No último dia da Semana Nacional de Trânsito, números sobre acidentes e mortes levam à reflexão
A frase do título é de um profissional de saúde responsável pela área de planejamento da Secretaria de Saúde de Jaraguá do Sul, Luís Fernando Medeiros. Mas o que o planejamento da Secretaria de Saúde tem a ver as causas de morte no trânsito de Jaraguá do Sul? Tem tudo a ver. Quando uma pessoa se acidenta no trânsito da cidade, o Samu ou os Bombeiros Voluntários, que recebem dinheiro do poder público, são chamados. Dependendo da gravidade, a pessoa é levada ao Hospital São José - que precisa de milhões de reais do poder público para manter sua atividade -, pode ficar internada, precisar de cirurgias e de várias intervenções da saúde pública. “Os milhões de reais que se gasta por ano com acidentes de transporte, considerados causas evitáveis, poderiam ser revertidos, por exemplo, no tratamento do câncer e em imunização contra surtos epidemiológicos”, cita Medeiros. E por que se chegou à conclusão de que a velocidade do veículo está diretamente ligada aos acidentes com morte no trânsito? Através do registro e estudo de cada caso, feito pelo setor de Planejamento da Secretaria de Saúde.
No último dia da Semana Nacional do Trânsito, que se encerra nesta quarta-feira (25), a Prefeitura de Jaraguá do Sul apresenta alguns dados relacionados às mortes por acidentes de transporte na cidade – cujo índice vem caindo significativamente nos últimos anos - e o que a Diretoria de Trânsito e agentes de trânsito como a Polícia Militar estão fazendo com relação ao assunto. De acordo com relatório levantado pela Secretaria de Saúde, em 1997 a taxa de mortalidade por acidente de transporte em Jaraguá do Sul era de 42,4 (número de mortes por acidente de transporte/ população total x 100 mil).Vinte anos depois, em 2017, baixou para 12,9. Ano passado ficou em 7,5. Mas, para Medeiros, nenhuma morte por acidente de trânsito é admissível, porque se trata de uma causa evitável. O principal fator envolvido, em se tratando de acidentes com morte, foi a alta velocidade. “Nesse quesito precisamos conscientizar os motoristas sobre a importância da gestão da velocidade. ‘Com que velocidade eu estou andando nas vias?’ ‘Com essa velocidade eu estou ameaçando a vida de ciclistas, pedestres ou motociclistas, que são as pessoas mais vulneráveis?’ Devemos nos perguntar ao sair de casa”, ressalta Medeiros.
O capitão Antonio Benda da Rocha, do 14º Batalhão de Polícia Militar, aponta a falta de atenção como principal causa das mortes de acidentes de trânsito registrada pela corporação, seguida da alta velocidade e da desobediência à sinalização de trânsito. Para conscientizar os motoristas sobre sua responsabilidade no trânsito, a PM realizou, no ano passado, 120 palestras em escolas e empresas, atingindo cerca de 4,5 mil pessoas. Realizou campanhas de publicidade em parceria com órgãos públicos, como a Prefeitura de Jaraguá do Sul. E neste ano, somente de janeiro a agosto, já realizou 18 mil autuações relacionadas ao trânsito. As campeãs, de acordo com o capitão, são relacionadas a estacionamento irregular no centro da cidade, em segundo o uso do celular, e em terceiro, em pleno século 21, a falta de uso do cinto de segurança. “Precisamos fomentar a reflexão sobre o trânsito cada vez mais. As aulas da autoescola, quando temos 18 anos, não estão nem perto de serem suficientes. Nós continuamos dirigindo por muito mais anos. É preciso ter consciência de que quando dirigimos um automóvel estamos transportando uma massa de metal capaz de causar uma catástrofe”, alerta Benda.
O respeito à sinalização de trânsito também é fundamental para evitar acidentes. Para isso, a Diretoria de Trânsito da Prefeitura de Jaraguá do Sul coloca nas ruas todos os dias dezenas de funcionários, efetivos e terceirizados, para instalação e manutenção da sinalização vertical e horizontal da cidade. “De janeiro a agosto deste ano foram 30 quilômetros de pintura de faixas no município e instalação de 300 placas de regulamentação e advertência. Mais dois mil tachões foram instalados no eixo das vias para redução de velocidade”, relata o diretor de Trânsito Gildo Andrade.
A Organização Mundial de Saúde aponta que são gastos anualmente, nos países em desenvolvimento, de 2 a 3% do PIB com despesas por acidente de transporte. Se contarmos com o PIB de Jaraguá do Sul, de R$ 7 bilhões anuais, o custo é de cerca de R$ 140 milhões por ano. Esse cálculo leva em conta todos os aspectos da despesa, como despesa do poder público, setor privado, seguros, trabalho e os gastos da família.
Confira abaixo os acidentes com morte ocorridos em Jaraguá em 2018
LOCAL DO ACIDENTE |
MORTES |
TIPO DO ACIDENTE |
LOCAL ÓBITO |
SEXO |
IDADE |
RUA EURICO DUWE (RIO DA LUZ) |
3 |
MOTO x POSTE |
HOSPITAL |
MASCULINO |
25 |
CARRO x POSTE |
NO LOCAL |
MASCULINO |
24 |
||
CARRO x ÁRVORE |
NO LOCAL |
MASCULINO |
31 |
||
BR 280 NEREU RAMOS (2)
BR 280 CHICO DE PAULO (1) |
3 |
MOTO x MOTO |
NO LOCAL |
MASCULINO |
31 |
NO LOCAL |
MASCULINO |
31 (CORUPÁ) |
|||
MOTO x CARRO |
NO LOCAL |
FEMININO |
36 |
||
RUA ANTONIO CARLOS FERREIRA – VILA LENZI |
1 |
MOTO x CICLISTA |
NO LOCAL |
MASCULINO |
66 |
RUA CORONEL PROCÓPIO GOMES – PONTE TAVARES SOBRINHO |
1 |
QUEDA CARRO NO RIO |
NO LOCAL |
MASCULINO |
20 |
RUA 25 DE JULHO – VILA NOVA |
1 |
CARRO x POSTE |
HOSPITAL |
MASCULINO |
29 |
R. PREFEITO JOSÉ BAUER – TRÊS RIOS DO SUL |
1 |
CARRO x CARRO |
NO LOCAL |
FEMININO |
81 |
R. J. FRANCISCO DE PAULO - CHICO DE PAULO |
1 |
MOTO x CARRO |
HOSPITAL |
MASCULINO |
51 |
RUA WALDEMAR GUMS – SANTA LUZIA |
1 |
CARRO x POSTE |
NO LOCAL |
MASCULINO |
41 |
R. LEODATO JOSÉ GARCIA – RIBEIRÃO CAVALO |
1 |
BICICLETA x ONÍBUS |
HOSPITAL |
MASCULINO |
82 |
RUA ANGELO SCHIOCHET - CENTRO |
1 |
MOTO X CAMINHÃO |
HOSPITAL |
MASCULINO |
59 |