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“Me sinto humilhado” diz pároco após ter crisma interrompida em Botuverá

Segunda, 30 de novembro de 2020


“Me sinto humilhado” diz pároco após ter crisma interrompida em Botuverá

 
 
 
 

A Paróquia São José, localizada em Botuverá, estava organizando sua tradicional cerimônia de crisma para 78 pré-adolescentes. Nos sábado (28), seria o grande dia, mas a cerimônia, presidida pelo Arcebispo da diocese de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck, foi interrompida pela vigilância sanitária da cidade para a surpresa de todos. Motivo: A reunião não poderia acontecer devido as portarias que proíbem a realização de eventos em Santa Catarina por conta da pandemia da Covid-19 e o crescente número de casos da doença.

De acordo com o pároco, padre Paulo Riffel, tudo causa estranheza: “Nós tínhamos programado o Crisma há um bom tempo juntamente com o arcebispo da nossa diocese. Estava tudo organizado, a vigilância veio inclusive na quinta-feira (26) de manhã, olhou, ajudou a organizar os espaços, depois, de noite, sem me comunicar nada, mandaram uma mensagem por WhatsApp que deveria ser cancelado. Eu pensei: “Mas, não pode”, então na sexta pela manhã eu marquei um encontro com o prefeito, conversamos, analisamos, juntamente com o jurídico e foi então liberada a celebração e nós observamos os 30% do culto religioso da Santa Missa com 1200 lugares, ocupamos então 312 lugares. Então tudo estava correndo da melhor forma possível e na metade da missa veio então a Secretária da Saúde com a vigilância e com o policial para interromper a celebração. Conseguimos levar até o final da crisma, sendo crismados os participantes, como também na hora da comunhão foi nos avisado que iriam entrar com os policiais. Então, o bispo decidiu então fazer a oração final, agradecer e dar a benção”.

O Padre chegou a divulgar um vídeo informando que a Crisma iria acontecer, mas pediu que os participantes não fizessem eventos festivos, o que está proibido pelas portarias do Estado.

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“Uma atentado contra a fé católica”

De acordo com o padre, os pais e padrinhos, além dos crismandos foram impedidos de comungar. “Foi um atentado contra a fé católica, contra os nossos católicos de Botuverá, foi um sacrilégio. Foram impedidos de comungar, fico muito triste, o bispo que é autoridade máxima em nenhum momento foi notificado ou comunicado antes. Pegaram ele de surpresa”.

A cerimônia da Crisma foi realizada no salão da igreja, o que, por interpretação da vigilância, segundo o padre, passou a ser visto como um evento. “Eles não aceitam isso, por favor, eu tenho um sentimento de indignação, de falta de respeito, me senti humilhado, muito triste. Saí chorando. Nossa como pode ter acontecido isso, mas estou firme e forte pela causa de Cristo, pela fé em primeiro lugar”, afirma Padre Paulo.

Presença da Polícia Militar

A Polícia Militar acompanhou os integrantes da vigilância do município e relatou desta forma o acontecimento em Botuverá:

“Os agentes da secretaria de Saúde solicitaram apoio a guarnição para fiscalizar uma celebração da igreja católica que estava em desacordo com as normas sanitárias de combate ao COVID 19. Chegando no local os agentes entraram em contato com o Padre responsável, informando-lhe que por determinação do Ministério Público seria necessária a interrupção da celebração. Sendo acatado pelo celebrante, sendo tolerado mais 10 min para finalizar uma parte da celebração. Alguns participantes saíram e vieram pedir informações sobre o ocorrido, mas todos acataram a determinação”.

O que diz a Secretaria de Saúde?

A reportagem do Olhar do Vale procurou a Secretária de Saúde de Botuverá Márcia Adriana Cansian para saber a versão da Secretaria de Saúde sobre o fato. A Secretária afirma que foi uma situação triste e constrangedora: “É muito triste e constrangedor tudo isso. Fizemos todas as tratativas possíveis. O Pe assinou o recebimento do nosso ultimo pedido, pedimos encarecidamente que não acontecesse, mas infelizmente gerou toda essa situação. Eu estou sempre com a nossa equipe, nos momentos bons e ruins também, e jamais deixaria um único profissional de saúde da nossa equipe se expor sozinho numa situação dessas. Tanto constrangedor para a Igreja, para os pais, como para nós. O diálogo sempre foi a melhor arma. Uma pena que não surtiu efeito. Respeitamos o momento dos crismandos e aguardamos que fosse finalizado. Não houve nenhuma intervenção dentro do salão e o pedido foi feito diretamente ao Pe Paulo. Considero um momento muito triste para todos nós, e que poderia ter sido evitado”, afirmou a Secretária.

