Escritor e Poeta
Natural de São Bento do Sul,SC, casado com Karim Voigt, pai de 2 filhas: Daniela e Fernanda e 1 filho: Fábio Luis, 1 neta Giovanna e 1 neto Eduardo.
Membro da Academia Parano-Catarinense de Letras, ocupando a cadeira de nr. 41.
Membro da Diretoria da Oficina de Poetas - formação de jovens poetas nas escolas públicas.
Membro da Academia de Letras Infanto-Juvenil para Santa Catarina
Municipal de São Bento do Sul
Mérito Literário do Instituto Montes Ribeiro de Curitiba/Pr
Na madrugada Almerindo sentiu-se mal, dores no peito, falta de ar...
Levaram-no ao médico nas primeiras horas do dia, internação imediata.
A família aguardava apreensiva na sala em frente a UTI.
A notícia chegou a tardezinha: “ Dona Eulália o seu marido acabou de falecer, meus pêsames, comunicou-lhe o médico. “
Choro sentido, quase imperceptível e as lágrimas a rolar pelo rosto amargurado da sofrida esposa.
Os filhos, tristonhos, em vão tentaram consolar.
Tomaram as providências de praxe: serviços funerários, comunicação aos parentes, amigos e solicitaram a presença do padre da pequena localidade.
Como não havia capela mortuária na cidade, o corpo foi velado na casa paroquial, ao lado da igrejinha.
Os amigos compareceram ao velório e não economizaram elogios e críticas ao “de cujus” no fundo do negro caixão.
- É, dizia Pedro o vizinho, ele era uma boa pessoa só que bebia uns tragos demais...
- Tinha seus valores afirmava Dona Dalila mas não cuidava nem um pouco da saúde, e além do mais dava pouca atenção à família.
- Cá prá nós, a Eulália até dá seus “pulinhos de cerca “...e não é de pouco tempo.
E assim, ao derredor os comentários se alternavam, nem sempre muito favoráveis e elogiosos à distinta família.
Os sinos da ermida badalaram tristonhos anunciando as 6 horas da tarde.
O sol enfraquecido pelo vento frio e pelas plúmbeas nuvens começava a se recolher preguiçosamente, escurecia...
Na capelinha algumas poucas pessoas permaneciam, a cuia de chimarrão trocava lentamente de mãos e o “zum zum” do diz que diz diminuía.
O sono rondava, formando um vácuo mental nos presentes.
As velas bruxuleantes projetavam sombras estranhas nas paredes de azul celeste já desbotadas e a fumaça esbranquiçada bailava formando caracóis na sala esfumaçada.
Fora o longo uivo de um cão abandonado se ouvia, outros o acompanhavam na bizarra orquestração canina.
Pelas 11 horas da noite alguns sanduíches com salame e queijo foram servidos acompanhados de um café “chucro”.
Aquecedores foram instalados nos quatro cantos do ambiente, a temperatura baixa castigava os presentes.
As portas da capela foram fechadas e poucas foram as pessoas dispostas a varar madrugada afora velando o pobre Almerindo.
Quase imperceptíveis os sinos anunciavam as 12,00 horas.
Um gemido surdo e prolongado foi ouvido, repetindo-se com mais freqüência e desespero.
- Não é possível, disse Pedro levantando-se, pernas trêmulas, semblante incrédulo, corpo arrepiado, veio lá do caixão.
A viúva emitiu um gritinho histérico, algumas pessoas se retiraram de fininho pelo portal da igrejinha...
- Tirem-me daqui, socorro, tirem-me daqui...urrava Almerindo.
A correria foi generalizada, o “defunto”ficou só...
Mais tarde foi constatado o ocorrido: um caso de morte aparente (*).
***
(*) A denominada Tríade de Thoinot define, clinicamente, o estado de morte aparente:
1. imobilidade,
2. ausência aparente da respiração e
3. ausência de circulação.
É inconteste que, nesse quadro, a vida continua sem que, contudo, se manifestem sinais externos: os batimentos cardíacos são imperceptíveis, os movimentos respiratórios praticamente não são apreciáveis, ao tempo que inexistem elementos de moticidade e de sensibilidade cutânea. (Informação Wikipédia)