A Participação de Deus na minha Transformação

Em Filipenses 2,12-13 lemos “de sorte que, meus amados, do modo como sempre obedecestes, não como na minha presença somente, mas muito mais agora na minha ausência, efetuai a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade”. Deus nos ama do jeito que nós somos, mas se recusa a deixar-nos do jeito que nós somos, Ele quer nos transformar. Em I Samuel 15, 22-23 vemos que obedecer é melhor que sacrificar. Em Atos 26,14 está escrito “Duro te é recalcitrar contra o aguilhão”. Essa expressão na época era muito usada na literatura grega e latina. Eram arpões fixados no lado da carroça que espetavam o boi quando ele se movia para o lado quando deveria ir para frente. O importante é que sejamos obedientes na presença ou na ausência de nossos líderes. Mas não há como se ausentar de Deus. Vivemos no Big Brother de Deus. É como se Deus tivesse instalado infinitas câmaras em torno de nós e nada fugisse à sua percepção. De fato, Deus é onisciente e tudo vê. Em Filipenses 2,12 B está escrito “desenvolvei a vossa salvação”. A salvação veio de graça. A Bíblia não diz “trabalhai” vossa salvação, muito embora quem trabalha seja digno do seu salário. Deus se refere àquilo que está escrito em Tiago 2,17 “a fé sem obras é morta”. As várias traduções trazem “efetuai a salvação” ou “ponha em ação a salvação” ou “exercite a salvação”. É-nos dado um presente. Não podemos ficar na inércia. Em Apocalipse 3,5 “Não deixar que nosso nome seja riscado do livro da vida”. Como exercitamos nossa salvação? Através de vários caminhos bem como oração, leitura da Bíblia, estudo da Bíblia e devocional, anunciar a Cristo e discipulado. A salvação não é algo que parte de nossa parte, é Deus quem efetua em nós. A participação de Deus na nossa salvação é direta, é Ele que nos dá o dom da fé, por vezes sabemos o que é certo, mas nos falta o ânimo. Sobre o “realizar” devo dizer que é Ele que cria as oportunidades, é Ele que coloca as pessoas em nossa frente. Nosso trabalho é apenas tomar a decisão e agir. Que nós possamos ter sensibilidade para enxergar as oportunidades de mudanças em nossa vida e agir. Em II Timóteo 2,15 está escrito “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. O filósofo dinamarquês Sören Kierkgaard em sua obra Temor e Tremor compara Abraão com Agamenon em que o primeiro deixa de sacrificar seu filho por intervenção divina e Agamenon sacrifica sua filha por questão moral. A obra retrata o desespero humano diante das incógnitas da existência. O cristianismo responde que os paradoxos são verdades postas de cabeça para baixo para chamar nossa atenção. Kierkgaard fez módico e parcimonioso sucesso em sua época, mas séculos depois fora redescoberto pelos existencialistas que gozavam de grande prestígio na época de pós-guerra, sobretudo após a Segunda Grande Guerra. É Deus quem transforma. A nós compete sermos flexíveis e moldáveis nas mãos do oleiro. Quanto mais pó formos misturados com água mais bonito ficará o vaso. Mas água com pedregulho não dá liga. A transformação é renúncia e aceitação. Deus é o grande transformador, nós somos o receptáculo da obra divina. A transformação sempre passa pela mudança de perspectiva. Mudar é mudar o modo de conceber o mundo, as realidades materiais e celestiais. Na linguagem de Tomás de Aquino, nós temos a existência, mas Deus nos dá a essência, nós somos matéria, mas Deus nos dá a forma. O batismo é a formatação de toda configuração de nosso ser. Mas Deus continua agindo em nós mesmo após o batismo, porque nós não teríamos condições de administrar a bênção e a unção caso elas fossem instiladas em nós de uma só vez a granel.