Certa ocasião reproduzi a frase "50% dos juízes se julgam Deus e os outros 50% têm certeza que o são". A mesma foi dita por um magistrado do Rio de Janeiro que veio fazer uma palestra na Univille, quando eu havia retornado ao bancos da academia. Rendeu-me uma sonora chamada de atenção durante uma audiência - talvez por um daqueles que se julgava gerente do céu - durante uma audiência no Fórum Trabalhista de São Bento do Sul. Por que conto isto só agora? Porque nesta semana tive mais uma comprovação que a afirmativa não é correta e talvez faça apenas parte do folclore brasileiro.
A confirmação desta minha crença foi dada por mais um daqueles magistrados que conheci que estão despidos da toga, da vaidade e da arrogância - e que ajudam a desmistificar este endeusamento. Assim como Dr. Davidson Jahn Mello - meu professor, Dr. Augusto Cesar Allet Aguiar, Dr. Nelson Maia Peixoto, Dra. Teresinha Mendonça de Oliveira e outros que por aqui passaram, a figura do juiz moderno, humano, respeitado e respeitador, e aplicador da lei sem perder a postura de cavalheiro está personalizada no Dr. Romano Enzweiller.
É a autoridade que, por maior o rigor da pena que aplique, o réu sente-se ainda na obrigação de lhe pedir desculpas. Em uma audiência agradece pela presença das partes e testemunhas e ainda oferece cafezinho, sem perder a magistratura. Mostra que a Justiça, embora vendada, deve dar uma espiadinha. Portanto, não é totalmente cega.