Um negócio bilionário dividido entre 16 irmãos. Só poderia dar em briga, como confirmouuma matéria da revista Exame. Segundo a publicação, há décadas os herdeiros da Dudalina discordam de quase tudo.
De um lado, estaria o grupo composto de 11 irmãos, liderado por Sônia Regina Hess, a presidente da empresa desde 2003. E de outro, cinco irmãos, entre eles Anselmo José, que presidiu a Dudalina de 1979 a 1989, Vilson Luiz, que chefiou o conselho de administração por quase duas décadas e os gêmeos Renê Murilo, demitido por Sônia quando ocupava o cargo de diretor industrial e Renato Maurício.
Nos anos 90, quando as indústrias têxteis brasileiras começaram a enfrentar a concorrência dos produtos a preço de banana da China, o cisma familiar ficou ainda mais claro. Naquela época, as malharias e camisarias nacionais consideraram que a saída era investir no varejo, abrindo lojas próprias, a exemplo do que fez a Hering.
A Dudalina resolveu insistir na indústria e acabou arcando com sérios prejuízos. O irmão Armando César deixou a presidência da empresa e começou, segundo ressalta a publicação, uma intensa disputa pelo poder. Respeitando a escolha da fundadora da empresa, a matriarca Adelina Hess de Souza, quem assumiu a frente da companhia foi Sônia Hess;
Assim que Adelina morreu, em 2009, Sônia demitiu o irmão Renê Murilo, diretor industrial, alegando que ele comandava um feudo pouco transparente. Os dissidentes Anselmo e Vilson ganharam mais três aliados, e organizaram um roteiro para derrubar Sônia.
Apresentaram ao conselho de família um plano de tornar Renê (o demitido) presidente e Anselmo chefe do conselho. Na votação, dez apoiaram Sônia e cinco votaram contra - a família estava oficialmente dividida.
Com a empresa em ordem, e preocupada em garantir a união dos irmãos, como havia prometido à mãe, Sônia decidiu vender a empresa. A presidente conseguiu a maioria dos votos dos acionistas e em dezembro de 2013, os fundos americanos Advent e Warburg Pincus anunciaram a compra da Dudalina, avaliada em cerca de R$ 1 bilhão.
Pelo menos dois dos cinco oposicionistas souberam do negócio pelos jornais - os gêmeos Renê Murilo e Renato Maurício questionam na Justiça a autoridade de Sônia e de seu grupo para decidir pela venda e não venderam suas ações.