Florianópolis - Entidades da sociedade civil e órgãos do poder público realizaram, nesta quinta-feira (12), na Assembleia Legislativa, reunião de organização do Comitê Catarinense do Desarmamento. O comitê assumirá a coordenação e a divulgação no estado da Campanha de Entrega Voluntária de Armas 2011, iniciativa do Ministério da Justiça que objetiva a promoção de uma cultura de paz por meio da redução do número de armas de fogo em circulação no país.
A reunião contou com a participação dos deputados Dirce Heiderscheidt (PMDB), Luciane Carminatti (PT), Maurício Eskudlark (PSDB) e Sargento Amauri Soares (PDT), todos favoráveis à realização da campanha. Também participaram representantes da Polícia Federal, do Tribunal de Justiça, da Secretaria de Segurança Pública, da Polícia Militar, da Guarda Municipal de Florianópolis e de diversas organizações e entidades da sociedade civil. A criação do comitê será oficializada com a vinda do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a Florianópolis, em data ainda não confirmada.
A Campanha de Desarmamento 2011 estimula a entrega voluntária de armas de fogo mediante preservação do anonimato e indenização em dinheiro, de R$ 100 a R$ 300, com prazo até o dia 31 de dezembro deste ano. “A campanha não fere a decisão tomada pela população no referendo do desarmamento, mas busca reduzir o número de armas em circulação”, explicou Marcos Canetta, do Grupo Liberdade. Conforme Jupira Dias, do Instituto Social Nação Brasil, o sucesso dessa campanha dependerá do envolvimento da sociedade civil e da integração com as forças policiais. “Precisamos ampliar os postos de atendimento credenciados para o recolhimento das armas.”
Maurício Eskudlark sugeriu o credenciamento das unidades militares e das delegacias para o recebimento das armas. Luciane Carminatti concordou com a utilização da estrutura de segurança para essa finalidade. Sargento Soares afirmou que, assim como Eskudlark, era contra a realização de uma nova consulta popular sobre o desarmamento, mas é “totalmente favorável à campanha” porque a redução do número de armas em circulação diminui os riscos até mesmo para os policiais. Ele ressaltou a importância da inutilização da arma de fogo no ato de entrega, conforme prevê a Portaria nº 1614, do Ministério da Justiça, para garantir a credibilidade da campanha. A deputada Dirce revelou-se feliz com o estímulo ao recolhimento de armas, o que evidencia que o “Brasil é um país democrático, capaz de debater temas tão complexos como esse”.
A desembargadora Salete Somariva afirmou que o Judiciário se agrega ao movimento de desarmamento e ressaltou que é preciso orientar as pessoas quanto à necessidade da guia de trânsito para transporte da arma até o local de entrega. Já o representante da Superintendência da Polícia Federal, delegado Ildo Rosa, ressaltou o diferencial da iniciativa. “Queremos forjar, a partir da redução da oferta de armas, uma cultura de paz. E o envolvimento da sociedade civil nesse processo faz toda a diferença.” Conforme Rosa, há 110 mil armas de fogo cadastradas pela Polícia Federal em Santa Catarina, mas estima-se que haja outras 550 mil armas sem registro. (Lisandrea Costa)