Com a popularização de ferramentas baseadas em inteligência artificial (IA), como os geradores de texto, pesquisadores e estudantes têm se perguntado se é possível (e ético) usar IA na produção de artigos científicos?
Para Antonella Carvalho de Oliveira, editora-chefe da Atena Editora, a resposta é sim, desde que alguns cuidados essenciais sejam respeitados, a IA pode ajudar em várias etapas da escrita acadêmica, mas não deve substituir o conteúdo original, a análise crítica e a responsabilidade intelectual do autor.
“Ferramentas de IA podem ajudar na organização de ideias, correções gramaticais, sugestões de estrutura e até buscas por referências, mas o pensamento científico, a originalidade, a pesquisa e a análise são insubstituíveis e precisam ser do autor”, destaca.
IA como apoio (não como autor)
Antonella Carvalho de Oliveira destaca que o uso da IA deve ser transparente e ético.
“Se o autor utilizou uma ferramenta de apoio para revisar ou estruturar o texto, isso pode até ser mencionado, o problema é quando a IA é usada para escrever o conteúdo principal do artigo, sem que o autor tenha domínio sobre ele”, alerta.
Em publicações científicas, o rigor é bem maior, qualquer trecho gerado automaticamente sem checagem adequada pode comprometer a confiabilidade do trabalho.
“A IA não garante precisão científica, ela pode gerar informações incorretas ou superficiais, que se não forem revisadas com critério, comprometem a credibilidade do autor e da publicação”, explica.
Normas em evolução
A discussão sobre o uso da IA em artigos científicos ainda está em andamento nas principais instituições acadêmicas, muitas revistas já estão atualizando suas diretrizes para incluir cláusulas sobre o uso ético da tecnologia.
“É um cenário novo, mas que precisa ser debatido com responsabilidade, a IA não vai embora, então precisamos aprender a usá-la com consciência, especialmente na ciência.”
“A base de um artigo científico continua sendo o pensamento crítico, a revisão rigorosa e a contribuição original. A IA pode até ajudar, mas não substitui isso” conclui Antonella Carvalho de Oliveira.