Prata da Casa - Nelson Tascheck

Andando pelas ruas de São Bento, fui convidado por Nelson Tascheck para ver uma das maravilhas desconhecidas pela grandíssima maioria dos são-bentenses - por estar aonde está, poucos podem conhecê-la. É simplesmente um tannenbaum, popular pinheiro alemão ou pinheirinho de Natal, cuja muda deve ter sido trazido pelos imigrantes, os Kumkel, que eram os primeiros donos do terreno. Também ali ainda se encontra um pé da flor chamada camélia, que se originou de uma rama florida que compunha o buquê da noiva quando o casal Kumkel casou.

O tannenbaum têm um tronco que mede três metros e quarenta centímetros de circunferência e fica na propriedade de Serena Tascheck. A copa dessa árvore já foi, várias vezes, cortada por bombeiros, pois, de verve vital, ela ficaria muito alta e os donos da casa têm medo que numa tormenta ela poderia tombar sobre a casa, mas mesmo assim sua altura é grande e mostra enorme vitalidade.

Tronco do tannenbaum (Foto Rafaela Kormann)

Na mesma propriedade existe ainda um paiol construído em 1927. Estava coberto pelas célebres tabuinhas lascadas que inicialmente cobriam quase todas, senão todas, primeiras construções da vasta região planaltina dos grande pinheirais . Deste paiol as tabuinhas já foram substituídas por telhas. Ali também ainda se encontra uma casa construída em alvenaria em 1936.

Tudo isso nos leva a pensar em como os primeiros imigrantes conseguiam tudo aquilo que na incipiente lavoura precisavam, como mudas de todas as espécies, sementes, animais e ferramentas. Existe a história das primeiras duas vacas que foram buscadas em Mafra e tangidas até São Bento do Sul com bezerro recém-nascido e passando por todos os rios e mata fechada.

Quem será e como trouxe o primeiro enxame de abelhas? Como vieram todos os outros animais domésticos? Qual era o enorme valor que em virtude disso obtinham? É uma verdadeira epopeia que alguns fizeram, mas não registraram. Sabe-se, por exemplo, que o primeiro porco de Guabiruba, região de Brusque, foi trazido às costas do Porto de Itajaí, por Brusque, até Guabiruba, mas quanto incômodo isso causou ao solitário transportador pela mata e quanta sujeira o porco deve ter-lhe feito pelas costas ao longo da viagem? Era a vida dos primeiros tempos.