Crista S. Grohskopf
Assim como as flores murcham
E a juventude cede à velhice,
Também os degraus da Vida.
A sabedoria e a virtude, a seu tempo,
Florescem e não duram eternamente.
A cada apelo da vida deve o coração
Estar pronto a despedir-se e a começar de novo,
Para, com coragem e sem lágrimas, se
Dar a outras novas ligações.
Em todo começo reside um encanto que nos
Protege e ajuda a viver.
Serenos transponhamos o espaço após espaço,
Não nos prendendo a nenhum elo, a um lar.
Sermos corrente ou parada, não quer o espírito do mundo,
Mas de degrau em degrau, elevar-nos e aumentar-nos.
Apenas nos habituamos a um círculo de vida.
Íntimos, ameaça-nos o torpor;
Só aquele que está pronto a partir e parte,
Se furtará à paralisia dos hábitos.
Talvez também a hora da morte
Nos lance, jovens, para novos espaços.
O apelo da Vida nunca tem fim...
Vamos, Coração, despede-te e cura-te!
Hermann Hesse (1877-1962), Alemanha