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Maurélio Machado

maurelio_machadoyahoo.com.br

Escritor e Poeta

Natural de São Bento do Sul,SC, casado com Karim Voigt, pai de 2 filhas: Daniela e Fernanda e 1 filho: Fábio Luis, 1 neta Giovanna e 1 neto Eduardo.

 Membro da Academia Parano-Catarinense de Letras, ocupando a cadeira de nr. 41.

 Membro da Diretoria da Oficina de Poetas - formação de jovens poetas nas escolas públicas.

 Membro da Academia de Letras Infanto-Juvenil para Santa Catarina 

Municipal de São Bento do Sul

 Mérito Literário do Instituto Montes Ribeiro de Curitiba/Pr

 


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A vida continua

Segunda, 16 de maio de 2011

Na madrugada Almerindo sentiu-se mal, dores no peito, falta de ar...

Levaram-no ao médico nas primeiras horas do dia, internação imediata.

A família aguardava apreensiva na sala em frente a UTI.

A notícia chegou a tardezinha: “ Dona Eulália o seu marido acabou de falecer, meus pêsames, comunicou-lhe o médico. “

Choro sentido, quase imperceptível e as lágrimas a rolar pelo rosto amargurado da sofrida esposa.

Os filhos, tristonhos, em vão tentaram consolar.

Tomaram as providências de praxe: serviços funerários, comunicação aos parentes, amigos e solicitaram a presença do padre da pequena localidade.

Como não havia capela mortuária na cidade, o corpo foi velado na casa paroquial, ao lado da igrejinha.

Os amigos compareceram ao velório e não economizaram elogios e críticas ao “de cujus” no fundo do negro caixão.

- É, dizia Pedro o vizinho, ele era uma boa pessoa só que bebia uns  tragos demais...

- Tinha seus valores afirmava Dona Dalila  mas não cuidava nem um pouco da saúde, e além do mais dava pouca atenção à família.

- Cá prá nós, a Eulália até dá seus “pulinhos de cerca “...e não é de pouco tempo.

E assim, ao derredor os comentários se alternavam, nem sempre muito favoráveis e elogiosos à distinta família.

Os sinos da ermida badalaram tristonhos anunciando as 6 horas da tarde.

O sol enfraquecido pelo vento frio e pelas plúmbeas nuvens começava a se recolher preguiçosamente, escurecia...

Na capelinha algumas poucas pessoas permaneciam, a cuia de chimarrão trocava lentamente de mãos e o “zum zum” do diz que diz diminuía.

O sono rondava, formando um vácuo mental nos presentes.

As velas bruxuleantes projetavam sombras estranhas nas paredes de azul celeste já desbotadas e a fumaça esbranquiçada bailava formando caracóis na sala esfumaçada.

Fora o longo uivo de um cão abandonado se ouvia, outros o acompanhavam na bizarra orquestração canina.

Pelas 11 horas da noite alguns sanduíches com salame e queijo foram servidos acompanhados de um café “chucro”.

Aquecedores foram instalados nos quatro cantos do ambiente, a temperatura baixa castigava os presentes.

As portas da capela foram fechadas e poucas foram as pessoas dispostas a varar madrugada afora velando o pobre Almerindo.

Quase imperceptíveis os sinos anunciavam as 12,00 horas.

Um gemido surdo e prolongado foi ouvido,  repetindo-se com mais freqüência e desespero.

- Não é possível, disse Pedro levantando-se, pernas trêmulas, semblante incrédulo, corpo arrepiado, veio lá do caixão.

A viúva emitiu um gritinho histérico, algumas pessoas se retiraram de fininho pelo portal da igrejinha...

- Tirem-me daqui, socorro, tirem-me daqui...urrava Almerindo.

A correria foi generalizada, o “defunto”ficou só...

Mais tarde foi constatado o ocorrido: um caso de morte aparente (*).

 

                                            ***

(*) A denominada  Tríade de Thoinot define, clinicamente, o estado de morte aparente:

1. imobilidade,

2. ausência aparente da respiração e

3. ausência de circulação.

