Flávio, cadê você?

São Bento do Sul tem se transformado num verdadeiro palco para protestos. Ótimo que a população tenha despertado para seu papel de cidadã, que não se cale, que saiba reivindicar, que quebre tabus e preconceitos. Aqui sempre prevaleceu a teoria do avestruz. Enfiar a cabeça debaixo da terra e fazer de conta que nada está acontecendo. Agora tudo que é em excesso, abunda. Não se pode banalizar as mobilizações e qualquer contrariedade virar motivo para fechar ruas e fazer carreatas. Esta talvez esteja sendo uma nova cara da cidade, que não aceita mais pacificamente regras e imposições sem que seja consultada. É válido, mas o melhor protesto ainda continua sendo através do voto. Pena que aí prevaleçam os interesses e os favores pessoais.

De tudo se tira uma lição – e destes episódios recentes de mobilizações, talvez a mais proveitosa de todas. Existem políticos e politiqueiros, os interessados nos problemas da população e os interessados em capitalizar simpatia e votos. É pensando nisto que os cidadãos não podem se submeter a serem utilizados como objeto de manobra. Servir de palanque para interesseiros. Ouvimos críticas ao professor Josias Terres, que também é vereador pelo DEM, por estar na passeata junto com os alunos na manhã de quarta-feira. Legítimo! Primeiro que sua verdadeira profissão é ser professor. Não soubemos de outros vereadores envolvidos. Também não soubemos da presença do ex-vice-prefeito Flávio Schuhmacher, aquele que se diz “representante do governador na região”, ir a Florianópolis pedir pelo cumprimento da lei em favor dos professores. Para reclamar contra a retirada de películas ele foi!!!

É triste e lamentável vermos que as pessoas que teriam que assumir posturas de cobrança só o façam quando isto não contraria interesses maiores. A greve dos professores desta vez é legítima e legal, pois trata-se de exigir do governo o cumprimento de determinação do Supremo Tribunal Federal. O “vice”, que não precisa, não largou o salário de quase R$ 6 mil, e juntar-se aos professores pela legalidade do piso salarial contraria os interesses dos caciques. Gostaríamos de ver também o pessoal que se mobilizou em carreatas e correntes de e-mails por causa das películas mostrar sua gratidão aos professores que lhes ensinaram cidadania e pedir pelo resgate de seus salários, pela dignidade da profissão e para retirarmos a educação do lixo.

Povo educado não mata criancinhas indefesas. Vereadores comprometidos também se pronunciam e não temem represálias em enviar ofício pedindo que o governo cumpra a lei. Os eleitos que continuem se omitindo e o povo vai lhes dar um ponta-pé na bunda. O mundo está mudando. São Bento do Sul está mudando e o povo se conscientizando que “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. (Vandré)