Concórdia - A Companhia de Gás de Santa Catarina (SCGás), Sadia e Biogastec do Brasil assinaram, na terça-feira (26), em Concórdia, com a presença do governador Raimundo Colombo, protocolo para o desenvolvimento de projetos de aproveitamento de biogás a partir de dejetos de suínos. "Essa ação vai contribuir com o desenvolvimento sustentável e ambiental. Acredito que estamos no caminho certo. Este é um grande desafio para o Estado e será um impulsionador do desenvolvimento de Santa Catarina", destacou o governador.
A proposta consolidou uma parceria para realização de estudos para avaliar a viabilidade técnica, econômica, financeira e ambiental de projetos de aproveitamento de dejetos de suínos para a produção de biogás nos municípios de Faxinal dos Guedes e Concórdia. De acordo com o presidente da SCGás, Altamir José Paes, a iniciativa pode mudar a realidade da suinocultura. "Santa Catarina tem potencial para produzir diariamente quantidade siginificativa desse gás, já que possui mais de 7,5 milhões de cabeças de suínos. O maior desafio é a organização das granjas, que ainda não são voltadas para reaproveitar os dejetos", informou.
O projeto inicial será desenvolvido na granja modelo da Sadia em Faxinal dos Guedes, onde atualmente estão alojados 26 mil suínos, que produzem um volume diário estimado de 315 m³ de dejetos. Com o sistema em funcionamento, há uma estimativa de produzir anualmente quatro milhões de metros cúbicos de biogás, além de 110 toneladas/ano de biofertilizante, (fertilizante de origem orgânica, 100% natural).
A segunda etapa prevê a implantação de uma usina de biogás centralizada em Concórdia, cuja matéria prima será dejetos recolhidos de granjas integradas da Sadia num raio de 20 quilômetros. A região projetada gera mais de 600 m³ diários de dejetos, e o estudo projeta, também, a utilização de resíduos de abatedouro.
Para o diretor técnico comercial da SCGás, Walter Pizza Junior, o desenvolvimento sustentável do agronegócio para Concórdia e região, pode representar um significativo salto tecnológico, com grandes granjas resolvendo um dos principais problemas, que é o destino adequado dos resíduos da produção dos rebanhos alojados.
Biogás:
O produto é resultante da fermentação anaeróbia de material orgânico. Ele é formado por metano (50-75%), dióxido de carbono (20-45%), água, gás sulfídrico, hidrogênio, nitrogênio e outros componentes. O produto se assemelha ao gás natural e pode ser utilizado para fins energéticos. O poder calorífico do biogás bruto é de aproximadamente 5.500 kcal/m³, podendo variar conforme a origem do material orgânico a ser degradado. Em termos comparativos, apresenta cerca de 60% do conteúdo energético do gás natural. Para a SCGÁS distribuir o biogás, há necessidade de purificá-lo, visando aproximar as características químicas do gás natural.
Benefícios para Santa Catarina - A utilização do biogás traz diversos benefícios para Santa Catarina. No campo dos aspectos sociais, com o tratamento adequado dos dejetos suínos será possível manter e expandir o agronegócio, bem como promover a geração de novos empregos e a fixação do homem ao campo. Essa também é uma nova fonte de renda para os produtores agrícolas: O produtor poderá utilizar o biogás como fonte de energia (térmica ou elétrica) para consumo próprio e, se houver excedente de biogás, dispô-lo em redes de gás natural após tratamento prévio.
O uso também ajuda a redução dos Gases de Efeito Estufa (GEE) e o desenvolvimento de novas fontes de energias renováveis: O processo natural de decomposição dos dejetos suínos produz gás metano (CH4) o qual é liberado para a atmosfera e contribui para o efeito estufa. O armazenamento do biogás reduz as emissões de gases. A produção de biofertilizante é resultante do processo de biodigestão dos dejetos suínos é um adubo de alta qualidade, podendo ser utilizado na própria área do produtor ou, após beneficiamento, ser comercializado em outras áreas.