É inconteste que, nesse quadro, a vida continua sem que, contudo, se manifestem sinais externos: os batimentos cardíacos são imperceptíveis, os movimentos respiratórios praticamente não são apreciáveis, ao tempo que inexistem elementos de moticidade  e de sensibilidade cutânea.  (Informação Wikipédia)



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Maria Bonfá


Ótimo A vida continua.. como o ser humano é cruel. nem nessaas horas deixa de falar..e não quero nem imaginar eu "morrer" e acordar num caixão..é de arrepiar..parabens querido.. vc tem uma escrita muito gostosa de ler. prende a atenção.. beijo

Responder      31/05/2011

Lu Genovez


Bah, Maurélio!!!! Por essas e outras que desejo ser cremada (mas não acredito que a minha família faça!rs)Sempre muito bom te ler, meu amigo! Grande beijoo

Responder      29/05/2011

Antonio Cícero da Silva(Águia)


Meu caro Maurélio. Em mais este escrito, você consegue prender a atenção do leitor. E isto é o principal... Muito bom... Abraços...

Responder      28/05/2011

Palmira Maria Gonçalves de Lima


Caríssimo escritor, casos de morte aparente não me são desconhecidas, aqui mesmo na capital houve narrações de vários casos...terríveis... Abraços amigo.

Responder      23/05/2011

Ariadne Cavalcante


Muito triste como todo velório! Mas você é sempre surpeendente, Maurélio! Por essa eu não espera mesmo! Mas que gente insensível, que comentários mais maliciosos numa hora dessas! Aff! Ainda bem qeu ele não ouviu sobre a mulher... Já pensou> rss! Aff! Sabe, lembrei do velório da minha mãe, estava uma noite muito fria também, demais! Parabéns, meu amigo! Adorei! Um beijo e saudades!

Responder      23/05/2011

Nena Medeiros


Você é excelente na descrição do momento, do cenário...Quase me senti nessa capela gelada em plena madrugada, velando o morto vivo.

Responder      22/05/2011

ANNE LIERI


Que grande susto,não Maurelio?Uma excelente cronica,rica em detalhes e final muito inusitado e divertido!Bjs,

Responder      20/05/2011

Tera Sa


Coisas da morte... ou da vida, pronto! (Será que o pobre ouviu os comentários pouco abonatórios...? Xiiiii....) Beijo e parabéns pela descrição irrepreensível...

Responder      20/05/2011

Taciana Valença


Está me saindo um excelente contista, senhor Maurélio. Parabéns!!!! O povo podia ao menos esperar o defunto esfriar antes de começarem as fofocas! Mas você fez aí o retrato dessa humanidade medíocre. parabéns, amigo! Beijos. Taci.

Responder      20/05/2011

Vânia Gomes


Maurélio, que susto!!! Ótima história, amigo!!! Beijos.

Responder      19/05/2011

Maria goreti Rocha


Muito bom, Maurélio! Você colocou bem a situação encontrada nos velórios: conversas, risos, comentários maliciosos, piadas... em meio às lágrimas dos familiares do defundo. Há, também, o lado preocupante da história, a Catalepsia, morte aparente, colocada de um modo, de certa forma divertido. Parabéns pelo texto! Abraços,Maria Goreti

Responder      19/05/2011

Maurélio Machado


Ianê Mello, o famoso ator da TV Globo, Sérgio Cardoso teve um ataque cataléptico e foi ENTERRADO VIVO no dia 18/08/72 (morte aparente),posteriormente noticiado exaustivamente pelos jornais e pelas emissoras de rádio e TV na época. - Não foi o único famoso a sofrer estes ataques. Conforme estatísticas do exército norte-americano levantadas no Vietnã 4 em cada 100 pessoas são enterradas vivas (catalepsia) - citação do médico francês Péron Autret.Abraços

Responder      19/05/2011

iane mello


Amigo, seu conto me emocionou profundamente por diversos motivos. Me levou a refletir que tal fato pode ocorrer a qualquer um de nós, mostrando o quão frágil é a nossa vida, a tal ponto que pode-se julgar como morta uma pessoa que ainda vive. O quão desumanas e desrespeitosas as pessoas podem ser com relação ao seu próximo, quando num momento em que deveria haver respeito por aquele ser que ali jaz, "supostamente", se perdem em fofocas e intrigas. Parabéns pelo maravilhoso texto. Grande beijo. PS: Acabei de recordar o nome do ator com o qual ocorreu a mesma situação. Chamava-se Sergio Cardozo. Você se lembra?

