Tema será debatido na 2ª Semana Internacional de Inovação e Competitividade, a partir desta quarta, na FIESC
Florianópolis, 16.8.2011 - Café muito quente e plástico muito fino é a receita certa para que as pessoas usem dois copinhos ao se servirem - e a economia obtida pelo departamento de compras da empresa se transforma em custo adicional. Um móvel novinho, mas danificado no transporte. Uma roupa que perde a cor mesmo que a dona de casa a lave de acordo com as recomendações da etiqueta. Problemas desse gênero, que geram insatisfação entre os clientes e prejuízos para fabricantes e vendedores, são solucionados ou minimizados pelos serviços de metrologia, que identificam se os produtos seguem as normas técnicas, a legislação ou mesmo o que é anunciado.
"A metrologia reforça a relação de confiança entre consumidor e fabricante", afirma Áurea Stela Werncke, gerente técnica do Laboratório de Desenvolvimento e Caraterização de Materiais (LCDM) do SENAI em Criciúma, que presta serviços para a cadeia da construção civil e na área de polímeros. O consumidor não precisa exatamente saber que a empresa realiza os ensaios metrológicos; basta que perceba, no seu cotidiano, que o produto atende as especificações técnicas e as funcionalidades esperadas.
A importância da metrologia para a competitividade industrial será debatida nesta quarta-feira, no 4º Encontro Nacional de Metrologia do SENAI para Inovação e Competitividade da Indústria, evento que abre a 2ª Semana Internacional de Inovação e Competitividade. O encontro tem o objetivo de promover a atualização técnica e tecnológica, o intercâmbio entre instituições atuantes na área e sensibilizar os participantes quanto à importância da metrologia para o desenvolvimento do país. São esperados 400 participantes, entre eles empresários e profissionais do SENAI de todo o Brasil. Na quinta-feira, serão realizados o Encontro dos Laboratoristas do SENAI e o 6º Encontro de Consultores do SENAI/SC.
Maior rede privada de laboratórios metrológicos da América Latina
O SENAI possui a maior rede privada de laboratórios metrológicos da América Latina, com mais de 200 unidades distribuídas em todo o país, sendo 13 em Santa Catarina. O LDCM realiza mais de mil ensaios por mês nas áreas de construção civil (principalmente cerâmica) e polímeros. O laboratório atende cerca de 500 clientes fixos, que incluem indústrias, lojas e consumidores finais. Na área de cerâmica, são analisados aspectos como a facilidade de limpeza, resistência a produtos químicos, planaridade do produto, entre outros. Na área de polímeros, são analisados produtos como tubos e conexões em PVC (resistência , dimensões, adequação das conexões) e outros materiais plásticos, como os copos (resistência à compressão lateral e determinação da massa). Algumas empresas exigem ensaios comprovando condições técnicas mínimas para a qualidade dos copos).
Em Chapecó, o Laboratório de Alimentos identifica a presença de micro-organismos e a composição química dos alimentos, limites de aditivos, teor de gordura e teor de proteínas, entre outros ensaios, totalizando mais de 100 mil análises por ano, para uma carteira de cerca de 400 clientes. O Laboratório também coordena o serviço de proficiência - uma forma de controle da qualidade de outros laboratórios por amostra de resultados. A coordenadora do núcleo de alimentos do SENAI em Chapecó, Joseane Betat, salienta que a exportação de produtos que fogem às normas pode provocar quebras de contratos e devolução de cargas (com o ônus para a empresa exportadora).
Problemas com suprimentos
Perder um contrato ou ser obrigado a trazer de volta uma carga que está em outro continente são prejuízos incalculáveis para qualquer empresa exportadora. No setor de móveis o risco também existe, afirma o gerente técnico do Laboratório Técnico de Madeira e Mobiliário do SENAI em São Bento do Sul, Douglas Greipel. E os problemas podem não ter origem nos processos internos das indústrias, mas em componentes. Ele lembra que há alguns anos o Laboratório que dirige auxiliou uma empresa a sanar um problema que encontrava nos metais (puxadores e dobradiças) que apresentavam elevada corrosão quando expostos à maresia. Depois de três meses, o laboratório obteve os resultados adequados, indicando à indústria os metais adequados. São mais de 150 diferentes tipos de ensaios, incluindo o de produtos embalados, tanto de móveis como de cerâmica, assegurando que os produtos não sofram danificações durante o transporte.
