Mulher, protagonista de sua história!!! Hoje nossa convidada é Nicole Loraine Engel

Série do Evolução que traz mulheres de São Bento do Sul e Região que se destacam em suas atuações, mulheres protagonistas de suas histórias, determinadas e grandes profissionais que são inspiração para pessoas como eu e você!!!

Nossa entrevistada é Nicole Loraine Engel, 27 anos, solteira, natural de Curitiba/PR, atualmente domiciliada em Joinville/SC, tem olhos castanhos escuros e cabelos castanhos claros, ela é asessora jurídica e desenvolvedora de software, formada em Bacharel em Direito e Pós-graduada em Direito Público pela faculdade CESUSC - Florianópolis e cursando sistemas de informação pela faculdade Estácio,

O que não pode faltar em sua bolsa? 

Celular, Carteira de documento, canivete suiço e acessórios pessoais.

O que falta em sua cidade? 

Vivi dez anos em Floripa e retornei a Joinville onde já havia morado na adolescência.  Joinville ganhou méritos como a melhor cidade do Brasil para se viver, porém reclamar seria um tanto egoísta de minha parte. No entanto, alguns pontos da cidade foram esquecidos sendo bem evidente a precariedade na infra-estrutura.

Balança é motivo de preocupação? 

 Não, ter uns quilinhos a mais não afeta mais a minha auto-estima. Meus hábitos e alimentação são saudáveis, e meus exames estão bons.

Uma saudade? 

Essa palavra tem origem latina, marcada pelo romantismo e apego aos bons momentos. Eu tenho parte de sangue português percorrendo nas veias, então consequentemente sou um tanto nostálgica. “A saudade é uma tatuagem na alma e só nos livramos dela perdendo um pedaço de nós'', disse Mia Couto. Acho essa definição muito profunda e verdadeira. Só se sente saudades de pessoas e momentos bons, e é disso que eu tatuo a minha vida.

Infância? 

Na infância, até meus onze anos, morei em São Bento do Sul. Fui uma criança autêntica, diferente, e como nunca fui moldada em forma, não sou padrão. Comecei a tocar piano aos quatro anos, cantar aos sete e logo me apaixonei pela ópera. Gostava da minha casinha na árvore, brincar com terra e de pescar com meu pai.

Eu era fascinada por animais, adorava estudá-los e sabia tudo sobre raças de cães. Gostei muito mais de conhecer a Floresta Amazônica do que a Disney. Caí de bicicleta no canteiro de cactos e também na rua, mas não levei pontos porque mordi o médico. Vendia limonada na frente de casa e também pulseirinhas que eu mesma fazia. Adorava montar pista de carrinho, escalar árvores, era modelista das roupinhas das minhas bonecas e nunca gostei de cor de rosa. Passava até três horas nas Livrarias Curitiba olhando livros, CDs e DVDs com minha mãe.  Fazia aulas de canto com o professor sósia do Mozart  e também aulas de italiano. Cantei em muitos palcos importantes e também fui entrevistada por pessoas incríveis como o Jô, que eu levo em meu coração. Como também tive tristezas, mas prefiro não recordar, pois minha infância foi linda.

Santo de devoção? 

Não tenho santo de devoção.

Filme: “As Nadadoras” é um filme inglês, baseado em fatos reais.

Livro: A Condição Humana - Hannah Arendt. Ela se preocupa com o problema de reafirmar a política como uma referência valiosa da ação humana.

Música: Eu sou muito eclética e tenho música para cada momento, porém continuo chorando sempre que ouço Fairy Tale de André Mattos. 

Cantor(a): André Mattos

Artista: Keanu Reeves

Hobby: Música e culinária

Objeto de desejo? 

Sou minimalista e tenho o que preciso. Sou mais “ser e viver” do que “ter'', mas se alguém me der um carro novo, vou ficar muito satisfeita.

Um ídolo? 

Marie Curie, Simone de Beauvoir e Hannah Arendt.

São muitos ídolos, porém essas três deram voz às mulheres.

O que riscou do mapa? 

 Para riscar alguma coisa teria que ser algo ruim, e nem mesmo as coisas ruins eu risco, porque o que é ruim fortalece e fica de aviso.

O que tem aos montes no guarda-roupa? 

Nada tenho nada aos montes, uma vez que, sou minimalista, porém as camisetas pretas de banda se destacam.

Perfume? 

Paper Passion (cheiro de livro novo) no dia a dia e Marina de Bourbon Rouge Royal em ocasiões especiais.

O Movimento separatista “Sul é o meu país”. Opine: 

O Brasil é formado pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito Federal e, tratando-se de uma cláusula pétrea, só pode ser modificada com uma nova Constituição, nem mesmo através de consulta popular.

Não vejo a separação como solução ideal, pois se o país fosse dividido, boa parte da produção agrícola e industrial, da mão de obra e da capacidade intelectual do Brasil seria perdida. O Sul tem alguns dos melhores índices de empregabilidade, educação e desenvolvimento humano. 

Porém o sul não estaria melhor que o restante do Brasil. Entre os desafios a enfrentar, estariam a quebra cultural, as divergências políticas, a crise energética e a dificuldade para adquirir produtos e matérias-primas.

Casamento entre pessoas do mesmo sexo: 

Em pleno século 21 este é um assunto que nem deveria ser questionado. A escolha de um parceiro/a sexual para partilhar a vida está na decisão de quem vai conviver com aquela pessoa, e não os demais. Minha única preocupação em relação a casamento está na pedofilia, no estupro e na violência doméstica contra o próximo. O resto é indiscutível.