Responder      19/05/2011

luzia santos


Maurélio, amigo, seu conto está ótimo.parabéns!!!beijos

Responder      19/05/2011

tereza vaz


Um belo conto... um susto, uma nova oportunidade...repensar... construir... reconstruir...Apesar de sabermos que a vida é uma passagem, vale a pena em alguns momentos qdo possivel, rever, reescrever novamente a estoria... Parabéns!

Responder      18/05/2011

Cármen Neves


Viajei nesse conto. Mesmo que ele tivesse morrido, " a vida é apenas uma passagem" (!). Parabéns, poeta.

Responder      18/05/2011

Cristina Ribeiro


Ótimo! Um pequeno conto com final surpreendente. Muito atraente a cor, o pano de fundo, o cenário que nos leva... Parabéns, Maurélio!

Responder      18/05/2011

flor Morenna


Adoro seus contos,adorei o final,muito bom! rsrs

Responder      18/05/2011

Marilesa Klatter Braga


Excelente seu conto! Muito divertido e algumas semelhanças com velórios. Parabéns

Responder      18/05/2011

Carmem Andrade


Maurélio, como você fez isso com a viúva? Todas as alternativas apontavam-na como a mais feliz! Bom, muito bom conto. Beijos,a migo

Responder      18/05/2011

Dolce Vita


Olá Maurélio! Que história! E um desfecho surpreendente! Bjs

Responder      18/05/2011

Ana Maria Pupato


Suas crônicas são gostosas de ler, mesmo quando se trata de um assunto tão assustador como esse. Desde criança, tive medo de me acontecer isso e ser enterrada viva. Lembranças de outras vidas? Possível. Adorei!

Responder      18/05/2011

pinheiro pinheiro


ainda bem que o almerindo nao ouviu a conversa hem senao ele tinha levantado antes hehhehehgrande abraco

Responder      18/05/2011

eliana marques


hilário esse caso,mas já tivemos inumeros outros,contam que teve um assim,que qdo o defunto acordou rsrs,o choque fez a esposa dele ter um infarto fulminante,ela ja estava feliz com o alivio da morte dele kkkkk,bjosssssssssssss e obrigado pelo convite

Responder      18/05/2011

Efigênia Coutinho


Maurélio Machado , eu adoro seu bom humor em seus contos, textos, essa é a magia da vida em vida Poeta, meus PARABÉNS, dei boas gargalhadas com o ocorrido no velório,um abraço,Efigênia

Responder      18/05/2011

vania staggemeier


BOM DIA QUERIDO AMIGO... QUE BELO CONTO... Já havia ouvido histórias assim, mas esta nossa vc é demais na criatividade... Tbm sei que existe este tipo de morte aparente... Um lindo dia e aplausos mestre... Meu carinho.. bjinhos Vania

Responder      18/05/2011

xama chama


Bom dia meu amigo M

Responder      18/05/2011

Cleusa Nalu Tascheck Strecker


Adorei!!! Seus contos säo coloridos, pois eu vejo a história em minha mente, como um filme!!!!!!!Chega a dar medo pensar em ser enterrado vivo!!! Aqui na Alemanha, o dia do enterro demora quase uma semana! Eles näo enterram os mortos täo rápido, por causa da possibilidade da pessoa ainda estar viva! A princípio achei estranho, mas por outro lado tem sentido!!! Abracos... a todos os viventes!!!!!!!!!! heheehehe

Responder      18/05/2011

Marisa torres Torres


Parabéns amigo você o máximo sucesso sempre!

Responder      18/05/2011

solange bretas


Que coisa doida...rsrsr A viúva, talvez não tenho gostado muito da ressurreição do seu Almerindo por conta dos seus maus hábitos. Seus contos são sempre muito interessantes! Gostei muito! Um abraço, Sol

Responder      17/05/2011

maria olimpia alves de melo


Muito ísbem escrito, relata direitinho os velórios em nosso país embora o final seja inusitado; certamente eu também sairia correndo. Um abraço MOlimPia

Responder      17/05/2011

Adilson José Rank


Depois dessa eu vou fazer uma exigência, quando chegar a minha hora quero levar junto um pé de cabra, só p/ o caso de precisar sair da urna......Abraço Maurélio...

