Cléverson Israel Minikovsky (Pensando e Repensado)
Advogado
Filósofo
Jornalista (DRT 3792/SC)
No dia 27 de novembro de 2010, em Paulo Frontin, sul do Estado do Paraná, integrantes da Abraço Nacional, que é o órgão máximo que representa as rádios comunitárias no Brasil, chancelaram a fundação da Abraço paranaense. Santa Catarina esteve em peso no Estado vizinho, uma vez que somos pioneiros nesta área e já temos uma boa bagagem de experiência, além de velhas articulações junto ao Ministério das Comunicações e outras instâncias deliberativas. Embora o percentual de participação no encontro tivesse ficado bem aquém dos 100% entendeu-se que quem não participa delega poder a quem participa. É complicado conseguir grande participação já de arrancada no primeiro eixo de organização. Deste encontro foram selecionados os representantes que irão fazer a diferença no Congresso Nacional das rádios comunitárias a acontecer nos dias 16,17,18 e 19 de dezembro deste ano. Quem muito contribuiu com a garantização do transporte aéreo das várias partes do país para o Planalto Central foi a deputada federal Luiza Erundina. Os dirigentes da Abraço entendem que são fundamentais a articulação e a organização, que é melhor uma organização regular do que nenhuma organização. Que as rádios comunitárias precisam sair da situação lindeira entre legalidade e ilegalidade e ter pleno status de instituição legal e legítima. Quem mudou o conceito de comunicação no país precisa ser reconhecido como agente de transformação e melhoria da integração das comunidades. Precisam-se de mais canais para as rádios comunitárias, precisa-se aumentar a potência. Está na hora de reconhecer que o apoio cultural é legítimo, justo, necessário e imprescindível do ponto de vista lógico e da viabilidade econômica. O encontro nacional será um momento de se organizar nacionalmente, de somar forças, de discutir de igual para igual com o governo. No tempo do regime militar a concessão dos meios de comunicação era por apadrinhamento, hoje é quem tem mais dinheiro para dar o lance. Precisamos mudar estes conceitos. Eu saí animado de Paulo Frontin e acredito que o encontro nacional será um marco na história das rádios comunitárias. Se o governo que está aí ocupa a cúpula da União, foi em grande parte com o suporte das rádios comunitárias que isto aconteceu. As rádios precisam ser reconhecidas e retribuídas. Enquanto um canal de televisão detiver a hegemonia da comunicação no país, viveremos numa meia democracia, teremos uma pseudo-consciência, nossas verdades serão semi-verdades, e uma verdade pela metade é uma mentira inteira. É por isso que se deve democratizar a produção e distribuição da informação, é por isso que as rádios comunitárias são tão importantes no Brasil e no mundo.