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Henrique Fendrich

rikerichgmail.com

Henrique Fendrich (Crônica de São Bento)

Jornalista são-bentense residindo em Brasília/DF


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A REPÚBLICA

Sexta, 12 de novembro de 2010

O Marechal Deodoro que nos perdoe, mas hoje não existe mais nenhum sentido na Proclamação da República. E, se existe, é obscuro demais pra chegar até nós. Aquilo que há mais de um século gerava inflamadas discussões e dividia a opinião pública hoje se transformou no feriado mais sem graça de nosso calendário.

Não aquece o comércio, não promove o turismo e não gera manifestações de lembrança ou de protesto. Como se não bastasse, já esgotamos todos os nossos desfiles cívicos em setembro. Diante disso, não é de se espantar que os shoppings centers já estejam anunciando a chegada do Natal e o nascimento do Papai Noel.

XV de Novembro
Um dos legados mais visíveis da Proclamação da República é a quantidade de ruas que se chamam XV de Novembro. Quase toda cidade tem a sua. Em geral, é uma das principais avenidas - a outra, naturalmente, se chama Getúlio Vargas.

República em São Bento
Houve um tempo em que a Proclamação da República era algo importante. Em São Bento, as notícias chegavam com algum atraso. Nem por isso o movimento republicano deixou de comemorar o fim da monarquia - em 17 de novembro. São Bento já se orgulhava de ter eleito a primeira Câmara composta apenas por republicanos do Brasil. Para eles, a monarquia era "superfetação" - algo tão feio que nem sabemos o que significa.

Há dois anos já havia um clube republicano na cidade, composto principalmente de brasileiros. Para os imigrantes, que sempre viveram sob o regime de um Império, a República representava a vinda do anti-Cristo. Nem por isso alguns deixaram de aproveitar as comemorações que se seguiram à Proclamação - regadas a muita cerveja, uma bebida que agradava a todos os sistemas de governo.

Esses festejos foram animados por uma banda que levou o primeiro calote da era republicana. A banda de Wenzel Uhlig, não tendo visto a cor do dinheiro, mandou, já no final de dezembro, uma petição à Câmara Municipal solicitando encarecidamente que fossem pagos. A República não teria sido proclamada tão bem sem eles, afinal. Em um ato de puro republicanismo, ordenou-se que recebessem o pagamento.

A praia
Diante de um feriado como esse, nada mais natural que as pessoas fujam para a praia. Mas não quando se está em Brasília: a praia mais próxima está a mais de mil quilômetros de distância. Por aqui, o litoral é um sonho reservado para ocasiões muito especiais: férias que duram um mês ou uma lua-de-mel. De tão impossível, a praia passa a ser mais amada.

Isadora vem de família mineira e, talvez por isso, fala com encanto da praia. Eu estou aborrecido e resmungo: não gosto da praia. Falo mal dos turistas, da quantidade de gente, do sol e do clima de festa. Uma vez fui à praia e aconteceram coisas desagradáveis, como escorregar numa pedra e me apaixonar pela primeira vez.

A seu favor, Isadora tem o argumento do mar. Mas eu ainda resisto, e então ela me conta sobre uma praia que conheceu nas férias e que a fez se lembrar de mim. Uma praia ainda não descoberta, uma praia deserta, em que poderíamos viver o mar e nos amar tranquilamente até morrer. Então eu penso e desejo essa praia.

E talvez eu até mesmo goste de praia - o que eu não gosto é da multidão sem poesia.

Saudações republicanas!



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