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No Mundo da Lua - Sônia Pillon


Sônia Pillon nasceu em Porto Alegre e desde 1996 reside em Jaraguá do Sul. 

Formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto pela Univille, atuou como repórter, editora, redatora e assessora de imprensa,  no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Por mais de 10 anos trabalhou no jornal A Notícia.   

É autora de “Crônicas de Maria e outras tantas – Um olhar sobre Jaraguá do Sul” e “Encontro com a paz e outros contos budistas”, com participação em antologias de contos, crônicas e poesias.

Publica também no blog soniapillon.blogspot.com e na fanpage "Sônia Pillon Escritora". É Presidente de Honra da Seccional Jaraguá do Sul da Academia de Letras do Brasil de Santa Catarina (ALBSC).

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As garças da lagoa

Sexta, 31 de julho de 2020

 

Por Sônia Pillon

 

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A luz do dia começava a atravessar a persiana do quarto. A pousada à beira-mar era aconchegante e estava com poucos hóspedes naquele inverno, que estava se despedindo. Mas era praia de surfista, sabe como é... Para os aficionados do esporte, todo dia é dia de pegar onda bem cedinho, ainda mais quando tem sol e o vento ajuda.

 

Faltavam poucos minutos para às 8 horas. Aconchegada no edredom, Joana começou a acordar lentamente, em movimentos lânguidos. Tinha dormido tão profundamente na noite anterior, depois de uma semana agitada, que uma agradável sensação de bem-estar a invadiu. Se sentou na cama, cruzou as pernas e fechou os olhos, como se quisesse meditar. Aguçou os ouvidos para desfrutar do canto dos pássaros. Seus lábios se moveram involuntariamente e formaram um leve sorriso. Estava sozinha, mas se sentia completa naquele momento. Soltou um suspiro de satisfação.

 

Ao abrir os olhos novamente, depois de um breve momento de abstração, Joana finalmente se levanta. Constata que o ar do mar abriu seu apetite e se arruma rapidamente para tomar o café da manhã. O refeitório da pousada estava vazio e apenas uma solícita funcionária a atendeu. Pela janela, viu que a estreita rua estava vazia. Ficou imaginando o agito que seria aquele lugar no verão, contrastando com o silêncio daquela manhã de domingo...

Ao descer as escadas do refeitório, decidiu abrir os portões para alcançar  a longa ponte de madeira rústica que condizia à lagoa, nos fundos da pousada. Sentiu uma emoção diferente ao ter a certeza de que apenas ela estava ali. Ouvia seus próprios passos avançando pela ponte. A paisagem à sua frente ia se revelando mais e mais. 

 

Ao chegar ao deck, viu que a lagoa estava coberta de vegetação alta, contornando o espaço. E mesmo com o  vento soprando, os raios solares garantiam o calor. Olhou em volta e viu a imensidão da lagoa, os morros, as casas ao longe... Silêncio total. 

Se sentou no banco de madeira e ficou apreciando a paisagem, maravilhada, em êxtase. Sabia que aquele momento era único e não iria se repetir. Queria prolongar ao máximo.

 

- E pensar que estou aqui, vivendo esse momento só meu, pensou. Foi quando duas garças apareceram sobrevoando a lagoa, completando a cena e a tornando perfeita, como um obra de um talentoso pintor...  Mas a aparição foi rápida. Enquanto uma garça parecia indicar o caminho e ia se distanciando, a outra ave aquática, talvez mais cautelosa, ou cansada,  opta por um voo rasante e  aterrissa na lagoa, emitindo o som característico. Bate as asas, se debate. Teria se machucado na vegetação seca? Ou procurava um peixe fugidio? Joana a observa por cerca de um minuto, até que a garça sacode novamente as penas e prepara novo voo. Em ritmo slow motion, vai gradativamente ganhando altura e segue na direção da outra garça, até sumir no horizonte... 

Joana suspira, dessa vez de frustração. O presente virou passado.

 

O sol ficou mais forte e chegou a hora de voltar pelo mesmo caminho que a levou até ali. Joana apressa o passo. Ao chegar ao portão, se vira e olha para trás. Queria registrar na memória, guardar cada detalhe. Foi embora agradecida.

 



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