Pena de morte: 

Trata-se de uma grave violação aos direitos humanos e ao direito à vida, além de se tratar de uma cláusula pétrea, que jamais poderá ser modificada ou abolida.

Mesmo que pudesse, o Brasil não possui um controle minucioso sobre os julgamentos e as condenações, então a pena de morte poderia ser aplicada em inocentes. Fora que está, não diminuiria a criminalidade, apenas eliminaria as pessoas condenadas da sociedade; A liberação da pena de morte seria a confirmação de que o sistema prisional do país é incapaz de reabilitar os criminosos para que elas retornem ao convívio social.

Aborto: 

No Brasil, aborto śo é permitido em casos de bebes anencéfalos, estupro ou risco de vida para a mãe ou filho.

Ele é feito por mulheres de todas as classes sociais, grupos raciais, níveis educacionais e religiões: em 2016, quase 1 em cada 5 mulheres, aos 40 anos já realizou, pelo menos, um aborto. Em 2015, foram, aproximadamente, 416 mil mulheres, sem contar o número clandestino. Entre 2009 e 2018, 721 mulheres morreram após abortarem.

Mulheres de baixa classe social se obrigam a usar procedimentos inseguros e perigosos, que na maioria das vezes levam à morte. Já as mulheres mais abastadas, têm a oportunidade de abortar sem dor, com os devidos cuidados e possivelmente nem temem a prisão e a morte.

Olhando para realidade, a Lei de Planejamento Familiar não funciona, e grande parte dos abortos ocorrem por falta de condições financeiras de cuidar de uma criança, abandono paterno, rejeição da família e uma série de outros fatores.

Discutir sobre a descriminalização do aborto é somente o início para debater sobre os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Em tempos de negacionismo é necessário que lutemos pelo direito das mulheres e conquistar o território do nosso próprio corpo.

Amizade: 

Quem tem um amigo fiel tem tudo. Para ser amigo é preciso ter tolerância e aceitação, o que é raro e requer maturidade. Hoje vejo a falta de amizade até dentro de famílias. Tenho poucos amigos, porém os que eu tenho possuem um valor imensurável em meu coração.

Futuro? 

Hoje é o futuro de ontem e isso remete a ideia de que o tempo passa muito rápido… Eu planejei meu futuro de acordo com meus sonhos e já mudei meus projetos algumas vezes. Sei que a vida vai me surpreender também. O importante é saber para onde quer seguir e não se esquecer que o desfrute está na trajetória.

Papa Francisco? 

O Papa disse: O dinheiro tem que servir e não governar. Nossa vida é um caminho e quando paramos, não vamos para frente. Apenas os que dialogam podem construir pontes e vínculos. Deus não pertence a nenhum povo. Eu sou atéia, mas respeito todos os tipos de crenças e mesmo eu não tendo crença ou religião, o Papa Francisco representa meus princípios e eu o admiro muito. Ele é humilde e próximo do que se idealiza de um líder religioso.  Tem os que apontam seus erros, mas estamos falando de um Papa e não de Deus. Ele é amado.

Três coisas que gosta? 

Música, viagem e culinária.

Três que a desagradam? 

Todas as formas de violência e preconceito, seja verbal ou físico. Pessoas que diminuem o outro para se sentir superior, que fingem ser o que não são, e muito menos, pessoas parciais que formam uma opinião concreta, sem ouvir o outro lado.

Um momento que marcou sua vida? 

Minha viagem para Itália.

Redução da idade penal? 

Não existem dados significativos que comprovem que a redução da maioridade penal diminui índices da criminalidade juvenil. Em oposição, o ingresso antecipado no sistema penal os coloca em um ciclo de atos ilegais, como o aumento das chances de reincidência.

Na hora do aperto… Eu solto..

Um medo: 

Medo de perder o medo, de me tornar indiferente, fazer parte de um rebanho dentro de um inconsciente coletivo e não mais poder manifestar o que penso e sinto. Morrer antes de deitar.

Traje (roupa) preferida no dia a dia? 

Trabalho numa startup usando roupas confortáveis e pantufas, como todos os demais colegas. Em ocasiões que a advocacia me proporciona, não dispenso blazers bem alinhados e salto. Vestidos a noite de acordo com a ocasião. Fora isso é calça legging ou jeans, e camiseta de banda com tênis. Não tenho preferência por marcas, se gosto, estou precisando e está dentro do meu orçamento, eu compro.

O que gostaria e ainda não fez? 

Dar a volta ao mundo aplicando um projeto que possa somar positivamente na vida de toda a humanidade. Sei que é bastante ambicioso, mas creio que tudo se começa por um sonho, que se transforma em projeto, execução e realização.

Uma mensagem: 

Deixo aqui uma mensagem universal, embora eu não a encontrei traduzida para o português. É um poema famoso, Bani Adam, escrito pelo poeta Saadi Shiraz. Esse poema persa foi traduzido para 55 idiomas e foi enviado pela nave Voyager, que segue em busca dos espaços mais longínquos. Ele também está fixado numa parede na entrada do prédio da ONU escrito em iraniano com a caligrafia original do poeta. Achei que este momento pós pandêmico, com conflitos internacionais aquecidos, nosso país bipolarizado e famílias divididas é muito conveniente para uma reflexão. Ele também está sendo cantado em por pessoas de diversos países e deixo o link abaixo para quem desejar ouvi-lo.

“O ser humano faz parte de um todo

Criação de uma essência de uma alma

Se apenas um está aflito e sente dor

Outros sentirão o desconforto

Se você não tem compaixão pela dor do homem

Você não pode ser considerado um ser humano.” 

Saadi Shirazi

https://www.youtube.com/watch?v=rDZe18wcDG0&t=0s