Temos visto nas notícias das grandes cidades as frequentes invasões de edifícios subutilizados (ou inutilizados) por cidadãos autodenominados de “sem teto”. Estas pessoas pretendem ocupar edifícios que não cumprem mais sua função original (de hotéis, escritórios, indústrias ou até mesmo residenciais) para suprir o déficit habitacional existente em nosso país. Deixando a questão legal do assunto de lado – e analisando apenas a parte arquitetônica da situação, percebe-se que a renovação de antigos edifícios buscando atribuir-lhes novas funções e características tem se tornado uma tendência mundial.
É fato que o maior desafio para um empreendimento imobiliário é manter-se atualizado e em sintonia com as exigências dos novos tempos. Um edifício construído em qualquer época estará de pé mesmo após a demanda que o criou ter se extinguido. Muitas vezes estes edifícios, em desacordo com normas e exigências atuais, são abandonados e se tornam um problema para as cidades. E novos edifícios têm de ser construídos para suprir uma nova demanda. Mas deve-se levar em conta que há uma demanda crescente por novas construções nas cidades sem que haja espaço para tantos novos projetos. E aí então entra o Retrofit, que renova um edifício que já não serve mais.
A palavra Retrofit vem do inglês e ao pé da letra pode significar o que popularmente todos nós conhecemos como reforma. Mas de uma maneira mais ampla, o Retrofit tem o sentido de atualizar, modernizar e/ou adaptar para a realidade atual e as novas exigências do mercado as edificações e espaços degradados pelo tempo ou pela má conservação, dando-lhes conforto termoacústico, acessibilidade, eficiência energética, sistemas de comunicação, climatização e de segurança e ainda compatibilizando-os com as atuais legislações urbanas lhes reagregando valor. O Retrofit pode ser considerado como um renascimento da construção ou do espaço, colocando o antigo em boa forma e contribuindo para a manutenção e preservação do patrimônio arquitetônico original.
A diferença entre um Retrofit e uma simples reforma é a reformulação completa de toda a infraestrutura do edifício: mantém-se a estrutura original do prédio mas refaz-se toda a parte de infraestrutura elétrica, hidráulica e outras para adequá-lo ao novo uso. Tem-se um edifício “novo” que mantém as características intrínsecas do bem. Evita-se, assim, a prática de demolir um prédio para se construir um novo. A arte do Retrofit está, portanto, aliada ao conceito de preservação do patrimônio cultural e histórico das cidades.
Por fim, o Retrofit não se limita a edifícios – mas pode atingir também áreas urbanas obsoletas ou com problemas sociais em áreas econômica e socialmente ativas, onde a degradação e violência dão lugar à renovação urbana e maiores consciência e cuidado com o meio.