Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Jesus apresenta o contraste entre o pastor e o ladrão. Mas antes, inicia o discurso sobre a Porta. O pastor entra pela porta, pela entrada normal e por onde pode ser visto e aceito. O ladrão entra pelo lugar errado, assalta, vem para roubar. O texto grego diz: “Amém, amém!”. Este início solene indica uma nova subdivisão do discurso e uma nova etapa do ensinamento. O redil era uma construção na campanha, geralmente construída de pedras, não totalmente fechada, onde as ovelhas eram reunidas para passa a noite. O rebanho, em sentido profético, é Israel e a palavra grega ‘aulê’, traduzida por “redil das ovelhas” indica o pátio do Templo onde se reunia o povo de Deus: “Nós somos o seu povo, rebanho do seu pasto. Entrai por suas portas dando graças, com cantos de louvores em seus átrios”.
A porta era o lugar por onde o rei entrava solenemente no Templo. Entrar pela porta significa assumir o poder por vontade de Deus. Esta devia ser a função dos reis que geralmente eram ungidos pelos profetas. Mas em vez de serem protetores do povo, tornavam-se seus opressores, usurpadores do poder de Deus. Jesus assume para si esta função, e é acolhido pela fé popular “em nome do Senhor”. O pastor cuida das ovelhas e se preocupa com elas. Para reuni-las, o pastor as ovelhas com um grito que elas escutam e reconhecem esta voz e não segue a voz de um estranho. Elas refutam a voz estranha. Jesus usará esta linguagem para aqueles que se recusam a crer. Ele dirá a Pilatos no julgamento: “Quem é da verdade escuta a minha voz”.
No Antigo Testamento, eram chamados “pastores” os dirigentes do povo: Moisés, Josué, Davi. Duramente criticado pelos profetas, os maus ‘pastores’ são chamados de lobos. As promessas dos profetas mantêm viva a esperança de verdadeiros pastores. Esperava-se que Deus reúna Israel e o leva às fontes da vida. Jesus não indica nominalmente quem são estes falsos pastores que viram antes. Seguramente encaixam-se neste grupo os reis de Israel que traíram a Aliança, os falsos messias que já se apresentaram as autoridades judaicas que dirigiam a política e o Templo ou os fariseus e doutores da Lei. Todos os que se preocuparam mais consigo do que com o povo de Deus espoliado de tantas maneiras. Jesus é a porta verdadeira e segura. Entrado pela porta as ovelhas, o povo de Deus, encontrarão “as verdes pastagens para repousar e as águas tranquilas” de que falava o Salmo 23. E serão protegidas e salvas dos ladrões que só vêm para matar e roubar.
Esta é uma das frases mais conhecidas e repetidas de toda a Bíblia. Nosso Deus é o Deus da Vida e quer que seu povo viva. “A glória de Deus é a vida do homem!”. Amar é dar a vida por amor! Jesus apresenta-se como o bom e belo pastor que dispensa o cuidado pelo rebanho das suas ovelhas. Ele é a porta, lugar por onde podemos entrar e encontrar o conforto e a segurança. Mas nós somos e devemos ser pastores do povo. Infelizmente existem tantos maus pastores, os mercenários que se aproveitam da situação religiosa para enriquecer ou usufruir do poder em benefício próprio. Os pobres e excluídos continuam sobrevivendo às duras penas nas periferias das nossas grandes cidades. Os entornos da pequenas e grandes cidades, mais parecem uma ‘coroa de espinhos’. É preciso reconhecer o belo trabalho de tantos pastores, lideranças, pastorais e movimentos das Igrejas que trabalham para que todos tenham vida e vida em abundância!