PRATA DA CASA (Eliana Kerecz Grahl)

1. Introdução
Quem é esta lutadora que, com santo orgulho, poderá um dia - parafraseando São Paulo - dizer: Eu por mim estou pronta; combati o bom combate, acabei minha carreira de professora, guardei a fé, sozinha criei meus filhos e lhes dei um lar, estudo, profissão e agora amo e ajudo a educar os meus netos e ainda exerço atividades sociais: mereço a vitória que sinto alegremente em meu coração?

Quem é esta da qual o livro "Colégio Estadual Celso Ramos Filho" (1996) relatou o seguinte fato: "Existe um caso bonito, heróico, na vida dessa pessoa que talvez nem mesmo seus filhos o saibam, até o presente momento, pelo menos. Ela lutou, com muitas dificuldades, para conseguir realizar sua vocação de ser professora. Muito feliz, ainda solteira, começou a trabalhar, realizando-se, profissionalmente, ao ser aprovada em concurso público. Contudo, veio que aconteceu uma terrível injustiça. Uma de suas colegas de profissão passou a ser perseguida pela diretora do estabelecimento onde trabalhavam em Volta Grande, Rio Negrinho. De tal maneira foi essa perseguição que a coitada da perseguida não teve outra saída a não ser desistir de sua profissão, perdendo sua efetivação no cargo. A professora Eliana tentou de tudo para salvar sua colega de tamanha barbaridade, mas nada conseguiu. Sobrou-lhe uma atitude extrema: demitiu-se de seu cargo e junto com sua colega injustiçada foi trabalhar na Oxford S/A. Indústria e Comércio, em São Bento do Sul, num cargo e salário inferior ao de sua colega, no simples setor de produção, chão de fábrica como se diz, onde seu enorme esforço de estudar em nada pôde ser valorizado. Mas Deus em sua justiça perfeita existe e sempre escreve o direito por linhas tortas. Hoje ela faz parte de História local!".

Quem é esta que, após o ocupar altos cargos educacionais e administrativos e hoje já aposentada, continua sendo uma verdadeira líder comunitária muito ativa, trabalhando com todo afinco por sua comunidade católica na Igreja de Santa Cruz do Rito Ucraniano e orientando ainda sua família agora já com netos?

Quem é esta que, além de todos os problemas que sozinha enfrentou, assim mesmo teve tempo para não ser uma analfabeta política e se destacou em decisiva participação partidária em prol de seu município adotivo, São Bento do Sul?

Quem é esta que para poder estudar no curso noturno do Ginásio Normal Santa Inês de Mafra, de 1968 a 1971, trabalhava durante o dia na Souza Cruz de Rio Negrinho e, lá mesmo, após o trabalho, tomava um banho com um pouco de perfume para tirar o pesado cheiro de fumo e, praticamente sem jantar, corria para a aula e já outro dia cedo estava no local de trabalho na fábrica de cigarros?

Quem é esta que após, simplesmente e sem explicação, seu marido desaparecer, ficando ela com três meninos bem pequenos e que toda noite com ela se ajoelhavam rezando e pedindo a volta de seu pai, criou com amor e carinho esses filhos, pagando o aluguel da casa e, aos poucos, conseguindo seu próprio lote e casa, onde estabeleceu seu lar, um verdadeiro ninho de amor?

Quem é esta que, apesar de tudo, quase sempre alegre e sorridente, muito dedicada ao trabalho, soube também chorar com seus filhos, segundo Cristo diz: "Chorai com os que choram"?

Esta linda história e que tantas lições encerra vamos ver ao continuar das edições do jornal Evolução. Aguarde a próxima edição.