Joinville - Nos últimos nove dias, a Casa da Cultura, o SESC Joinville, a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil e a Cidadela Cultural Antarctica serviram como espaço para 48 turmas de cursos e oficinas oferecidos pelo 29º Festival de Dança de Joinville. Balé clássico para iniciantes, intermediário e avançado, técnicas de ponta, improvisação, dança contemporânea, capoeira, jazz, confecção de figurino, sapateado e produção de musicais foram alguns dos temas dos 26 cursos oferecidos. Das 1611 vagas, apenas 33 não foram preenchidas. O valor de inscrição para as atividades variava de 90 a 320 reais.
A maioria das oficinas iniciou no dia 21 e encerrou dia 27 de julho. As únicas com programação diferenciada foram Contact Improvisation Como Técnica Para A Dança Contemporânea, com Hugo Leonardo, que iniciou dia 26 e encerra hoje (29) e o Circuito Broadway - Teatro Musical, com Jarbas Homen de Mello; Kátia Barros e Ronnie Kneblewski, que iniciou dia 20 e encerrou com a apresentação de três esquetes de teatro musical. Trechos de Rent, de Jonathan Larson; Les Miserables, de Claude-Michel Schönberg e Zorro, de Stephen Clark e Helen Edmundson foram apresentados nesta sexta, às 11h30, na Feira da Sapatilha e intensamente aplaudidos pela plateia. “Fiquei impressionado. Como eles conseguiram fazer algo tão bom em tão pouco tempo?”, era a pergunta de Diego dos Santos, 23, de Bagé (RS).
Sucesso nas duas últimas edições do Festival de Dança de Joinville, o Circuito Broadway desse ano reuniu 60 participantes da área de canto, dança e teatro. A bailarina Mariana Amaral, 21, veio de Campinas, SP, para participar da mostra competitiva na categoria de balé clássico livre e estava ansiosa para integrar o Circuito Broadway. “Foi muito difícil conciliar as rotinas, mas como sempre fui apaixonada por musicais fiz de tudo para participar o máximo possível das atividades”, diz. Para Marina, o mais surpreendente foi aprender noções avançadas de interpretação. “Tinha muita gente do teatro participando e conversávamos muito sobre o assunto. Essa troca foi muito rica pra mim”.
Um dos 32 professores de reconhecido talento artístico e qualidade pedagógica a integrar o corpo docente foi Hugo Leonardo, dançarino com atuação em dança contemporânea, pesquisador, performer e coordenador do Projeto EmComTato. Durante sua oficina ele propôs uma série de vivências e explorações corporais. Os bailarinos fizeram exercícios que se estendiam desde a investigação sutil até a performance acrobática. “Estudamos chaves para abrir o corpo. Às vezes, não se sabe aonde quer chegar, mas o corpo tem informações e ao investigarmos essas informações por meio de exercícios alcançamos uma expansão de sentidos”, explica.
O professor baiano disse ter ficado um pouco apreensivo, pois muitos dos bailarinos do Festival de Dança vêm do balé clássico e estão acostumados com movimentos regrados e repetitivos. “No final, fiquei impressionado com a receptividade dos alunos, todos estavam abertos e disponíveis, mesmo quem não tinha nenhuma noção de improvisação conseguiu internalizar a proposta”. Vanessa Chancon, 18, de Cabo Frio, RJ, estuda jazz e balé desde criança e ficou surpresa com o seu rendimento na oficina. “Gostei muito, sou de outra área, mas me interesso pelo contemporâneo e senti como o curso abriu nossa mente para a dança e para os movimentos livres”, disse.
Outra novidade bastante procurada foi o “Laboratório de Videodança” onde Luciana Ponso e Marcus Moraes conversaram com os alunos sobre a o surgimento da videodança, sobre a dança e representação no cinema e sobre os processos de colaboração entre coreógrafo e diretores. Durante a oficina, os alunos também criaram um vídeo, acompanhando todas as etapas do processo, desde a elaboração do roteiro até a movimentação das câmeras e a edição.