mas não há rosas sem espinhos e alguns deles machucam muito e até profundamente. Seu pai ficou gravemente enfermo. César gostava muito dele e felizmente o conseguiu levar aos melhores médicos conhecidos que tudo fizeram por ele, mas a doença cruel o levou à morte. César sofreu muito com isso e o marcou atrozmente e até hoje ainda o sente. Mas a vida continua e cada qual tem nela um papel a cumprir, como seu pai cumpriu o dele.

10. César até taxista foi (Continua próxima edição)