Toda ação gera uma reação, e esta não é boa.
Em princípio ninguém é contra a lei, mas toda lei deve privilegiar às pessoas e seu bem estar. O bom senso deve sempre prevalecer embora muitas vezes o legislador se apegue a letra fria do texto. O episódio envolvendo a ação da Polícia Militar em São Bento do Sul na questão das películas nos veículos está rendendo uma reação negativa da população, principalmente dos proprietários de veículos, criando uma animosidade, comentários desrespeitosos que em nada ajudam no relacionamento. Mais uma vez, acredito que deva prevalecer o bom senso. E bom senso significa a PM analisar que muitas outras leis existem e não são fiscalizadas com o rigor como a que está sendo anunciada. Nunca vi uma mobilização tão grande através das redes sociais com protestos, palavras de ordem e até convocação para uma mobilização popular. Acredito que tanto de um lado como do outro, existem questões bem mais graves e urgentes para serem resolvidas e para estas sim caberia uma mobilização conjunta. Já tentamos e apoiamos as ações da PM e até ouvimos de parte da Secretaria de Segurança que nossos policiais estavam produzindo demais. Sabemos dos esforços das policias e autoridades judiciais para manter os presos na cadeia. Sabemos que cada vez mais os cidadãos honestos e corretos estão se protegendo, se armando e ficando reféns e com medo dentro de casa. Agora mais do que nunca, esta ação repressora contra o uso de películas nos veículos deixa os cidadãos ainda mais frustrados e assustados. O que era uma mera proteção, o impedimento de uma identificação e exposição dos condutores e passageiros, passa a deixá-los na vitrine e a mercê dos malandros que cada vez agem com mais inteligência. Já alertamos inclusive várias vezes que os proprietários de veículos deveriam evitar de deixar nos seus veículos objetos e marcas que os identifiquem e exponham visivelmente, como o caso de adesivos e outros adereços. Agora como justificar tais apelos, quando uma lei burra vem desnudá-los e cada vez mais deixá-los sem proteção. Não conheço nenhuma estatística que justifique tanto rigor no cumprimento de uma Lei. Afinal quantos acidentes tiveram como causa comprovada o uso de película? Sinceramente acho que seria mais proveitoso usar o rigor em blitzes preventivas contra motoristas que dirigem após a ingestão de bebidas alcoólicas. Estas ações se existem não são divulgadas, mas as ocorrências violentas e com mortes fazem parte das nossas estatísticas todo final de semana. Repito o que já escrevi. No Rio de Janeiro onde o carioca é considerado o rei da gozação, a chamada Lei Seca, cujo apelido discordo, é uma das mais respeitadas e que segundo estatísticas já evitou mais de 5 mil mortes. São 35 blitzes por semana e a população aprova. Não estamos pregando o desrespeito à Lei, mas apenas o bom senso. Até os policiais em seus veículos particulares, a maioria possuiu película que impede suas identificações e protege seus familiares e eles que são alvos preferidos dos bandidos. Por que então penalizar a população. Vamos policiais e população ser mais solidários e também nos envolvermos com causas mais nobres. Gostaria sinceramente de ver todos estes revoltados com a retirada das películas envolvidos na campanha pela construção do Presídio em São Bento do Sul. A Polícia fiscalizando motoristas embriagados e os poluidores sonoros com os carros e motos de som. Os consumidores de crack na Praça, escadaria e fundos da Matriz, saídas de colégios e outros pontos onde a droga transita livremente sem disfarces e sem película. Polícia e população, uma ação só sem revanchismos e sem picuinhas.
Pedro Alberto Skiba – redator