Itapoá - Até esta última terça, Itapoá era uma cidade praiana com economia baseada apenas no turismo. Mas, a partir desta quarta, a inauguração do Porto Itapoá, cinco anos depois de lançada a Pedra Fundamental, marca uma nova fase para a história do município do Norte de Santa Catarina, que agora passa a ser reconhecido também por ter o terminal marítimo mais moderno do País.
O empreendimento, que custou R$ 475 milhões e inaugura com 65 funcionários, deve chegar a 250 trabalhadores diretos durante o primeiro trimestre do ano, quando estão previstas para começar as operações.
— Temos pressa em começar a operar e a nossa expectativa é iniciar até março de 2011. Estamos resolvendo questões burocráticas, como documentação para a Receita Federal e adequação às normas internacionais de segurança —, diz o diretor-superintendente do terminal, Gabriel Ribeiro Vieira.
O porto deve movimentar 120 mil contêineres em seu primeiro ano de operação, o que representa R$ 100 milhões, valor pouco menor que o produto interno bruto (PIB) de Itapoá, que, em 2008, foi de R$ 120,3 milhões.
Um fator que preocupa o início das operações é o atraso nas obras da SC-415, rodovia por onde os caminhões com contêineres vão escoar a movimentação do porto. A obra era esperada para agosto deste ano, foi prometida para outubro, depois dezembro.
Agora, a expectativa é de que ela fique pronta em março, mesmo que o prazo contratual preveja mais atraso, deixando a inauguração da estrada apenas para julho.
A questão energética, que envolve uma nova linha de transmissão para o terminal, parece estar contornada. Até 15 de janeiro, o porto entrega a sua parte da linha de transmissão, enquanto a Celesc sinalizou que vai energizar o local com a estrutura existente até que a nova linha fique pronta.
Enquanto as operações não começam, a administração trabalha para fechar acordos comerciais. Durante os primeiros meses de trabalho, a sócia do terminal, a Hamburg Süd - transportadora alemã -, deve ser responsável pela movimentação do porto na cidade catarinense. A expectativa é de que, em média, até 30 navios por mês atraquem no terminal durante os primeiros 12 meses de operação.
SC-415 É CONSIDERADA UM GARGALO
O atraso na inauguração da SC-415 é um problema mais do que anunciado. Desde o começo deste ano, o desenvolvimento da rodovia de 27,7 km, que está há mais de dois anos e meio em obras, caminha com passos de tartaruga. De acordo com o Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), a demora é culpa das chuvas, que deixaram 47% do prazo inoperável.
— A SC-415 é o nosso principal gargalo. Dependemos da cooperação do tempo. O Deinfra está continuando com a obra e esperamos novidades para o início do ano. Recursos não são problema, pois estão garantidos —, afirma o diretor-superintendente do porto, Gabriel Ribeiro Vieira.
A rodovia está em fase de pavimentação. Cerca de 7% da camada de base está concluída e a camada de asfalto deve começar em breve. Os trabalhos de terraplenagem ainda estão em execução e 60% foi feito.
"SC SERÁ O SEGUNDO MAIOR POLO"
O diretor-superintendente do porto, Gabriel Ribeiro Vieira, diz que o número de atracações ficará entre 20 e 30 navios por mês e que Santa Catarina será o segundo maior polo portuário do Brasil, atrás somente de Santos.
Quantos navios devem atracar por semana? Quais são os principais destinos?
Ainda não temos um calendário de atracações, pois os acordos comerciais não foram fechados. Esperamos que o número de atracações fique entre 20 e 30 navios por mês. Teremos apenas carga de contêineres. Santa Catarina é um grande polo de carga frigorificada, por isso o segmento deve representar entre 40% e 45% da movimentação. Além disso, temos madeira, móveis e setor eletromecânico.
Quantos funcionários o porto tem e qual o planejamento de contratações?
Estamos mapeando o mercado. Recebemos mais de 11 mil currículos e estamos fazendo uma pré-seleção. Hoje, são 65 funcionários, mas seremos 250 quando começarmos a operar. Estamos com as principais posições da administração contratadas. O pessoal da operação deve começar a ser contratado no próximo ano, quando acontece o boom das contratações.
O que podemos esperar para o futuro do porto?
Santa Catarina será o segundo maior polo portuário do Brasil, ficando atrás apenas de Santos, graças ao Porto Itapoá e de outros terminais, como o de Imbituba, que está sendo ampliado, e o de Itajaí, que passou por obras. O Porto Itapoá pode ser considerado o mais moderno do País, pois agrega tecnologia de ponta, com sistemas de controle e operacionais que foram aprimorados ao mesmo tempo em que as tecnologias evoluíram.
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