A prefeitura e Botuverá se manifestou por uma nota oficial publicada em seu site. Confira o que diz a nota:

Viemos a público esclarecer a situação vivenciada em nosso município no último sábado, referente a Celebração da Crisma no Salão da Igreja São José em Botuverá.

É de conhecimento de todos o cenário de crescimento das últimas semanas em nosso estado, em nossa região e em nosso município em relação ao COVID-19.Na última quarta-feira, foi publicada o resultado da Matriz de Risco Potencial pelo estado de Santa Catarina, onde nossa região aponta como cenário de Risco Gravíssimo, restringindo várias atividades e ações, com um único objetivo, que é de frear a transmissibilidade da doença e salvar vidas. Diante das Portarias SES 821 de 23/10/20 que altera a Portaria SES 710, que suspendeu os Eventos como casamentos, aniversários, jantares, confraternizações, bodas, formaturas, batizados, festas infantis e afins e diante do número crescente de casos e de utilização de leitos de UTI em nossa região, solicitamos a Paróquia São José de Botuverá, ainda na quinta-feira, o adiamento do Evento, que contemplaria a participação de 83 crismandos, padrinhos e pais.

Na sexta-feira pela manhã, em reunião havida com o Prefeito Municipal, Assessor Jurídico da Prefeitura e o Padre, cogitou-se a realização da missa, considerando-se que a realização de missas e cultos em igrejas ou templos de qualquer culto, bem como qualquer reunião presencial de cunho religioso estaria condicionado ao cumprimento das regras dispostas na Portaria SES n. 254 de 20/04/10 e Portaria SES n.736 de 23/09/2020; Porém, não foi este o entendimento do Ministério Público, bem como da Secretaria de Estado de Saúde, por se tratar de “evento”, além do entendimento de impossibilidade de garantia de cumprimento das regras vigentes diante do porte do evento. Infelizmente na sexta feira a tarde, a Secretaria de Saúde recebeu a informação que a cerimônia não seria cancelada. Ainda nesta sexta feira, a secretária de saúde e a vigilância sanitária estiveram presencialmente na paróquia, na certeza do convencimento deste adiamento ou no mínimo da possibilidade de realização em diferentes momentos, o que também não foi aceito. Diante da recusa, no sábado, o pároco foi oficiado da impossibilidade da realização do evento (documento anexo integrante do presente esclarecimento), porém novamente os alertas foram ignorados.

A secretaria de saúde realizou contato no sábado próximo ao meio dia com a Secretaria de Estado da Saúde para orientação e possibilidade de melhor orientação a Mitra Diocesana de Florianópolis para todos os municípios catarinenses, onde recebemos mais uma vez, informação que de nenhuma forma, nos moldes que estava organizado o evento, o mesmo poderia acontecer, solicitando nosso encaminhamento ao Ministério Público, até porque os servidores da Secretaria de Estado da Saúde de plantão não conseguiriam estar a tempo antes do início da Celebração. O que foi feito. O município de Botuverá, têm apenas 02 fiscais de Vigilância Sanitária, o qual apenas 01 realiza as fiscalizações, pois o outro fiscal, por problemas de saúde, não exerce atividades fora de seu horário normal de trabalho. Dessa forma, contamos apenas com o apoio da Policia Militar, e Defesa Civil. Próximo das 19hs, a secretaria de saúde recebeu contato telefônico do Promotor de plantão, Dr Nilton que solicitou a intervenção desta secretaria com o apoio da PM para o encerramento do evento.

Por volta das 19:30h, esteve no local a secretária de saúde, Márcia Adriana Cansian, o Fiscal da Vigilância Sanitária Maicon Everton dos Santos e do único efetivo da PM, que sempre em suas abordagens em ações maiores, solicita como padrão o apoio da guarnição. Ao chegar, foi chamado o Pe Paulo Vanderlei Riffel, Pároco da Matriz, orientando o encerramento da cerimônia, e que em consenso, foi aguardado o término da Unção do Sacramento, que estava sendo finalizado e também a finalização desta Cerimônia, solicitando que então não houvesse a Comunhão.

Reiteramos nosso compromisso com a comunidade católica, salientando que em nenhum momento a Administração Municipal se posicionou contrária a realização do evento e sim com a forma e modalidade em que se pretendia realizar, reafirmando que nos termos da legislação vigente o evento seria possível (capacidade da igreja e parcelamento dos crismandos). Lamentamos o desgaste a todos, reafirmando que poderia ter sido evitado simplesmente com a observância às diretrizes do Estado. Nosso maior compromisso é a vida!!



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