No Estado, adesão à paralisação é de 90%; em São Bento, de cerca de 60%
São Bento - Um ato realizado em frente à Gerência Regional de Educação de São Bento do Sul reuniu dezenas de professores da Rede Estadual na tarde de ontem, quinta-feira. Eles queimaram simbolicamente seus diplomas em frente ao órgão, fazendo inflamados e emocionados discursos por conta da situação por que passam. Na semana passada, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte/SC) declarou a greve da categoria, ganhando grande adesão em todo o Estado. Também na semana passada, alunos e professores saíram às ruas em distintas ocasiões em São Bento - em uma delas chegando a interditar a rua Jorge Lacerda, da prefeitura. Os manifestantes, principalmente os alunos, aproveitaram para pedir também o passe-livre no transporte urbano.
A principal reivindicação do movimento grevista era o cumprimento do Piso Salarial Nacional, garantido pelo Supremo Tribunal Federal - R$ 1.187,00. O governo estadual até se propôs a cumprir, de certa forma, o pagamento do piso, "mas na prática acaba com o Plano de Carreira" dos professores, conforme definiu um dos manifestantes. Assim, quem tem doutorado, por exemplo, ganharia praticamente o mesmo valor, somados montantes como prêmio e vale-alimentação, do que um professor com formação de magistério que atua nos anos iniciais. O governo já enviou uma Medida Provisória à Assembleia Legislativa (Alesc). Ontem mesmo, porém, o Sinte divulgou nota afirmando que a adesão à greve continua - é de quase 90%, ou - 35,6 mil dos 39 mil professores.
FUNDEB
O professor Leandro Bineck, da executiva estadual do sindicato e coordenador do comando de greve na região, afirmou na Câmara de Vereadores de São Bento, no início da semana, que o presidente da Alesc, Gelson Merísio (DEM), "deixou escapar" em uma reunião que verbas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) têm sido destinadas também à própria Assembleia Legislativa, ao Ministério Público, ao Poder Judiciário e ao Tribunal de Contas do Estado.
DESVALORIZAÇÃO
Leandro destacou no final da tarde de ontem: "A greve não acaba enquanto o governo não apresentar uma nova proposta". Ele destacou, também, que a Medida Provisória do governo "desvaloriza a categoria". Em São Bento do Sul, segundo Leandro, aproximadamente 60% dos professores estão parados. O coordenador do comando de greve na região pede "que os deputados rejeitem a Medida Provisória", que deve entrar em votação na semana que vem. Hoje, sexta-feira, Leandro participará de uma reunião com a executiva estadual do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina.