Dia da mulher e a divindade do feminino

Presenciamos nessa semana a comemoração do dia da mulher, mais uma reivindicação e luta, que comemoração. Com tantas mulheres lutando na história, seja por serem vistas como seres humanos e não coisas, como às vezes eram tratadas em Roma e Grécia antigas, seja através de uma superação daquela que deveria cuidar da prole, para seu esposo ir caçar, como vê certa parcela da antropologia, ou seja daquela que tem inveja de certo atributo masculino, como observou a psicanálise com Freud. A mulher luta ainda contra a violência que sofre. A mulher é mais do que isso. Ela é divina. E havia tantas mulheres na história que foram esquecidas ou sua mensagem posta de lado. Vejamos.

Segundo a Bíblia, Deus criou a humanidade macho e fêmea. Isso se deu porque esta humanidade guardava uma semelhança com Deus. Mas Deus é assim também Deusa. Ou como já vi em texto de Cabala, estudo místico judaico, ele-ela. É Deusa. Mas mesmo se vendo esse grande Criador ou essência primeira como Espírito, não se pode negar em potencialidade a porção feminina ou yin desse Ser. Começa por Eva, que não é uma vilã, e que simboliza antes a Vontade da humanidade, sua companheira, do que uma mulher. A linguagem de Adão e Eva é mitológica. Pois não vemos serpentes conversando. Outra que deve ser lembrada é Maria Madalena, que pode ter sido esposa de Jesus, ou pelo menos uma discípula muito dedicada, tão fiel que o acompanhou até sua crucificação, momento em que outros discípulos parecem ter abandonado, apesar dos Evangelhos verem muita fidelidade desses discípulos homens. Paulo veio depois, não conheceu Jesus, e não gostava de mulheres.

Vemos ainda a divindade do feminino em Maria, mãe de Jesus. Apesar das várias críticas por parte de cristãos não católicos, fato é que em cristianismo primitivo já se admirava e venerava Maria. Maria levava até Jesus ou até Deus, não era substituta de Deus. Assim não cabe acusar os católicos de idólatras, uma vez que próprios judeus veneravam seus patriarcas, objetos como a arca da aliança, etc. Mas a Deusa está nas águas, onde o Espírito de Deus pairava. E grandes mulheres existiram ao longo da história, e existem mesmo hoje, lutando por sua humanidade, por sede de amor, por sua natureza acolhedora e de compaixão, por sua sensibilidade, por suas qualidades infinitas. Condenadas noutros tempos como bruxas, ou por motivos mais do que duvidosos, acabou que resta a memória dessas mártires.

Mas a mulher nos dias presentes superou todas as expectativas masculinas. O homem já não acompanha o avanço feminino. Por isso vivemos uma Nova Era, onde a verdade supera antigas visões de mundo. A verdade é a realidade. Resta assim admirar essa divindade feminina, a amar. Lembrar de mulheres como Nefertiti no Egito, Blavatsky, Hildegarde, Joana D’Arc, Madre Tereza e tantas outras, tantas conhecidas ou desconhecidas, que nos vêm ensinando e vivendo a superação daquela visão que põe de lado a mulher. Ainda a mulher tem menos postos de liderança, ganha menor salário, apesar de ter formação acadêmica superior aos homens. As mulheres lotam as universidades. A inclusão continua. Esse mês e esse dia apenas lembram essa divindade que nos fez nascer nesse plano de existência. E não foi por engano que se disse que bendito é o fruto dentre as mulheres. Cada dia deve ser comemorado, e a mulher compreendida. Esse tempo colocará cada vez mais mulheres em destaque, e isso é fatal nessa energia que nos envolve, para a liberdade e libertação.  Parabéns as mulheres, não apenas por seu dia, ou mês, mas pela sua Era, pelos milênios a que devem obter cada vez mais sua influência.