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MINHA VIAGEM DE SÃO BENTO AO CHILE, DE BICICLETA

Quarta, 22 de dezembro de 2010

 

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Expedição rumo ao Pacífico começou a tomar forma em 1998

- - Por Sandro Jankoski - -

Minha "Expedição Rumo ao Pacífico" começou a tomar forma em 1998, quando participei da Primeira Expedição Brasileira a escalar o Aconcágua, pelo seu lado norte. Após a subida da montanha, ao retornar para Puente Del Inca, tínhamos que ir até Santiago para pegar o ônibus de retorno ao Brasil. Mesmo sendo de ônibus, a descida pela Cordilheira dos Andes é maravilhosa, o visual é fantástico. E, quando passamos pelos Caracoles, fiquei fascinado com a beleza do local - e nasceu uma incrível vontade de fazer um pedal pela região. Minha idealização na aventura veio a se confirmar quando fiz minha "Viagem dos Sonhos", que teve início em São Bento do Sul/SC, passando pelos campos de Lages/SC, seguindo rumo à Serra do Rio do Rastro-Bom Jardim da Serra/SC, contornando o litoral catarinense e chegando novamente em São Bento do Sul, totalizando 1.080 km pedalados. A partir de então não me restaram mais dúvidas: faria minha expedição rumo ao Pacífico, de bicicleta.

Passei a buscar preparativos necessários para uma pedalada de 3 mil km. Minha lista passou pelo financeiro, pelo psicológico, pelos equipamentos para camping (caso surgissem imprevistos, principalmente nos desertos - assim evitaria o estresse de não ter onde descansar merecidamente). Intensifiquei meus treinos na academia e nas pedaladas, que, na maioria, eram noturnas. Equipei minha bike com o que há de melhor para suportar o peso e a distância. A data prevista para minha partida era dia 9-10-2010. Mas quando coloquei a data no papel, vi que 10-10-2010 ficaria muito mais legal, então pedi para uma amiga, que é numeróloga, verificar se seria um bom dia. Então ela veio cheia de números e falando que não teria dia melhor.  Li vários artigos relacionados à grande concentração de energia que o dia 10-10-10 possuiria, e, ao fato curioso: em uma noite, quando dei a partida no carro, o marcador da quilometragem marcava exatamente a data da viagem. Não tive mais duvidas!  Seria uma grande viagem. Assim, optei pelo dia 10/10/10, às 10:10.

 

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ENFIM CHEGOU O GRANDE DIA!
Minha partida foi emocionante, vários amigos e familiares compareceram para me desejar boa sorte. Me  senti feliz por existir e de "ser alguém" para tantas pessoas. Ter o amigo Daniel Kreknicki pedalando comigo até General Carneiro/PR foi muito bom neste início de aventura. Em território nacional a exuberância da natureza é notável assim como a hospitalidade e a higiene de restaurantes, lanchonetes, hotéis e campings da região pelas quais pedalei. Tive a felicidade de conhecer São Miguel das Missões. Claro que para chegar lá surgiram alguns contratempos... um deles foram dois pneus furados e outro uma informação maldosa. Pedi informação a um senhor sobre a distância até São Miguel das Missões e me informou que eram 16 km, os quais só teria uma pequena subida e depois tudo plano.

Grande mentira! Foi pesado do começo ao fim, ainda mais porque eu já estava cansado de pedalar com calor excessivo - no meio do caminho, só para variar, fura mais um pneu, a lua já estava dando o ar da graça, iluminando o céu. Mas, graças a Deus, deu tudo certo, cheguei na cidade e pude descansar. No dia seguinte, fui visitar as ruínas e o sítio arqueológico e me senti muito bem, tudo muito especial, conheci um pouco da história do local e interagi com a energia do mesmo. Maravilhoso, recomendo!

 

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"LEVEMENTE BARRADO"
Ao chegar na aduana argentina fui "levemente barrado" Não aceitaram minha CNH - desta forma fiquei dois dias em Uruguaia-na/RS aguardando a chegada do meu RG, enviado por amigos via Sedex. Se quiser fazer uma pedalada na Argentina não esqueça: leve seu RG, de preferência atualizado! Pedalei na Argentina e no Chile por 18 dias e fui surpreendido por tempestades, ventos fortíssimos e o inconveniente de não poder pedalar nas autopistas, devido à falta de acostamento. É proibido! Sendo assim fui barrado em alguns trechos, tive muita sorte porque, ao chegar perto dos postos de controle da polícia, os policiais ficavam tão interessados na minha história que nem pediam para eu sair. Acredito que eles gostariam de viajar junto! Quando me aproximava dos túneis controlados, logo vinha alguém com um carro para dar uma carona na passagem do mesmo. Tanto na Argentina como no Chile sempre fui bem recepcionado em lugares críticos. Não recomendo pedalar na região, por ser extremamente perigoso!

