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Henrique Fendrich

rikerichgmail.com

Henrique Fendrich (Crônica de São Bento)

Jornalista são-bentense residindo em Brasília/DF


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TRANSPORTE

Segunda, 22 de novembro de 2010

TRANSPORTE
Esses dias eu falei aqui sobre cartas. Ora, hoje em dia elas não precisam mais de longas viagens de navios até chegar ao destinatário. Depois que me mudei para Brasília, tive a oportunidade de andar de avião e fiquei impressionado em como as coisas estão mais próximas. Demoro mais indo de Curitiba para São Bento do que de Brasília para Curitiba.

Lembrei-me então dos pobres imigrantes que levavam dois dias para ir e dois para voltar sempre que precisavam ir para Joinville - e isso através de estradas ligeiramente trafegáveis. Antes disso, já haviam passado cerca de dois meses no oceano. E eu, no meu cinismo, tenho a reclamar apenas do espaço entre as poltronas dentro do avião.

Andar de carro
Não tenho carro, mas no meu trabalho costumo andar de táxi. Uma das principais diferenças que notei entre Brasília e Curitiba é a dificuldade que as pessoas sentem em andar a pé. Enquanto que em Curitiba é normal atravessar todo o Centro a pé, em Brasília quase ninguém está disposto a andar mais que duzentos metros. Deve haver uma explicação: quando só há retas, as coisas realmente parecem muito mais longes.

De bicicleta
Por vários anos, meu avô morou na localidade de Campina dos Crispim, em Piên. Nos anos 50, ele ingressou na Banda Treml, que fazia seus ensaios no Centro de São Bento. Para participar, meu avô montava em uma magrela e percorria a longa distância entre as cidades. Nem sempre dava sorte: às vezes chovia e as estradas de barro ficavam impraticáveis.

Quando levava para Piên o seu instrumento, um bombardino, e não conseguia carona para São Bento, era obrigado a amarrá-lo às costas e ir de bicicleta. A viagem durava cerca de duas horas - isso quando não chovia forte no caminho e nem quebrava algum eixo da bicicleta. É mais ou menos esse tempo que hoje eu levo de Brasília a Curitiba.

Dias de Chuva
Nessa época, além das bicicletas, os próprios ônibus não conseguiam seguir adiante quando chovia muito forte. Era comum que os passageiros descessem e empurrassem o veículo nos lugares mais difíceis. Por vezes, a ida de meu avô às apresentações da banda dependia da vinda do ônibus até Campinas. Mas quando havia enchente, o ônibus não aparecia - e meu avô não podia ir e se lamentava em casa.

Era normal que também a banda passasse por alguns apuros durante suas viagens de ônibus. Houve um caso que a chuva, numa serra próxima a Blumenau, havia sido tanta que os músicos tiveram que descer e subir toda ela empurrando e segurando o ônibus. Os buracos que apareciam pelo caminho eram fechados com lenha. A custo de muito esforço e ainda mais orações, eles conseguiram percorrer os cerca de 8 quilômetros da serra.

Transporte coletivo
Não há nada mais democrático do que o transporte coletivo. Nenhum outro lugar concentra tanta gente de todas as cores, credos, classes e times de futebol. As pessoas ficam mais próximas - geralmente, próximas demais. É um dos raros lugares em que as pessoas ainda se permitem praticar alguma boa ação - segurar uma bolsa, ceder um lugar.

E todo o desconforto do transporte coletivo é desculpado ao contemplar alguma moça que cochila. Quando ela se levanta, cedemos espaço para que passe. E ela sorri, salvando o dia.

Saudações! 



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