Dr. José Kormann (Histórias da História)
Historiador
Uma churrascada que virou em choros convulsivos e fortes abraços
Dionísio pilotando a churrasqueira (Foto Divulgação) Dionísio, segundo ele mesmo diz, tem como hobby predileto pilotar a churrasqueira - e nisso não nega sua origem gaúcha. Mas vejam só o que aconteceu na garagem de sua residência, exatamente durante uma dessas pilotagens em sua própria churrasqueira. Eis o que pode aprontar o subconsciente, especialmente quando correspondido. Nada é por acaso. Tudo tem sua razão de ser. Sempre há causas que produzem seus efeitos correspondentes.
Dionísio tinha, então, um vizinho de apelido "Bombacha". Isso porque ele ia a rodeios e gostava dessa lida. A esposa de vizinho é professora. Mesma profissão do Dionísio. Por ocasião de um Natal, Dionísio resolveu convidar o Bombacha e sua família para juntos comemorarem a festa-mor da Cristandade. Até lá tinham sido meros vizinhos sem um relacionamento maior. Esse fato passou a se repetir e, com isso, a amizade a se estreitar. Em cada novo encontro e troca de favores, o Bombacha fala de um seu amigo, simplesmente conhecido por Moura e que tinha muito amor às tradições gaúchas e que, com boa aparelhagem, participava com seu filho de todos os rodeios da região.
Como Dionísio também gosta de tudo o que de bom cheira a Rio Grande do Sul, pegou o telefone do Moura e numa nova churrascada na casa dele, telefonou ao Moura dizendo-lhe que o Bombacha, seu amigo que tanto fala dele, viria churrasquear em sua casa e que ele, o Dionísio, gostaria da presença dele, de sua esposa e filho em sua casa para saborear um bom churrasco.
O Moura, que não conhecia pessoalmente o Dionísio, a não ser por palavras elogiosas do amigo Bombacha, achou muito curioso o seguinte fato: em todos os rodeios ele sempre participava na companhia de seu filho; mas naquele domingo havia um grande e espetacular rodeio na Fazenda Rio Grande, próximo a Curitiba, mas ele não foi. Foi o filho e o pai, sem razão clara, dessa vez não quis ir. Foi, portanto, à casa do Dionísio e lá até chegou antes mesmo do vizinho deste, o Seu Bombacha com esposa e filho.
Os homens ao redor da churrasqueira, conversando, bebericando e ouvindo músicas gaúchas. As mulheres, mais nos fundos da garagem, sentadas e, igualmente, trocando ideias enquanto as crianças se entretinham com suas próprias atividades específicas. Mas o inesperado aconteceu. Num espanto para todos, a esposa do Moura levantou-se estática e começou a chorar alto e mesmo a gritar. Todos, aparvalhados, sem saber o que acontecia, olharam assustados sem nada fazer, quando então a viram agarrar e apertar contra si a Giseli, esposa do Dionísio, e gritar alto: “Você é minha irmã que há 32 anos estou procurando, sem saber onde você estava”.
Como foi que isso veio a se dar dessa forma? (Continua próxima edição)