É esperável que pessoas ignorantes se fragmentem, se percam, desarmando-se frente às adversidades da vida; é esperável que políticos gananciosos se fragmentem em defesa de interesses pessoais, deixando de ser políticos no sentido mais edificante da palavra. Mas intelectuais se fragmentando, formando minúsculos grupos, é mais do que ignorância, é suicídio cultural. É também por isso que, de cada um milhão de intelectuais muito menos de meio por cento se tornam estrelas nacionais. É claro que o talento, as amizades, a publicidade, a persistência, a priorização, a produção, a sorte e a cidade em que moram, tudo isto influi na ascensão ou petrificação do intelectual. Contudo, a coisa que mais pode trazer esperanças concretas de sucesso intelectual é a união, sem invejas, sem arrogância, com tolerância, diálogo, talento e produção. Há uma plausível tentativa de união neste século XXI, com a criação das Academias de letras por todo o país. No entanto, existem ainda muitos que insistem em piorar a carreira intelectual não só dos outros, mas até de si mesmos, quando formam grupinhos tentando desvalorizar quem está brilhando. O resultado é que os Astros continuarão a brilhar, e os candidatos a vagalumes se perdem na fogueira cultural. E são esses próprios candidatos que vão se matar a si mesmos. Mas parece que eu cometi uma falha agora: é que é quase certo que esses não são intelectuais, não são poetas, pensadores, literatos, filósofos, cronistas, etc. Talvez um ou outro seja, mas ao ser contaminado pela mesquinharia, falta de autocrítica, espírito tirânico e vaidade mórbida, acaba autoabortado. O pior é que dão péssimo exemplo aos admiradores da cultura intelectual. E até provocam crises existenciais não só em si, mas também nos fãs iniciantes, que se desapontam, e decepcionados com políticos, com igrejas, com parentes e professores, amigos e amores, são atacados por uma vontade de morrer. Então, quem tiver uma boa genética intelectual, biometafísica espiritual, faça alguma coisa pelo bem da vida, da existência, da saúde ontológica do ser humano. Há um dito popular antigo bem sábio, que diz: "Quem com ferro fere, com ferro será ferido".
Então façam como fizemos nós que estávamos em 6 de novembro na Câmara de Vereadores e no Sabor Caseiro, num belíssimo encontro de civilidade no mais digno sentido da palavra.
Pensem profundamente neste caso.