Nasci
vivi
cresci
aqui estou
Quantos decênios marcam a minha vida?
os mesmos que marcam a tua ida,
os mesmos que nós dois desvencilhou.
Tuas entranhas me guardaram meses
sem que me visses, feliz, por vezes
pudesses ser no tempo que restou.
Quando retinhas no ventre nascituro
teu primogênito, grande futuro
para ti, para ele construias.
Tanta beleza, tanta pompa e glória
a inspirar-te fértil a memória
sem que soubesses que ali te ias.
Nasci
vivi
cresci
aqui estou
Nasci sem ver-te, não te conheci,
porém, por todo tempo te senti
como que estejamos lado a lado.
Vivi dolente a sentir a chama
do peito que febril chora, reclama
a mãe do pobre filho apaixonado.
Cresci contigo na memória ativa
sei que não vives, porém sempre viva
tu estarás no meu viver diário.
Aqui estou, mamãe! com os amores
que não te dei, mas te ofereço em flores
sobre o teu monumento funerário.
(Publicado no Recantodas Letras em 14/06/2010 sob o código T2318677)
Carlos Celso Uchoa Cavalcante
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