João Kamradt | joao.kamradt@an.com.br
A um ano e meio das eleições para a Prefeitura de Joinville, começa a ser montado o quebra-cabeça partidário para a definição de candidaturas. Pelo menos 12 nomes surgem como as primeiras peças deste mosaico.
Alguns são políticos que têm mandato ou ocupam cargo público. Outros são empresários ou executivos da iniciativa privada que ou já foram lançados pré-candidatos ou manifestaram interesse em participar da disputa ou são alternativas fortes de seus partidos.
Pré-candidatos assumidos ou ainda nos bastidores, todos têm algo em comum: terão papéis decisivos nas negociações e definições das candidaturas para outubro de 2012. Petistas e tucanos movimentaram as primeiras peças deste jogo.
O prefeito Carlito Merss (PT), por já ter declarado publicamente que vê boas perspectivas para pleitear uma reeleição. E o PDSB, por efetivamente ter sido a primeira sigla a apresentar oficialmente uma pré-candidatura.
Em março, na eleição do novo comando do PSDB de Joinville, Ivandro de Souza levou o cargo e foi anunciado pré-candidato à Prefeitura. O empresário acumula pouca experiência na vida pública — ocupou a Secretaria de Habitação no governo de Marco Tebaldi em 2004. Mas não vê problemas nisso. Ivandro rechaça a hipótese de estar abrindo caminho para outro candidato.
— Sou pré-candidato e não aceito ser vice de ninguém. A população espera um nome com experiência administrativa e tenho esse perfil — garante.
Ex-prefeito e atual secretário estadual da Educação, Marco Tebaldi é visto como uma alternativa para brigar pelo PSDB na eleição de 2012. Mas nega qualquer interesse.
— Não voltarei para a Prefeitura de Joinville. Tenho muito o que fazer na Secretaria Estadual da Educação — garante
O movimento mais recente foi do PMDB, que nesta segunda-feira vai filiar o empresário Udo Döhler. A estratégia dos peemedebistas é mostrar que a Prefeitura sofre administrativamente e precisa de alguém com experiência empresarial.
Foi o que ocorreu em 1982 com o então empresário Wittich Freitag. Levado à sigla pelas mãos do senador Luiz Henrique da Silveira, o futuro presidente da Acij diz que "não pode se omitir da tentativa de resolver os problemas da cidade". Mas não se assume como pré-candidato.
Falando da necessidade de "reajustamento da máquina", o deputado federal Mauro Mariani apoia a filiação de Udo Döhler. A chegada do empresário ao partido não inviabiliza o sonho dele de concorrer novamente a prefeito.
— A entrada dele é benéfica para o partido e isso é o mais importante — diz. Cortejado por PP, PT e PSDB, o reitor da Univille, Paulo Ivo Koehntopp não tem partido, mas já manifestou a intenção de ser prefeito. Hoje diz que não tem planos de se lançar candidato. Pelo menos não em 2012.
— Ambiciono dirigir Joinville. Acredito que a cidade precisa ter alguém daqui no comando. Mas não tentarei no ano que vem. Tenho um comprometimento com a educação e uma universidade e não posso misturar as coisas. Talvez nas próximas eleições — fala.
Quem briga para se manter no jogo
Peças tradicionais do quebra-cabeça político de Joinville também estão se movimentando. O prefeito Carlito Merss (PT) aproveitou o desembarque do PMDB do governo para atrair aliados como o PSL, PSC, PR e PDT.
É claro o interesse de alinhar forças para a disputa do ano que vem. O deputado estadual Kennedy Nunes (PP) também deu seu primeiro passo rumo à candidatura à Prefeitura de Joinville. Ao vencer a disputa interna no PP e garantir a eleição de Carmelina Barjona para o comando da legenda, obteve a garantia de que terá sua oportunidade de concorrer ao cargo em 2012, em sua terceira tentativa.
— Sempre fui pré-candidato. Com a unidade conquistada no partido, teremos uma composição forte para chegar ao segundo turno — fala.
O deputado estadual Darci de Matos (DEM) também vem marcando território: não abre mão de concorrer novamente a prefeito.
— Serei candidato e o DEM não abrirá mão disso. Iremos procurar agora uma nominata forte — diz. Do mesmo modo que PT e PMDB não se criticam e podem se apoiar em eventual segundo turno, há chance de PSDB, DEM e PP seguirem o mesmo caminho.
Envolvido nas últimas três eleições municipais e com a experiência de ter enfrentado a disputa a governador, o engenheiro Rogério Novaes (PV) é outro que se considera pré-candidato e tem entre os desafios melhorar os resultados do PV em Joinville.
O presidente do Deter, Sandro Silva (PPS), e o médico Dr. Xuxo (PR) também falam em disputar a Prefeitura em 2012. O problema é que o discurso não é o mesmo entre os dirigentes das respectivas legendas.
O PPS do ex-vereador, que renunciou ao mandato para assumir o Deter, fala que ainda não tem candidato e deve discutir as alternativas mais adiante. O PR, comandado pelo vice-prefeito Ingo Butzke, está disposto a manter o apoio ao PT.
Na movimentação das peças, há ainda quem não negue o interesse em concorrer, mas não está disposto a brigar para ser candidato em 2012. É o caso do médico e secretário estadual da Saúde Dalmo Claro de Oliveira (PMDB), que enfrentou as urnas pela primeira vez nas eleições de 2010, quando disputou uma vaga na Câmara Federal. Com boa votação em Joinville, se tornou uma alternativa do PMDB.
Sete candidatos na eleição de 2008
A eleição de 2008 à Prefeitura de Joinville reuniu sete candidatos. A tríplice aliança se dividiu. O PMDB lançou candidato próprio e o DEM se uniu ao PSDB. O PP foi de Kennedy Nunes e o PT de Carlito Merss. Darci de Matos (DEM), preparado por Marco Tebaldi (PSDB) desde 2004, teve o maior número de apoios: PSL, PSDC, PSDB, PHS e o PTdoB.
A lista de aliados cresceria se o acordo com o PR e o PSB tivesse sido mantido. Intervenções dos diretórios estaduais acabaram com a negociação. No PMDB, o candidato natural até 2006 era Rodrigo Bornholdt, vice de Marco Tebaldi no segundo governo dele.
Depois de romper com Luiz Henrique da Silveira, o advogado Rodrigo Bornholdt entrou no PDT e se lançou candidato. Sem o nome que vinha preparando, LHS buscou Mauro Mariani (PMDB), que mudou-se de Rio Negrinho. No segundo turno, o PDT e o PPS se aproximaram de Carlito Merss.
O PMDB deveria formalizar apoio ao DEM, mas Tânia Eberhardt, que comandava a legenda na época, liberou os correligionários. A maioria decidiu ficar com o PT. Enquanto isso, a aliança DEM-PSDB foi reforçada pelo PV de Rogério Novaes, que já havia sido candidato a vice-prefeito na chapa com Carlito Merss em 2004.