Tempo, tempo, tempo…

Tempo, tempo, tempo… Há muito vivemos reféns do relógio, das horas que escorrem pelos dedos. O dia tem 24 horas, mas hoje, com o ritmo alucinado em que vivemos, para muitos fica a impressão de que faltam horas. Quem sabe em 36 horas se resolveria tudo? Dependendo do estilo de vida adotado, dos compromissos assumidos, profissionais, sociais, ou familiares, do perfil da cidade onde moramos e até do próprio temperamento do cidadão, essa é uma realidade da qual não podemos fugir.

Para esses super atarefados, basta conferir a agenda  para constatar as anotações apertadas, com um planejamento sequencial perfeito e tão preciso que mais parece um relógio suíço. Teoricamente, é possível cumprir. Isso se primarem pela organização. Só que não. Ou #sqn para a geração hiperconectada…

Se nossos pais e avós conseguiam se orientar pelas badaladas do relógio de parede, ou olhando periodicamente o “cebolão” de pulso analógico, sem estresse, com compromissos espaçados, trânsito parcialmente tranquilo,  hoje nos sentimos neuróticos e com tolerância zero.

Basta confrontar a correria de hoje para elaborar e executar projetos com os prazos esticados de ontem. Saudades de uma época em que a tecnologia andava a passos de tartaruga? De quando as pessoas viviam menos porque muitas descobertas da ciência ainda não tinham surgido? Definitivamente não.

Tempo, tempo, tempo… No século 21, os avanços tecnológicos alcançaram a estratosfera, tanto que guardamos arquivos na nuvem, não é mesmo? O relógio em que contávamos pacientemente as badaladas virou peça de museu, ou de colecionadores nostálgicos.

Preferimos aglutinar informações em celulares multimídia, abolimos o despertador barulhento, o rádio relógio e até, em muitos casos, os decorativos movidos à pilha.

Longe de defender que a divindade grega Kronos mantivesse tudo sob suas rédeas. De jeito nenhum. É preciso andar para frente, evoluir, sob o risco de ficarmos para trás e perdermos o trem-bala que passa em 2018.

Tempo., tempo, tempo… Me pergunto se nos damos conta do quanto perdemos “aceitando” participar dessa rotação em escala máxima. Andamos de cabeça baixa conferindo as mensagens do celular, lotado de aplicativos que prometem agilizar, acelerar, com altos índices de resolutividade.

Você já acessou as redes sociais hoje? Conferiu as previsões climáticas para saber se vai chover, ou fazer sol? Já parabenizou aquele (a) amigo (a) virtual que aniversaria hoje? Conferiu as últimas postagens daquele seu parente, do seu chefe e do seu melhor amigo? Aquele que você sempre promete encontrar para um café, mas que nunca sobra tempo para isso?

O cavalo passa encilhado e a vida pode estar passando pela janela enquanto nos deixamos enredar por obrigações e obrigações intermináveis. Triste constatação.

Tempo, tempo, tempo...