Dr. José Kormann (Histórias da História)
Historiador
Eliana trabalhou em sua terra natal até meados de 1977. Após esse período ela efetivou-se na Escola Estadual Luiz Bernardo Olsen de Volta Grande em Rio Negrinho. Nesta escola, como nas duas anteriores em que trabalhou, os alunos eram simplesmente fantásticos, atentos, dóceis, amigos e muito participativos. Nas escolas tudo era precário, mas a vontade de aprender superava a precariedade da época. Os boletins, as fichas descritivas de cada aluno e por disciplina eram todas manuscritas. A tais fichas cumulativas nas quais se registravam todas as notas e se finalizava com a média final, eram uma tortura. Por tratar-se de documento, não podia conter rasuras - e quando estas ocorriam, geralmente próximo do término do trabalho, elas eram inutilizadas e outra era feita. Não havia a facilidade do computador. Tudo era manuscrito. Trabalhava-se muito e reclamava-se pouco.
Em Volta Grande, por tratar-se de uma escola maior, as atividades extra-classe faziam sucesso. Gincanas com participação da escola e da comunidade inteira que culminavam com uma grande festa, que era sempre o ponto alto de um grande projeto dos pais, alunos e professores, no qual se envolviam todos e todos ganhavam com isso.
Mas também foi nesta escola que Eliana encontrou, pela primeira vez, um verdadeiro abuso de poder da diretora, que sempre queria impor seus métodos de ensino e que via maldade onde não existia. Foi por conta deste comportamento intransigente e de cruel perseguição a uma amiga de Eliana que, após um curto período de atuação nesta escola, ela resolveu, por um ato solidário à perseguida, exonerar-se do cargo de professora.
Com isso sua promissora carreira de professora ficou complicada. Foi muito triste aquele dia da fatídica decisão. Ela se lembra da sua querida turma da segunda série, daqueles excelentes alunos que ela teve de abandonar. Choravam alunos e chorava a professora. Foi muito difícil explicar a razão desse ato. Como as crianças poderiam entender que os adultos perderam a inocência e agora são cruéis, intransigentes e prepotentes.
Surgiu um novo desafio. Dizem que quando Deus fecha uma porta é porque ele quer abrir outra melhor. Ela e sua amiga rumaram a São Bento do Sul em busca de novas oportunidades. Foram decepcionadas e muito frustradas. Resolveram procurar trabalho em empresa privada.
Sua amiga conhecia este colunista, que, na época, trabalhava na empresa Oxford S/A Indústria e Comércio e foi quem proporcionou a oportunidade do novo emprego. A recebeu e a encaminhei.
Sem experiência nenhuma e por conta de um pequeno treinamento, ela iniciou suas atividades laborais como inspetora de qualidade. Que barbaridade! Sem experiência, apesar de se sair bem no trabalho, frustrada pela experiência negativa em sua amada profissão de mestra, sentindo-se incompetente na profissão que exercia na fábrica, tratou de buscar uma nova oportunidade naquilo que tão bem dominava: dar aula. Foi quando, antes de iniciar um novo turno de trabalho, aguardando nas proximidades de empresa, ela viu alunos e deles ouviu comentários que estavam sem aula por falta de professor.
Não duvidou. Procurou entrar em contato com o diretor da escola Celso Ramos Filho, Jurandir Roberge. Foi calorosamente recebida por ele e por sua esposa, a sempre lembrada dona Dora.