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Toni Bernardo da Silva

Quinta, 29 de setembro de 2011

 Toni Bernardo da Silva

Trilogia da vida humana em versos inacabados.

Ordem legal em caminhos desviados.

Naturalidade em continentes irmanados pela dor.

Instante fúnebre com mais de um executor.

 

Brasil de luto em nome da igualdade.

Eternidade além das margens de um papel timbrado.

Respeito em capítulo constitucional elencado.

Negritude vitimada pela covardia.

Amor ao próximo na complexidade da cidadania.

Restos mortais em corpo transladado.

Direitos, deveres e obrigações da União e do Estado.

Ouvintes e leitores de um fato criminal consumado.

 

Diário de uma vida interrompida pela crueldade.

Acervo da liberdade além do verbo humanizar.

 

Silêncio rompido pela indignação popular.

Instante no compasso do verbo mobilizar.

Lei precisa para julgar antes de condenar.

Violência figurada em intolerância e discriminação.

Adeus em lauda poética assinada pelo perdão.

            Cuiabá-MT, 26 de setembro de 2011.

                 Airton Reis é poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com

 

 

x.x.x

 

Feras em fúria

       Mobilizar em verbo transitivo direto. Assassinar em fato concreto. Cuiabá no rastro sangrento da violência desmedida. Cuiabá no itinerário da segurança pública desguarnecida de autêntica vigilância legal. Cuiabá nas noites de uma mesma ocorrência criminal. Estudante universitário de um continente irmão. Estudante universitário pedinte de algum trocado de mesa e mesa. Estudante universitário sem direito a qualquer gentileza. Estudante universitário agredido por um galanteio impróprio. Estudante universitário de um convênio internacional agredido a socos e pontas-pé. Estudante universitário tratado como ralé indesejada em convívio social.

       Estabelecimento comercial para matar a fome da clientela. Estabelecimento comercial para confraternizar em mais de uma rodada da loira gelada e amarela. Estabelecimento comercial no centro de um bairro residencial. Estabelecimento comercial transformado em arena da covardia. Estabelecimento comercial na cantoria fúnebre de um imigrante legalizado. Estabelecimento comercial na fúria de clientes “desacatados”.

       Mas que desacato é esse que contou com a participação de mais de um imobilizador? Mas que desacato é esse que se findou com o assassinato de um assíduo freqüentador? Mais que assassinato é esse com ares de uma senzala discriminatória? Mais que assassinato é esse com requintes de crueldade? Mais que assassinato é esse que se finda em mais de um golpe morteiro e fatal? Mais que assassinato é esse que demonstra a decadência da ordem em nossa Capital?

        Toni Bernardo da Silva deportado em corpo e alma. Toni Bernardo da Silva lembrado além da mesa de um bar. Toni Bernardo da Silva nas arbitrariedades culminadas pelo ato de agredir para matar. Quantos chutes e quantos socos? Quantos brutos e quantos loucos? Quantos prantos e quantos gritos? Quantas noites e quantos dias? Quantas palavras perdidas e quantas cidadanias sem valor? Quantos policiais à paisana e quantos policiais em rondas margeadas pelo pavor?

        Medo, barbaridade e horror. Bairro Boa Esperança banhado em sangue com mais de um executor. Papo que rola além do gabinete de um promotor. Papo que rola além da sala de um professor. Papo que rola sem papa na língua. Papo que rola além de uma universidade federal. Papo que rola entre um intercâmbio internacional. Papo que rola numa cidade transformada em cativeiro sem pelourinho e sem feitor. Papo que rola no convés e no porão de um navio em última travessia. Papo que rola além de um mesmo sentimento de solidariedade em questão. Papo que rola e arrola mais de uma testemunha presente em tamanha execução.

        Quem conheceu Toni Bernardo? Letras que não se apagam no memorial de uma história sem final feliz. Letras que se irmanam por Nação escrita além de uma lição de giz. Por hora, mais do que uma ferida sem cicatriz. Toni Bernardo foi assassinado no alvorecer da Primavera sem bis!

Airton Reis é poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com



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