 

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As paisagens na Argentina são desérticas e sem atrativos naturais. Extensas plantações a perder de vista, muita pedra e praticamente nada de árvores; apenas vegetação rasteira. Para alimentar-se corretamente é totalmente impossível, os restaurantes da Argentina são muito precários, precisam melhorar na higiene e no atendimento aos clientes. Não se encontra alimentação variada. O que mais encontrei foi macarrão banhado em azeite. Já no Chile, os cuidados são outros. Tive que deixar a pouca comida que tinha na aduana chilena, assim, provei e adorei uma sopa de legumes com frango. Sempre encontrei bons restaurantes e ótimos alimentos, frescos e confiáveis.

CANSADO, DEBILITADO E ANSIOSO
Acredito que pela falta de higiene de alguns locais argentinos, acabei contraindo uma intoxicação alimentar que foi seguida de uma infecção na garganta. Pedalei vários dias com febre e dores diversas. Foi quando peguei um ônibus de Villa Mercedes até Mendoza. Chegando lá procurei um hospital - tomei três litros de soro e, com diagnóstico impreciso, me autoautorizei  e saí do hospital à noite.

A entrada no Chile foi tranquila e posso dizer, seguramente, que o trecho entre Mendoza até a cidade de Los Andes-Chile é o mais imponente em beleza. Passando pela localidade de Puente Del Inca, a uns 3 km tem o Parque Provincial do Aconcágua, onde pude matar a saudade da viagem de 1998. O caminho é fantástico, com visões de montanhas com gelo, encostas e paisagens de tirar o fôlego. Ao pedalar por estes caminhos nota-se a organização dos povos de cada país. No Chile pude perceber a ocupação de cada cantinho de terreno à disposição; ocupam bem cada palmo do solo, plantando diversos tipos de cultura.

 

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Meu pedal pelo Chile também teve o inconveniente de não possuir acostamento em vários trechos. Ao chegar na autopista fiquei bem feliz quando vi aquele super-acostamento, mas logo vieram as placas de "proibido andar de bicicleta". Quando me aproximava de praças de pedágio eu "tentava passar despercebido", o que era quase impossível com a situação da bike. Nas duas últimas, não teve jeito: fui convidado a sair. Na quarta vez que fui parado o agente da concessionária pediu novamente para eu sair. Como já tinha pedalado 140 km e faltavam uns 20 km, expliquei tudo e ele acabou oferecendo-me uma carona. Claro que aceitei! Estava extremamente cansado, debilitado e ansioso para chegar a meu objetivo - e pior: tinha uns 20 km que seriam totalmente em aclive.

ESTÁ AÍ: CHEGUEI!
Agradeci muito a Deus por sempre colocar um anjo para me ajudar nos momentos de extremo cansaço, perigos e quando a saúde já não colaborava muito. Ao chegar em Valparaíso (cidade portuária) fui logo ao encontro do Pacífico, coloquei meu pé direito no oceano e finalmente realizei meu objetivo, ou seja, fazer um pedal  de São Bento do Sul/SC até Valparaíso-Chile. Passei um tempo curtindo o meu momento! Em seguida saí em busca de um hotel para passar a noite. Aí veio a surpresa, não tinha um só quarto na cidade! Estava tudo lotado, então corri para a rodoviária e fui até Santiago de ônibus.

 

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Chegando lá, fui até o aeroporto providenciar a minha passagem de volta para o Brasil, o que aconteceria em dois dias. Tudo certo com a passagem, procurei um hotel no aeroporto, em um guichê de hotéis. Quando pedi por um hotel próximo ao aeroporto, a atendente riu e falou que tinha um encontro de turismo do Mercosul. E todos os hotéis estavam lotados em Santiago e região. Pedi para ela me ajudar fazendo ligações em hotéis e, como o meu santo é muito forte, ela encontrou um quarto para um dia.

Falei que poderia ser assim mesmo e que daria um jeito depois. Enfim, ia conseguir descansar depois de um dia cheio de fortes emoções! Esse era um dos meus sonhos e que um dia decidi fazer, mas não sabia como nem quando, até que um dia uma amiga me mostrou umas fotos de uma viagem ao Chile. Aí falei: "Vou pedalar até Valparaíso". Ela riu de mim, lembro como se fosse hoje!  Está aí, amiga: cheguei!  Falo sempre para quem tem um sonho: "Vá atrás, faça tudo que for preciso para realizar, vale todo esforço e empenho quando você vence seus limites!". Mais informações em www.aracnos.com.br.



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