Continuando o assunto que começamos no artigo anterior – a ergonomia nos espaços, veremos hoje algumas dicas de como aplicar estes estudos em nossos ambientes. É importante conhecermos estes detalhes, pois não podemos mais aceitar projetos de ambientes que não respeitem as proporções do corpo humano: espaços mal-projetados, com soluções inapropriadas aos seus usuários, são sinônimos de falta de pesquisa e entendimento das necessidades. Proporcionar conforto e bem estar deve ser o objetivo primordial de qualquer projeto!
E o ponto chave para este estudo é a análise das características físicas de seus usuários: altura, largura, linha dos olhos, alcance dos braços, etc. Quando se faz um projeto para diversos usuários diferentes, como por exemplo, um projeto comercial ou institucional, deve-se levar em conta a medida média do brasileiro, para que o conforto atinja a grande maioria dos usuários daquele espaço. Mas quando se projeta um espaço residencial, é possível personalizar o ambiente às medidas da família, pensando em um mobiliário que lhe garanta conforto, ao invés de seguir os tamanhos padrões.
Começando pela circulação nos ambientes: deve-se levar em conta a medida da largura dos ombros de uma pessoa, para que ela circule livremente, e também a medida de outros elementos (móveis, malas, caixas) que eventualmente passarão no espaço. Portanto, uma largura mínima de 100cm é recomendada para corredores residenciais. Já para circulações entre os móveis de um mesmo ambiente, pode-se considerar a distância mínima de 60 cm, para a passagem de uma pessoa.
As cozinhas são ambientes onde as medidas antropométricas devem ser cautelosamente observadas, pois as atividades ali realizadas devem acontecer de forma 100% segura e confortável. A distância correta entre a bancada e os armários suspensos, por exemplo, evitará batidas de cabeça e dificuldade de acesso. Sugere-se que esta distância fique em torno de 60 e 75cm de altura. Já a altura das bancadas de trabalho deve situar-se entre 5cm a 10cm abaixo dos braços dobrados a 90º: a altura usual é de 85cm, mas pode-se chegar até a 1,10m de altura no caso de pessoas mais altas. Já a altura da mesa ou bancada de refeições deve seguir a seguinte regra: respeitar a distância de 30cm entre a cadeira e a bancada. Portanto, para cadeiras normais, a altura da mesa ficará em torno de 75cm; já para bancos altos, a altura da bancada deve ser em torno de 110cm.
Estes são apenas exemplos de como a ergonomia é utilizada na definição dos espaços. Os estudos ainda devem levar em conta o tipo de tarefa realizada, a profundidade dos móveis escolhidos, o ângulo de visão do usuário, o fluxo das tarefas realizadas, entre outros detalhes específicos de cada caso. Não esquecendo que os escritórios, espaços onde passamos a maior parte do nosso dia, merece um capítulo de estudo a parte.
Por fim, deve-se ainda levar em conta que espaços projetados para pessoas com necessidades especiais (idosos ou usuários com mobilidade reduzida) devem seguir algumas orientações extras quanto às circulações, altura do mobiliário e segurança.