Os médicos neuropediatras Julio Koneski e Fábio Agertt apresentaram uma palestra sobre “Prevenção das Deficiências” para especialistas da área de Educação e Saúde. O evento aconteceu terça-feira (8), das 7h30 às 12h30, no Centro de Excelência, e foi organizado pela Prefeitura de Rio Negrinho e a Apae.
Durante a abertura, o prefeito Julio Ronconi ressaltou a importância da troca de informações sobre o tema, e como isso contribui para o tratamento. “Este é um tema bastante delicado, e que precisa sempre da nossa atenção”, frisou o prefeito. Já a secretária de Saúde Maria de Fátima Mendes Afonso complementou quanto trabalho desenvolvido em prol dos portadores dos transtornos do espectro autista.
O TEA (Transtorno do Espectro Autista) é identificado conforme o desenvolvimento da criança, ou seja, é uma demora no desenvolvimento. De acordo com a Epidemiologia, no Brasil existem 600 mil crianças e adolescentes e 1.400.000 adultos e idosos com TEA. Alguns sintomas do transtorno são deficiências persistentes na comunicação e interação. “A pessoa se comunica do jeito dela, mas com dificuldade”, explica Fábio Agertt. “A dificuldade do autista não é falar, é se comunicar”, acrescenta Julio Koneski.
A suspeita desse transtorno começa com a verificação do desenvolvimento da criança, se a criança está se desenvolvendo como se espera. “O atraso do desenvolvimento é um sinal de alerta”, informa Fábio. Uma das prevenções é fazer o diagnóstico precoce. “A suspeita, o diagnóstico e o tratamento estão interligados, acontecem todos ao mesmo tempo”, completa.
O tratamento é multidisciplinar, exigindo uma equipe especializada — um ou mais médicos profissionais (pediatra, neurologista pediatra, psiquiatra), psicologia, terapia ocupacional e fonoaudiologia. “O tratamento começa quando a gente suspeita, no desenvolvimento precoce”, esclarece Agertt.
Segundo o doutor Julio Koneski, o Transtorno de Espectro Autista é um diagnóstico que tem estar na cabeça sempre. “Temos que suspeitar sempre. Conhecendo a gente consegue trabalhar, consegue entender melhor”, diz Koneski. O Transtorno do Espectro Autista é um problema de socialização e não tem cura, mas tem tratamento.
Do total de pessoas com TEA, 30% têm TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) e 15% de pessoas com TDAH, têm TEA. Algumas das semelhanças entre os dois são instabilidade emocional e instabilidade social. “Agressividade não é característica do TDAH. A sociabilidade deles é muito boa, diferente das pessoas com TEA”, detalha Julio. As pessoas com TDAH constroem frases erradas, mas conseguem se desenvolver. “Eles se frustram fácil, mas entendem quando recebem explicação”, conclui.
Pessoas que têm TEA e DI (Deficiência Intelectual) possuem comportamentos indesejados como: dificuldade de lidar com situações novas, agressividade, auto estimulação, baixo desempenho escolar, aumenta o nível de dependência para atividades de vida diária, diminui as chances para inserção escolar e no trabalho, pior funcionamento adaptativo e sintomas mais graves do autismo. Mas as habilidades intelectuais e a adaptação social podem mudar com o tempo, podem melhorar com treinamento e reabilitação.
Conforme o art. 54 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) é obrigação do Estado garantir atendimento educacional especializado às pessoas com deficiência preferencialmente na rede regular de ensino, já que toda criança e adolescente tem direito à educação para garantir seu pleno desenvolvimento como pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho.
A nova Lei 13.861/2019, aprovada em 18 de Julho de 2019, determina “a inclusão das especificidades inerentes ao transtorno do espectro autista” nos censos demográficos.