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Henrique Fendrich

rikerichgmail.com

Henrique Fendrich (Crônica de São Bento)

Jornalista são-bentense residindo em Brasília/DF


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MEU CERCO NA LAPA

Segunda, 20 de dezembro de 2010

A Lapa é uma cidade a 69 km de Curitiba - é uma distância segura. Quem vai visitá-la geralmente passa despercebido. Isso porque os turistas estão para a Lapa assim como os pombos estão para Curitiba: tomando conta de todas as praças da cidade, em grupos cada vez mais numerosos, animados e ousados. Sei que nessa época do ano é inevitável que as pessoas corram para o mar, e não há nada mais justo. Mas é difícil aceitar que alguém, durante toda uma vida, não tire um dia para ir à Lapa.

Nem que seja para ficar chocado: é possível que uma cidade inteira sobreviva por vários anos praticamente sem nenhum sinaleiro. A Lapa é a única cidade do Brasil em que uma rua chamada XV de Novembro tem pouco movimento. Os motoristas andam de vidro aberto, sem cinto de segurança, e cumprimentam os pedestres. As calçadas são estreitas. Geralmente só cabe um lapeano, e geralmente ele encontra outro vindo na direção contrária - eficaz estratégia da prefeitura para promover a boa ação.

Talvez seja assim apenas no Centro Histórico. Dizem que há uma outra Lapa, mais atual, mas acho desnecessária. Pois ali mesmo existe uma igreja, uma praça, uma escola, um mercado, um hospital, uma farmácia e vários hectares de passado e história. Pouca coisa mais é necessária. Por algum motivo, a Lapa não quer esquecer. A porta da igreja informa a data de sua construção: 1784. O movimento tropeiro e a Revolução Federalista ainda estão vivos. E o General Carneiro, esse nunca morreu.

Revolução Federalista
Mesmo antigamente, as pessoas tinham o péssimo hábito de se desentender. Quando os desentendimentos ficam grandes demais, elas chamam de Guerras. Quem provoca, chama de Revolução. A Lapa foi palco de mais um desses episódios, no ano de 1894. E as estátuas, os prédios, os canhões e os monumentos aos heróis estão lá justamente para impedir que essa história seja esquecida.

O doutor Felipe Maria Wolff, esse mesmo que hoje empresta seu nome ao museu de São Bento, esteve lá atuando como médico na época, ao lado dos legalistas. Passou por maus bocados. "Isto não é mais uma guerra! É um extermínio, uma caça às feras. Onde aparece uma cabeça, um peito, onde alguém faz um movimento, onde um homem se deixa ver, em sua direção é feita a pontaria e o tiro". 

Era o doutor Wolff, pessoa muito colérica, que sabia ser desagradável descarregar sua ira contra os inimigos que teve ao longo da vida. Mas no meio da guerra, a sua figura inspira apenas simpatia. Era apenas mais um homem que caminhava sob fogo cruzado e que via granadas voarem sobre sua cabeça e explodirem a poucos metros. Para que a cidade pudesse celebrar seu passado, foi preciso passar por isso.

A Força de São Bento
Quando a agitação não havia chegado à Lapa, os nossos colonos já haviam formado uma força militar, apenas para se defender. Mas não levavam muito jeito. Ao encontrar os federalistas, nosso comandante quis saudá-los e desembainhou sua espada. Digamos que, na filosofia federalista, esse não é o melhor dos gestos. Teve início então um rápido tiroteio, que resultou na morte do colono Luiz Köhler.  E ao contrário da Lapa, São Bento não teve essa história para se orgulhar.

Saudações lapeanas!

 



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