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Onda de violência e conflito armado ameaça Equador

Terça, 16 de janeiro de 2024

Onda de violência e conflito armado ameaça Equador

Para especialista em Relações Internacionais do CEUB, Brasil e países consumidores deveriam oferecer apoio diplomático e recursos em ação conjunta no combate ao fluxo de drogas

Diante de severa crise de segurança pública causada pelo narcotráfico, a origem da violência no Equador está ligada à carência econômica da população, que se torna um fornecedor de mão de obra para o tráfico de drogas. As transformações na dinâmica do tráfico internacional de drogas, notadamente as relacionadas à Colômbia, acentuam os desafios enfrentados pelo sistema de segurança do país. O professor de Relações Internacionais do Centro Universitário de Brasília (CEUB) Danilo Porfírio explica as principais motivações e consequências de uma das maiores ondas de violência do Equador.
 
Confira a entrevista completa:
 
Como considera a relação entre a pobreza da população equatoriana e a atual onda de violência protagonizada pelo narcotráfico?
DP: A situação de pobreza faz com que parcela marginalizada de qualquer sociedade, como do Equador, seja cooptada pelo “ganho fácil” oriundo das ações da criminalidade e, especificamente, do narcotráfico. Lembrando que o Equador é um estado pobre, além de uma democracia frágil, que passou por inconstâncias nas últimas três décadas com riscos de ascensão de ditadura. Portanto, o Estado não tem propriamente uma representatividade e uma eficiência nas ações de inclusão e no exercício de políticas públicas. Diante deste vácuo de poder, o narcotráfico assume um papel de Estado paralelo, inclusive suprindo necessidades que deveriam ser exercidas e cumpridas pelo Estado de Direito.
 
Qual é o papel do Brasil diante da crise no Equador?
DP: O Brasil é um país protagonista dentro do Cone Sul e da comunidade latino-americana. É a principal potência regional em questão. Apesar de não ter fronteira direta com o Equador, tem relações sólidas com o país sul-americano e se preocupa porque essa crise envolve uma rede de cartéis do narcotráfico que não são exclusivos do Equador. A ligação com os cartéis colombianos e circunvizinhos também apresenta relações com o crime organizado no Brasil. Portanto, dentro das possibilidades, é esperado que o governo brasileiro ofereça apoio diplomático, logístico e de inteligência, promovendo ações efetivas no que se refere ao combate do crime organizado e desse sistema internacional de tráfico de drogas, onde as redes são intrincadas e enraizadas nos países latino-americanos.
 
Quais fatores mais contribuem para essa crise no Equador? Como as políticas sobre drogas na Europa e nos Estados Unidos estão relacionadas a essa situação?
DP: Os Estados Unidos e os países europeus são o principal mercado consumidor dessas drogas produzidas, circuladas e transportadas na América Latina, sendo a Colômbia um dos principais fornecedores. O tráfico de drogas que inclui como rota o Brasil, envolvendo o Equador, Peru e Bolívia, tem como destino o mercado europeu. Portanto, agentes de todos os países envolvidos deveriam apoiar o fortalecimento do Equador para um combate eficaz ao tráfico de drogas dentro desses espaços consumidores.
 
Sobre a deterioração dos termos de troca e o impacto nos produtos de exportação dos países latino-americanos, como essa situação afeta a vulnerabilidade desses países à influência do narcotráfico?
DP: Precisamos lembrar que o Equador, em regra, é um país de exportação de produtos primários. Produtos agrícolas, produtos agrícolas tropicais, basicamente frutas e minerais. O Equador, em sua história recente, também descobriu jazidas de petróleo e de gás natural. Então, basicamente, a economia do Equador é uma economia primária, não é uma economia industrializada ou de serviços, o que não agrega valor. 
 
Trata-se de um estado pouco desenvolvido economicamente, o que se torna mais um fator para a intensificação da pobreza e, obviamente, a exploração dessa economia. Dentro do sistema de trocas, o que se busca é entender que caberia não só às grandes potências, como os países europeus ou os americanos, incentivar uma política de desenvolvimento e de ascensão dessa população. Mas isso não depende apenas do interesse das elites internas.
 
Há alguma abordagem sugerida para lidar com a crise de segurança no Equador, considerando os fatores socioeconômicos e as dinâmicas do tráfico internacional de drogas discutidos na entrevista?
DP: Em primeiro lugar, o estado equatoriano, por meio de suas forças de segurança, especificamente suas forças armadas, deve retomar o controle da situação, reordenar a estabilidade, a ordem e a segurança. A partir de então, deve tomar providências racionais sérias: criar políticas efetivas de combate a esses cartéis, de combate à produção de drogas na região, retomar o controle do seu sistema penitenciário. Obviamente, isso também passa por uma política de desenvolvimento e uma política de ascensão da população economicamente, com o intuito de abordar em duas vias a questão da criminalidade.
 
Outro ponto a advir da comunidade internacional, seja latino-americana, seja americana, ou de uma forma mais global, é a criação de políticas integradas de combate a essas ordens criminosas internacionais espalhadas pelo mundo. O problema do narcotráfico não é um problema nacional, é um problema de estados e as ações devem ser integradas, principalmente nas ações interfronteiras, no cerceamento da circulação e recursos dos criminosos. Políticas de bloqueios bancários desses grupos, que recorrem a outros estados para se financiar e para resguardar seus recursos.


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