Responder      17/05/2011

karim voigt machado


OI!!!!!! Muito bom, sorte nao estar la, pois a corrida seria grande. Bjs

Responder      17/05/2011

Alexandre Mário Cechinell


Já ouvi diversos casos verídicos a respeito, deve ser terrível estar ouvindo as pessoas, os lamentos, as orações, saber que poderá ser enterrado vivo e não poder se mover...

Responder      17/05/2011

Jefferson Dieckmann


Mais um autêntico conto do cotidiano com o poder de prender a atenção até o final...! Parabéns, meu amigo! Um abraço!

Responder      17/05/2011

Antonio Serafim Taborda


Pô cara, de fazer neguinho tremer as pernas. Conto de arrepiar. Abraços amigo

Responder      17/05/2011

hull de la fuente


Um excelente conto. Você transita bem demais nesta seara dos contos. Parabéns! Um grande abraço, Hull

Responder      17/05/2011

Sonia R. Carrato


Será que ele ouviu as fofocas? rss Acho que a esposa está correndo até hoje... Muito muito bom, querido amigo! Seus textos sempre trazem todos os ingredientes de uma boa leitura, principalmente o bom humor e o suspense. Parabéns sempre. Bejos!

Responder      17/05/2011

rosie bernardi


belo exemplo de catalepsia.descrito de forma real

Responder      17/05/2011

Marina Alves


Rsrsts... Nem sei se o caso é pra rir ou pra chorar... Só sei que contaste muito bem numa leitura instigante e envolvente. Parabéns! Abraço, Maurélio! Marina Alves.

Responder      17/05/2011

Zappa Imóveis


Os cinos anunciavam 12:00h ainda bem que não eram meia noite !!! Forte abraço .. Zappa ..

Responder      17/05/2011

Maria do Carmo Marques Ramos


Seu conto é excelente! Prende a atenção do leitor. Final... suspense total. Gente correndo assustada! Parabéns poeta!

Responder      17/05/2011

NORMA FACCHINETTI


Gostei muito! Parabéns! Abraços Maurélio.

Responder      17/05/2011

Eliane Blödorn


Maurélio gostei do sanduíche com salame e queijo, chimarrão....rsrsrsrs belo conto, mas ainda bem que a vida continua, que final tragico não? Abraços amigo!

Responder      17/05/2011

Luciane Cortat


Meu querido,Maurélio.Até no velório...Menino,não é que é assim,essa fofocaiada...Quem Estava gostando deve ter ficado decepcionados,kkkkk.Belíssima história,muito bem estruturada.Amei.beijo no teu coração.Ago deixa eu ir "A vida continua".

Responder      17/05/2011

chica tazza


Ufa! Que susto...Eu saia correndo e ninguém mais me via... Muito bem cntado,Maurélio..Legal! abração,chica

Responder      16/05/2011

michele Azenha


Amei o conto é tudo real,as fofocas,piadas,e por fim o morto ter que aguentar pessoas indesejaveis do seu lado sem poder fazer nada,salve nesse caso morto levantou engraçado demaisEstou esperando ansiosa outro conto você é demais amigo.bjssssss

Responder      16/05/2011

ana Luz


Ai, que susto! Já pensou? Gostei do clima de "fofocas" entre as pessoas e o suspense no ar! e a vida tem que continuar..... Beijos, Aninha

Responder      16/05/2011

Fernanda Xerez Recanto das Letras


Afff!!! eu numa situação dessas metia o pé na carreira,como se diz por aqui. A morte pode ser aparente, mas o susto, não. ~°~°~°~°~°~°~ Desejo uma semana na Paz do Senhor!! Beijooo

Responder      16/05/2011

Emmanuel Almeida


Bem escrito, parece ser fácil abosdar este assunto, mas não é! Parabéns Maurélio!

Responder      16/05/2011

Helen De Rose


Meu querido, isto está parecendo conto de sexta-feira 13... Ainda bem que a vida continua, tanto aqui, como lá. Bjo de carinho. Agradeço por compartilhar.

Responder      16/05/2011

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