Normas setoriais
Cada setor econômico apresenta especificidades quanto às normas. Enquanto na área de alimentos as regras enfatizam a saúde do consumidor, no setor moveleiro, as exigências realçam aspectos logísticos. Os importadores nos Estados Unidos e Europa, por exemplo, exigem que os móveis embalados sigam as normas do setor de transporte de seus países. Se os produtos não estiverem adequados, o custo operacional inviabiliza o comércio.
Em Brusque, o Laboratório de Fiação e Tecelagem (Lafite) realiza a cada mês 1,7 mil análises químicas e físicas para uma carteira de cerca de 500 clientes. Ele analisa solidez, encolhimento, possíveis defeitos nos tecidos, determinação do tipo de fibra. Os resultados do trabalho do Lafite podem ser observados pelos consumidores nas etiquetas da confecções, que indicam as possibilidades de uso de cloro ou corantes, as formas de lavar a e passar as roupas. A partir das análises feitas no laboratório, as indústrias montam as etiquetas de orientação. Outro laboratório na área têxtil está localizado na cidade de Blumenau.
Além dos prejuízos financeiros com a troca ou devolução de produtos, as empresas correm podem ver sua reputação arranhada e contratos rescindidos. Danos à imagem podem ser causados por problemas nos processos produtivos, em especial quando geram problemas socioambientais. Os laboratórios da área ambiental do SENAI em Blumenau realizam mais de 40 mil ensaios por ano para cerca de 500 empresas. São analisados águas, efluentes e emissões atmosféricas. Os resultados das análises também podem ampliar a produtividade e melhor aproveitamento de recursos. "Às vezes a empresa apresenta problemas de poluição atmosférica por causa de queimas inadequadas em seus fornos", explica o coordenador do núcleo ambiental do SENAI em Blumenau, Rodrigo De Bortoli. Nesses casos, resolvendo o problema ambiental, a empresa ainda economiza.
Outros dois laboratórios, na área de Cerâmica Vermelha, localizados em Tijucas e em Rio do Sul, atendem mais 200 indústrias do setor. Além disso, em Joinville está em implantação o Laboratório de Análise de Materiais e Ensaios, que prestará serviços nas áreas metalmecânica, petróleo e gás, máquinas e equipamentos e automotiva. Dos 13 laboratórios do SENAI de Santa Catarina, nove são acreditados pelo Inmetro, e dois credenciados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Programação:
09h00 - 09h40 - Abertura
09h40 - 10h25 - Metrologia e Inovação para Aumento da Competitividade da Indústria - Inmetro
10h50 - 11h35 - O Uso e a Importância da Microbiologia Preditiva no Estudo da Vida de Prateleira dos Produtos Alimentícios - Pilar Rodriguez de Massaguer
11h35 - 12h30 - Laying the Foundation for Innovation Through me Asurement Science, Services and Industrial Partnerships" (Estabelecer a base para a inovação por meio da ciência da medição, serviços e parcerias industriais) - Barbara Goldstein
14h00 - 15h00 - A Construção Civil e o PBQP-h em Santa Catarina - Tito Alfredo Schmitt
15h00 - 16h00 - "The U.S. System of Standards and Conformity Assessment, Law 11:353 and its Implications and Opportunities for the Brazilian Industry" (O Sistema Americano de Normas e Avaliação da Conformidade, a Lei 11-353 e as suas Implicações e Oportunidades para a Indústria Brasileira) - Lane Hallenbeck
16h30 - 17h30 - Metrologia, Inovação e Competitividade na Embraer.
17h30 - 18h00 - Encerramento