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José Kormann, Dr. (Histórias da História)


Dr. José Kormann (Histórias da História)

Historiador


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Prata da Casa - Eliana Kerecz Grahl (continuação)

Segunda, 07 de março de 2011

Tudo nesta vida era trabalho, muito trabalho; mas tudo era também muito lindo. O pai tinha a dupla profissão: era excelente ferreiro para toda circunvizinhança, mas também eficiente agricultor, e a mãe era professora na escola local, mas também renomada costureira que confeccionava até ternos e vestidos de noiva. Todos trabalhavam com os pais tanto na ferraria quanto na lavoura ou no amanho da casa. Trabalho só traz alegria, muito prazer e saúde. A ociosidade é que faz mal e cria a delinquência. Precisamos voltar, hoje, à terapia ou à pedagogia ocupacional.

A época da colheita do trigo e da erva mate era sempre uma festa. Geralmente várias famílias de agricultores se uniam para estas tarefas. O sapeco da erva mate, até altas horas da noite, era muito bom para toda criançada que, além da festa, já trazia à lembrança o lindo Natal que se aproximava e as tão esperadas férias escolares. Enquanto os pais sapecavam a erva e faziam os fardos para posteriormente os secar em carijós, os pequenos filhos dos trabalhadores formavam um grande grupo e brincavam por entre as árvores, num pasto onde circulavam as vacas e cavalos que gostavam da proximidade do fogo e das pessoas.

Quantas vezes os pais levavam a Eliana e seus irmãos para junto deles ao local da lavoura naqueles dias quente de verão. As crianças eram protegidas à sombra das grandes árvores ou cabanas que eles montavam. Geralmente eram dias terríveis para Eliana. Ela era a maior ficava responsável pelos menores. O dia ardente que não passava, a sede, as butucas que picavam, os pequenos irrequietos que choramingavam muito e ela com a tarefa de acomodá-los até à hora de ir para casa a fim de repousar.

Quando já maiores, as crianças ficavam em casa, mas a Eliana sempre cabia a difícil tarefa de cuidar dos irmãos menores; qualquer coisa que pudesse acontecer de mais grave seria de responsabilidade dela. Ela se lembra que nas tardes de verão, quando o tempo fechava e uma grande tempestade se aproximava, ela corria e fazia seus menores correrem por entre o vento e a poeira até a casa do vizinho que ficava, mais ou menos, a 700 metros da casa deles; pois moravam num local alto, onde o vento chegava com toda fúria e causava muito medo.

Nos domingos era sagrado que se fosse à igreja. Hábito que os pais preservaram com toda fidelidade. Domingos à tarde, nos dias de sol, parecia que era um dia letivo. Isso porque moravam na escola. Ali muitas crianças se reuniam e assim passavam as tardes de domingo brincando: as meninas de casinha e os rapazes de seu jeito próprio. Os territórios eram delimitados com cipós de São João todo floridos ou outras plantas silvestres, conforme a época. Os brinquedos sempre eram poucos, mas para tudo dava-se um jeito: um pedaço de pau virava boneca, um pano velho envolvendo capim, ou outros trapos virava uma bola.

Nos domingos chuvosos ficavam todos em casa recolhidos em seu lar e passavam o dia ouvindo histórias. Mamãe cansava de tanto contar histórias, mas a criançada não se cansava e queria ouvir sempre mais. Porém, o próximo capítulo ficava sempre para o outro domingo, se chovesse. Assim era sempre bonito: se sol, brinquedos; se chovesse, histórias.

Assim correram os anos da primeira infância de Eliana. Alegres felizes, mas que também tiveram seus problemas. Sempre o tempo de criança é tão feliz quando do tempo de adulto se olha para traz, mas no tempo em que se vive esta vida, nem sempre tudo é um verdadeiro mar de rosas. 



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