Programação foi desenvolvida em Campo Alegre
Cristiane Nenevê da Silva, diretora do departamento de Turismo de São Bento do Sul, Eliana Brito Garcia e Rodrigo Telles, diretores do Clube de Cicloturismo do Brasil (Foto Elvis Lozeiko/Evolução)
Região - Histórias de vida, emoção e planejamento marcaram o segundo dia do Seminário de Turismo Rural de Campo Alegre. A mesa redonda com a participação de donos de três propriedades rurais teve a mediação da professora Maria Ivonete Peixer. Mônika Merkle, proprietária da Chácara Richardora e presidente da Associação de Turismo Rural Caminhos da Serra, emocionou-se ao lembrar da trajetória de sua família. Ela e o marido investiram em um pomar, porque Mônika é exímia produtora de doces, geleias, caldas e compotas. Com o tempo, a ovinocultura tomou o maior tempo e espaço na propriedade e a área da fruticultura precisou ser diminuída. Abrir a propriedade ao turismo rural foi algo que ocorreu espontaneamente. Primeiro vinham os amigos de Joinville, depois os amigos dos amigos, depois os estudantes e assim a propriedade tornou-se uma atração. Hoje, o casal, em parceria com sócios, está construindo o Armazém Dona Francisca. No local haverá venda dos produtos coloniais e da carne de cordeiro.
Telão com imagens
Enquanto os proprietários contavam suas histórias, um telão mostrava imagens da Chácara Richardora, Pousada Casa Antiga e Rancho das Cabras. Rosemar e Cristina Pauli foram as mais questionadas, pois a Pousada Casa Antiga é pioneira no turismo rural em Campo Alegre. Tudo começou em 2002, depois de muito incentivo de um engenheiro agrônomo, amigo da família. A casa centenária, onde a família morou por longos anos, já havia se transformado em depósito de cereais, mas a vontade de empreender transformou-a em pousada. Para isso, foi preciso recorrer a um financiamento bancário - que levou oito anos para ser pago. No começo, as refeições dos visitantes eram feitas na varanda da casa da família. Depois, um paiol foi transformado em refeitório. Dessa vez, a sorte ajudou. Rosemar ganhou um carro numa rifa e vendeu para ajudar a custear a reforma.
Da cidade ao campo
Cansados da vida na cidade, Ângelo e Neusa Lyra decidiram deixar o Centro de Joinville e ir para o campo. Foi um livro que despertou a atenção de Neusa para a criação de cabras. "Começamos com duas, que davam três litros de leite por dia", disse. Como era difícil vender o leite in natura, Neusa começou a produzir queijo. Já são 21 anos na atividade, dos quais 13 em Campo Alegre. Hoje, criados em confinamento, os bichos logo chamam a atenção por seu pêlo alvo e pela docilidade. O produto dos Lyra é recomendado por pediatras e outros médicos para quem tem intolerância ao leite de vaca.
Espontaneamente
Maria Ivonete destacou que, nos três casos, a atividade turística ocorreu espontaneamente. "No caso do turismo rural é bom que seja assim, porque a família não deixa de lado a rotina do campo, então precisa ver se é possível conciliar o turismo com algo que agregue valor a esse trabalho", explicou. As discussões de quarta-feira também serviram como pontapé inicial para a formulação do novo Plano de Desenvolvimento Turístico de Campo Alegre. O plano existente foi elaborado em 2003, com participação da Univali, e precisa de uma atualização. Segundo a secretária de Turismo, Marília Maciel, haverá uma série de reuniões com os diversos segmentos da sociedade e o Conselho Municipal de Turismo para dar continuidade à coleta de sugestões para elaboração do novo plano. Para Marília, o seminário "foi extremamente produtivo porque gerou a discussão de temas diretamente relacionados ao trade turístico da região".
Provocando o debate
O primeiro dia do Seminário de Turismo de Campo Alegre reuniu pessoas de Joinville, Canoinhas, Jaraguá do Sul, Schroeder, São Bento do Sul e Rio Negrinho, além dos anfitriões campo-alegrenses. O prefeito Vilmar Grosskopf ressaltou a importância de provocar o debate regional sobre o desenvolvimento turístico. A primeira noite de palestras abordou o Cicloturismo.
