A ovelha perdida

O nome da parábola não é “ovelha achada” o nome é “ovelha perdida”. Porque não se trata de uma velha que foi encontrada, mas de uma ovelha que foi perdida e reencontrada. Nisto todas as lideranças cristãs estão pecando: o padre não corre em busca dos católicos não praticantes. E quando o tal católico bate na porta dos crentes ali é calorosamente acolhido, mas se também ali esfria, também ali é esquecido e preterido em prol dos neófitos. Até quando continuaremos desistindo daqueles em relação aos quais todos já desistiram? Isto apenas mostra que a preocupação das lideranças cristãs é número quando Deus faz questão de provar que com 300 se podem vencer a 120.000. Pobre ovelha desgarrada, nenhuns pastores a quer. Até quando continuaremos negligenciando? Deus, antes de nos premiar pelas ovelhas que cuidamos, pedirá contas daquelas desgarradas que sonegamos. Se nos ocupamos exclusivamente com as obedientes e assíduas, que mais fizemos que os fariseus? Quando se trabalha com a ideia de que a genuína Igreja de Cristo é sempre um remanescente, não podemos perder o amor missionário. E fazer missões começa pela própria família. Correr atrás da ovelha perdida é ser não calculista. Quem, racionalmente agindo, colocaria em risco 99 para tentar recuperar uma só? Mas o Reino de Deus recomenda que façamos isto. Este é o sentido da palavra “não perdi nenhum dos que me deste” ou, ao menos, uma das interpretações possíveis. Há pessoas que se dizem cristãs que até comemoram quando tal ou qual pessoa deixa de ir à Igreja para não encontrar-se com ela. Pode? Não, não poderia, mas acontece. Igreja não é clube social ou confraria onde se deva ter comunhão com quem apenas nos é simpático ou agradável. Quero dizer que a ovelha que se desgarra e que se perde não é a mais bonita. Na maioria das vezes é a mais feia e até doente. Assim, além de recuperá-la para o rebanho temos de tratá-la, cuidá-la, dispensar-lhe uma série de cuidados. Praticar cristianismo é cuidar de vidas. Esta é a ideia do pastoreio. Ser pastor é estar antenado para tudo o que ocorre entre as ovelhas e, a um só tempo, estar alerta para os eventuais perigos, como é a presença dos lobos. Além disso, o pastor precisa estar atencioso para aquilo que as ovelhas estão comendo. Não é qualquer relva que faz bem à saúde. Os bens culturais são alimentos espirituais e por isso devem submeter-se a uma triagem. A ovelha precisa conhecer a voz do pastor e o pastor precisa conhecer o balido da ovelha. Quando se põe a tarde o pastor precisa verificar se todas elas entraram no aprisco ou se alguma ficou de fora. E o pastor precisa ter sono leve para sentir a presença de estranhos no período noturno. Não é fácil ser um bom pastor. Exige-se dedicação integral. Sim, 24 horas por dia. O pastor é quase um escravo do rebanho. O que menos deve interessar ao pastor é o prestígio social pelo fato de ser pastor. Pastorear é servir, é ser empregado de todos. E cabe a cada uma das ovelhas saudáveis cuidarem da própria saúde sempre obtemperando aos comandos do pastor. E se parte da premissa de que ovelha sadia procria, o que, espiritualmente falando, significa acrescentar outras pessoas na fé. Aproveite a ocasião para pensar quem é ou foi ovelha perdida em sua vida e resgate esta pessoa. Se você mesma é ovelha perdida procure encontrar ajuda com a pessoa certa. Deus precisa de você e de cada um. Ele não se deleita no extravio de quem quer que seja. Deus quer o céu lotado ainda que para se chegar lá tenha que se transitar por veredas estreitas e íngremes. Estou orando por você, o Senhor Deus seja a vossa força.