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As mães só morrem quando querem

Domingo, 08 de maio de 2011

“Em geral, as mães, mais que amar os filhos, amam-se nos filhos.” (Frederich Nietzsche)

 

Eu tinha sete anos quando matei minha mãe pela primeira vez. Eu não a queria junto a mim, quando chegasse à escola, no meu primeiro dia de aula. Eu me achava forte o suficiente para enfrentar os desafios que a nova vida iria me trazer. Poucas semanas depois, descobri aliviado que ela ainda estava lá, pronta para me defender não somente daqueles garotos brutamontes que me ameaçavam, como das dificuldades instransponíveis da tabuada.

Quando fiz catorze anos, eu a matei novamente. Não a queria impondo regras ou limites, nem que me impedisse de viver a plenitude dos voos juvenis. Mas logo no primeiro porre, eu felizmente a descobri viva. Foi quando ela não só me curou da ressaca, impediu que eu levasse uma surra vergonhosa de meu pai.

Aos dezoito anos, achei que mataria definitivamente a minha mãe. Entrara na faculdade, iria morar numa república, faria política estudantil, atividades em que a presença materna não cabia em nenhuma hipótese. Ledo engano: quando me descobri confuso sobre qual rumo seguir, voltei à casa materna, único espaço possível de guarida e compreensão.

Aos vinte e três anos, me dei conta de que a morte materna era possível, porém requeria muita lentidão... Foi quando me casei, finquei bandeira de independência e segui viagem. Mas bastou nascer a primeira filha para descobrir que o bicho-mãe se transformara num espécime ainda mais vigoroso chamado avó.

Apesar de tudo, continuei acreditando na tese de que a morte seria bem demorada, e aos poucos, fui me sentindo mais distante e autônomo, mesmo que a intervalos regulares, ela reaparecesse na minha vida desempenhando papéis importantes e únicos. Papéis que somente ela poderia protagonizar.

Mas o final desta história, ao contrário do que eu sempre imaginei, foi ela quem definiu: quando menos esperara, ela decidiu morrer. Assim, sem mais nem menos, sem pedir licença ou permissão, sem data marcada ou ocasião para despedida, minha tese de morte bem demorada ruiu... Ela simplesmente se foi, deixando a lição de que mães não são para sempre...

Ao contrário do que sempre imaginei, são elas que decidem o quanto esta eternidade pode durar em vida, e o quanto fica relegado para o etéreo terreno da saudade...



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