Primeira partida após pancadaria de 2009 tem triunfo do time da casa por 3 a 1, provocação da torcida e bate-boca após cerimônia pela paz
Com o resultado, o Coxa pula para 13 pontos e ocupa a nona colocação. Uma acima do próprio Tricolor, que tem 12. Na próxima rodada, dia 24 (domingo), os cariocas recebem o Palmeiras no estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, às 16h (de Brasília). No mesmo dia, também às 16h, o Coritiba enfrenta o Bahia, em Salvador.
Pouco futebol e muita tensão: melhor para o Coxa
Perfilados no centro do gramado para a execução do hino nacional, os jogadores de Coritiba e Fluminense não apenas recordavam o jogo histórico de 2009. Eles também tinham como objetivo sepultar qualquer clima hostil causado pela briga generalizada após a partida que decretou a queda do Coxa. Tudo muito bonito e dentro do script, mas só até o apito inicial do árbitro Paulo César Oliveira.
Tricolores e coxas-brancas deixavam claro nas arquibancadas que a rivalidade ficou acirrada depois do episódio. E o primeiro tempo foi marcado por divididas fortes, reclamações de ambas as partes e um forte bate-boca entre Emerson e Edinho na descida para o intervalo. Sob gritos de “timinho”, o volante reclamava de uma solada do adversário e foi acalmado pela “turma do deixa disso”. Entre o gesto de paz e a discussão, porém, rolou futebol. Nada capaz de encher os olhos, é verdade, mas suficiente para dar aos paranaenses vantagem de dois gols.
Com Fernando Bob na vaga de Marquinho, poupado por ter proposta para deixar o clube, o Tricolor até começou melhor. O meio-campo povoado fazia com que a bola permanecesse por ali e nos pés cariocas. Faltava, no entanto, criatividade e movimentação dos atacantes Ciro e Rafael Moura. Já o Coxa sempre deixou claro que não fazia questão de ter a redonda por muito tempo nos pés, mas que seria incisivo quando a tivesse. Estratégia que deu certo.
Na base da velocidade, o Coritiba chegava ao ataque em bloco e abusava dos chutes da entrada da área. Em um deles, aos 13, Léo Gago contou com o montinho artilheiro para fazer Diego Cavalieri bater roupa. No rebote, Marcos Aurélio escorou com o joelho por baixo do goleiro: 1 a 0. A desvantagem abateu (e muito) um Flu que estava tão seguro de si. Bom para o Coxa, que aproveitou o apagão e fez o segundo aos 23. Após cobrança de escanteio de Tcheco, Márcio Rosário “dormiu” e deixou a bola passar, sem sequer saltar, para que Pereira emendasse com o pé direito no segundo pau.
Pronto. O que se viu de futebol nos primeiros 45 minutos no Couto Pereira foi isso. De resto, o Flu seguiu trocando passes de um lado para o outro, enquanto a torcida rival protestava a cada marcação da arbitragem. No último lance, Gum ainda assustou em cabeçada que Eltinho cortou em cima da linha. Lance abafado pelo bate-boca entre Emerson e Edinho.
Sono, falhas e fim de um trauma
Ciente da evidente falta de dinamismo e objetividade em sua equipe, Abel Braga promoveu duas mudanças na volta do intervalo: Deco e Matheus Carvalho nas vagas de Diguinho e Ciro. Com isso, a equipe ganharia em velocidade no lado do campo e teria um armador a mais para ajudar Souza, certo? Na teoria, sim. Mas não foi o que aconteceu. O Fluminense até continuou com posse de bola, trocando passes, mas parecia sonolento e pouco assustava. Na verdade, sequer assustava.
O Coxa, por sua vez, continuava ligado na tomada. Firme na marcação, principalmente com o viril Emerson na defesa, e veloz no ataque, parecia saber que tinha o controle da partida e que o terceiro era questão de tempo. Realmente foi. Mais precisamente seis minutos até Maranhão fazer boa jogada pela direita e cruzar rasteiro. A bola até parecia tranquila para a zaga, mas Márcio Rosário novamente cochilou, deixou Bill antecipar e, com um leve desvio, colocar para o fundo das redes no primeiro pau: 3 a 0.
A partir daí, a partida perdeu a graça. Tanto em campo, quanto nas arquibancadas. Entregue, o Fluminense não fazia muito para diminuir. Com a vitória garantida, o Coritiba administrava o placar e esperava contra-ataques. Os torcedores, por sua vez, já se mostravam “vingados” e se manifestaram somente com vaias e xingamentos a Edinho, o tricolor mais exaltado, ao ser substituído por Valencia.
Em meio ao marasmo, Matheus Carvalho ainda diminuiu aos 33, aproveitando grande bobeada da defesa rival após cobrança de escanteio. Nada que impedisse o torcedor coxa-branca de respirar aliviado. Ainda deu tempo de gritar 'olé' e comemor a derrota do rival Atlético-PR para o Vasco. A marca deixada pela participação na Série B em 2010 jamais será apagada, mas o trauma chamado Fluminense ficou para trás.