O gestor do consórcio que gerencia o Circuito do Vale Europeu, Ademir Winkelhaus, falou sobre as dificuldades iniciais encontradas para entrosar as comunidades de nove municípios aos viajantes de bicicleta. "Não é algo fácil; exige colaboração de todos", afirmou. Entre os exemplos de adaptação, Ademir citou a disponibilidade de lugar para guardar e lavar bicicletas nos hotéis e restaurantes, oficinas de bicicletas preparadas e conservação da sinalização. Ainda sem nome definido, o roteiro cicloturístico que integrará os municípios do Consórcio Quiriri deve ser inaugurado até a realização do Festival de Outono de São Bento do Sul - ou seja, ainda no primeiro semestre do ano que vem.
Primeiro semestre de 2011
Pelo menos essa foi a vontade manifestada na terça-feira 9 pela diretora de Turismo de São Bento do Sul, Cristiane Nenevê da Silva, em reunião no gabinete do prefeito Magno Bollmann. Eliana Brito Garcia e Rodrigo Telles, diretores do Clube de Cicloturismo do Brasil, que mais tarde palestrariam em Campo Alegre, participaram do encontro que também teve a participação do secretário de Desenvolvimento Econômico, Uwe Stortz, e do chefe de divisão de Turismo da prefeitura, Joel Machado. Os diretores do clube estão realizando o mapeamento do circuito regional. "Estamos adorando a região", disse Rodrigo.
Eliana informou que na região sudeste do país, sobretudo em São Paulo e Minas Gerais, comenta-se que Santa Catarina tem se destacado quando o assunto é cicloturismo. Também pudera. O Estado já tem o Circuito Vale Europeu e o Circuito Costa Verde & Mar. Agora mais um projeto está em andamento - justamente o que envolverá a região do Consórcio Quiriri. A saída do trajeto, conforme apresentado na reunião, deve ocorrer no Centro de Atendimento ao Turista, na praça Getúlio Vargas, em São Bento, seguindo até Corupá - com a opção de passar pela Rota das Cachoeiras e/ou por Rio Natal.
Integração
O próximo trecho deve corresponder ao trajeto Corupá-Campo Alegre, via "Serrinha do Gatz", chegando ao Calçadão da Cascatinha. Priorizando sempre as estradas do interior, o circuito ainda deve corresponder ao trajeto Campo Alegre-Rio Negrinho (Saltinho, São Miguel, Lageado e Avenquinha) e, finalmente, Rio Negrinho-São Bento do Sul (São Pedro, Rio Casa da Pedra, aeroporto, Rio Antinha, Estrada dos Lagos, Lençol e Estrada Rio Negro). No total, previstos mais de 250 km. "É um trajeto um pouco mais difícil do que o Vale Europeu", comentou Rodrigo. "Se tem uma coisa que vai integrar muito o Consórcio Quiriri é o cicloturismo", destacou o prefeito Magno.
O Clube de Cicloturismo do Brasil vai completar 10 anos de atividades em 2011, trabalhando "com o intuito de divulgar a atividade no Brasil", nas palavras do diretor. Eliana lembrou que o mais conhecido roteiro cicloturístico do mundo é o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. Ela frisou alguns pontos de importância em um roteiro, como segurança, condições das estradas, relevo, hospedagem e alimentação, entre outros. O circuito já foi percorrido de carro pelos representantes do clube e por integrantes do governo. Mas, claro, o mesmo também será percorrido de bicicleta - para verificação de maiores detalhes.
Planilha
A planilha do circuito terá dados como classificação física (tipo do percurso), classificação técnica (moderado, difícil, etc) - e empreendimentos turísticos, entre outros, além de espaço para carimbo a ser colhido nos pontos identificados. Nas estradas do circuito também haverá sinalização específica. Uma logomarca para o projeto está em discussão. O diretor do Clube de Cicloturismo do Brasil destacou que a entidade tem 1,5 mil ciclistas cadastrados. Na terça-feira, antes da reunião com o prefeito Magno Bollmann, os integrantes do clube estiveram em Pomerode, um dos integrantes do Circuito Vale Europeu, verificando a possibilidade de interligá-lo com o futuro circuito dos municípios do Consórcio Quiriri.