Com esta fotografia, que tirei na quarta-feira, dia 24, em pleno Centro da cidade, convido o leitor a identificar e também admirar esta bela ave
- - Por Haruo Okamoto* - -
Torcemos para que nossa região siga acolhendo este pássaro durante sua reprodução por muitas e muitas primaveras (Foto Haruo Okamoto/Divulgação) Após ler a matéria da edição da semana passada do Evolução sobre o encontro com o pavão-do-mato (Pyrodeurs Scutatus), resolvi escrever sobre um outro pássaro, não tão raro de ser visto nesta época, mas igualmente surpreendente. Trata-se do Elanoides forficatus, o gavião-tesoura, que se encontra agora em nossa região.
Existem duas populações deste pássaro, sendo que ambas passam o inverno na floresta amazônica. Uma delas migra norte para se reproduzir na América Central e sul dos EUA, enquanto a outra migra para o sul do Brasil. Parte desta última população é que tenho avistado com frequência. Já vi exemplares em São Bento do Sul, Rio Negrinho, Campo Alegre e Corupá.
O nome popular é gavião-tesoura por ter o rabo em forma de um "v". No ar é muito ágil, percorre grandes distâncias rapidamente, e usa as correntes térmicas para adquirir altitude.
NINHO
Nunca tinha dado atenção a este pássaro, só descobri porque, após vê-lo várias vezes, busquei identificá-lo. Assim, consultando um amigo observador de aves, que não anda sem seu livrinho de espécies, foi que descobrimos se tratar do gavião-tesoura.
Dentre as aves de rapina, esta é uma das mais sociáveis, vive em grupos que podem chegar a trinta indivíduos. Semana passada, em Rio Natal, avistamos um grupo de aproximadamente vinte gaviões-tesoura voando na corrente térmica próximo a um morro. Eles permanecem juntos e formam ninhos em colônias, geralmente em um local escondido nas árvores entre as folhagens. É possível que alguns adultos que não estejam se reproduzindo neste ano ajudem na construção do ninho e na defesa da prole de outros casais.
Alimentam-se de invertebrados, aves, pequenos lagartos, cobras arborícolas, e costuma também apanhar frutos nas árvores. Captura os alimentos com os pés levando ao bico em pleno voo. A envergadura das asas abertas atinge 1,25m nas fêmeas, que são maiores. O tamanho do pássaro pode chegar a 66cm. Os machos têm um peso máximo de 407g, as fêmeas de 435g.
MIGRATÓRIO
Como é migratório, o gavião-tesoura é uma ave muito exposta aos problemas e alterações ambientais. Isso faz desta espécie um bio-indicador. Torcemos para que nossa região siga acolhendo este pássaro durante sua reprodução por muitas e muitas primaveras. Com esta fotografia que ilustra o artigo - e outras que tirei nesta quarta-feira em pleno Centro da cidade de São Bento do Sul, convido o leitor a identificar e também admirar esta bela ave.
*Interessado pelo tema.